O túmulo de José de Arimateia recebe os restos mortais de Jesus de Nazaré. A autoridade manda rolar a pedra de protecção e destaca um piquete de vigilância. Os amigos voltam a suas casas e pensam iniciar um novo ciclo de vida. Apenas um grupo de mulheres, de que se destaca Maria Madalena, faz o luto, recordando o tempo da sua companhia. Tudo parecia arrumado. Mas a surpresa surge ao raiar da madrugada do terceiro dia.
Madalena
e algumas das suas companheiras fazem uma visita ao túmulo. E encontram as
coisas desarrumadas. Ficam inquietas e procuram uma explicação. O sobressalto
acalma quando ouvem o anúncio feliz: Não está aqui. Ressuscitou! A notícia
chega aos apóstolos Pedro e João, que vão confirmar o sucedido. E a partir
deles, muitos outros o comprovam, como exemplificam os textos bíblicos. O
Ressuscitado provoca vários encontros e atesta quem é: O Crucificado que o Amor
fez ressuscitar. Agora somos nós as suas testemunhas!
“Uma
leitura inteligente dos Evangelhos, e depois de todo Novo Testamento, conduz à
conclusão de que… Jesus foi ressuscitado por Deus em resposta à vida que viveu,
ao seu modo de viver no amor até ao extremo: poderemos dizer que foi o seu amor
mais forte do que a morte – amor ensinado aos discípulos ao longo da sua vida
(com toda a sua vida!), e depois condensado no novo mandamento: «Amai-vos uns
aos outros, como Eu vos amei» - a causar a decisão do Pai de chamá-lo da morte
à vida plena” Enzo Bianchi.
O
amor vence a morte. Ainda que o ódio gere violências de todo o tipo na vida
terrena, a sua vitória é fugaz, apesar das ruínas que provoca. Há sempre um
amanhã, o da confiança inteligente, o do sentido da vida, o da missão recebida,
que nos abre as portas do futuro. Jesus Cristo é a sua garantia definitiva
selada por Deus na ressurreição. O desejo profundo de viver comporta a
fragilidade de morrer, antecâmara da vida nova, abundante e feliz.
A
Páscoa da ressurreição é a festa por excelência. Faz-nos celebrar as surpresas
de deus em Jesus. Naquela manhã, torna-se visível que a vida vence a morte e o
amor é mais forte do que o ódio. Há provas claras desta verdade que a história
regista, mas sobretudo o “livro de Deus”. Vamos rememorar quatro que foram
testemunhas das aparições do Ressuscitado e nos transmitem uma bela mensagem de
boas Festas Pascais.
As
mulheres, lideradas por Maria Madalena, vão ao túmulo e dão conta de que algo
estranho tinha acontecido. Queriam prestar os últimos cuidados religiosos e
legais aos restos mortais de Jesus. Eram guiadas pela saudade e pela memória do
coração. Estavam presas a um passado com recordações inesquecíveis. Mas, vão
viver uma experiência singular que precede muitas outras de que nos falam os
Evangelhos.
Maria
Madalena “acorda” a aurora. A morte é para ela estímulo de vida. Não se
conforma com tudo findar com a pedra que fecha todas as entradas. E vai,
procura, dialoga, ouve respostas estranhas. “Busca a memória do amor na morte e
encontra-a na vida. Descobre que só na vida se encontra o Ressuscitado”. Que
alegria! Vale a pena pensar nisto.
Tomé
enaltece o valor da dúvida. Questiona as razões da fé e abre caminho à sua
consistência. Apoiada no diálogo e na presença de testemunhas, atinge uma nova
dimensão: da aparência “mergulha” na realidade. E Tomé exclama perante o
Crucificado ressuscitado: “Meu Senhor e meu Deus!”. Que esperança! Vale a pena
persistir a interrogar a dúvida.
Pedro
depara-se com uma segunda oportunidade, após o fracasso da negação no pretório
de Pilatos. É o amor afirmado e reafirmado junto ao lago de Tiberíades que sela
a aliança definitiva e se faz veículo da missão que Jesus ressuscitado lhe
confia. A amarga derrota cede lugar à mais brilhante vitória. Que força contém
o amor! Experimenta!
Os
discípulos de Emaús: da desilusão ao entusiasmo. A crucifixão mata-lhes as
últimas esperanças. Desistem e regressam à sua terra. Pelo caminho, ajudados
por um estranho Peregrino, passam o filme dos factos recentes, escutam
explicações fundadas, sentem o coração a vibrar, fazem uma refeição conjunta e,
não podendo conter-se mais, regressam à cidade, onde os outros estão reunidos e
contam-lhes como o Ressuscitado os acompanhara na viagem. Que descoberta
agradável e que liberdade segura! Ousemos confiar! Boas Festas de Páscoa!
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