O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, afirmou hoje em Bruxelas
esperar que as eleições das quais saiu o novo governo legítimo encabeçado por Domingos
Simões Pereira constituam "um momento fundacional para uma nova
Guiné-Bissau".
Numa conferência de imprensa conjunta com o chefe de governo da
Guiné-Bissau, após uma reunião na sede do executivo comunitário, Durão Barroso
advertiu que agora não podem ser poupados esforços para fazer face aos
"enormes desafios" que o país enfrenta.
Garantiu ainda que as novas autoridades podem contar com a comunidade
internacional, apontando os diversos apoios que a União Europeia prestará, mas
sublinhou que nada pode substituir "a vontade e a capacidade dos próprios
guineenses".
José Manuel Durão Barroso referiu que, "após dois anos sem autoridades
legítimas, as eleições legislativas e presidenciais foram um passo muito
importante para o futuro do país", até porque "o processo eleitoral
correu de forma livre, justa e pacífica", e é por isso "com grande
satisfação" que confirma "a decisão de levantar a suspensão da
cooperação com a Guiné-Bissau, que estava em vigor desde 2011 precisamente pelo
não respeito dos princípios do Estado e do direito democrático".
"Estas eleições foram um momento muito importantes e espero que venham
a tornar-se um momento funcional para uma nova Guiné Bissau. Falta contudo
muito caminho para percorrer", disse, apontando que os "desafios
políticos e socioeconómicos da Guiné-Bissau são imensos, e por isso é
necessário mobilizar todos os esforços".
O presidente do executivo comunitário disse que procurou sempre "que a
comunidade internacional não se esquecesse da Guiné-Bissau", tendo mesmo
falado diversas vezes com o seu amigo Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações
Unidas, pois "não é justo que (a Guiné-Bissau) tenha passado por vezes
despercebida, dado que a atenção mediática foi consagrada a assuntos talvez
mais espetaculares".
Contudo, asseverou que o novo governo guineense, que precisa de "apoio
urgente", pois "a situação económica e financeira do país é
débil", pode contar com o apoio da comunidade internacional e,
designadamente da União Europeia, que logo após a tomada de posse das novas
autoridades enviou para o país uma missão especial, com serviços da Comissão e
do Serviço Europeu de Ação Externa, "de modo a definir o apoio a um
programa urgente de recuperação".
Durão deu conta dos apoios que a UE disponibilizará - incluindo, a médio e
longo prazo, um pacote que atingirá os 60 milhões de euros, e, no longo prazo,
o envelope nacional do 11.º FED (Fundo Europeu de Desenvolvimento), no valor de
105,5 milhões de euros, que "começará agora a ser programado tendo em
conta as prioridades definidas pelo novo governo".
O presidente da Comissão sublinhou todavia que "a comunidade
internacional ajuda, mas nada pode substituir a vontade e a capacidade dos
próprios guineenses para criarem condições para que o país garanta a
estabilidade, a paz e a segurança".
"Sabe que a UE vai estar ao seu lado e ao lado da Guiné-Bissau. E
agora mãos à obra. Há muito trabalho para fazer", disse, dirigindo-se ao
primeiro-ministro.
Domingos Simões Pereira, por seu turno, indicou que o principal propósito
foi expressar o "sentimento de gratidão" a Durão Barroso, um
"amigo da Guiné-Bissau", que, mesmo durante o período de suspensão do
programa de cooperação da UE, não se poupou "no sentido de manter a
Guiné-Bissau na agenda" europeia.
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