Estamos no limiar de mais um ano,
oportunidade que aproveito para desejar prosperidade a todos os Guineenses,
residentes no país e os que residem na diáspora, ainda aos estrangeiros que
escolheram a Guiné-Bissau como terra de residência e de trabalho.
Igualmente, aproveito esta ocasião para
aqui deixar uma palavra de apreço e de solidariedade às mulheres e homens que
integram a força da ECOMIB que, longe das suas famílias, num país que não é o
seu, numa missão de paz, passam connosco mais uma quadra festiva.
Desejo a todos, um Feliz Ano de 2017,
fazendo votos que seja um Ano de paz, saúde, harmonia, tolerância e
prosperidade.
Caros
Compatriotas,
O ano que ora termina foi marcado por
momentos difíceis, pois, vimos mais uma vez o país parado/ estagnado devido às
divergências políticas.
Se é verdade que 2015 não foi um ano de
resultados concretos e tangíveis, o mesmo não se poderá dizer em relação ao ano
2016.
Ainda que reconheçamos que o ano 2016,
conseguimos obter pequenos sinais de mudanças, mas o facto de dois Governos
sucessivos não terem conseguido aprovação do programa e consequentemente o
Orçamento Geral do Estado, não permitiu alcançar os objectivos inicialmente
traçados.
Devemos fazer um balanço da actual
situação política e responsabilizar os actores políticos por esta crise, que
têm feito o país refém. Onde não se aprovaram os programas do governo que é o
instrumento fundamental da Governação.
Devemos aprender com os erros do passado
recente, servindo de lição do que deve ser evitado no futuro, a partir de
amanhã.
Neste amanhã que queremos construir e
reerguer o nosso país.
No passado vários países, fizeram
igualmente percursos difíceis como o nosso, esses países eram frágeis e
deficientes de recursos. E, nós hoje temos condições de superar as dificuldades
atuais, fazendo mais e melhor pelo nosso país.
Ao longo deste ano, também assistimos
com serenidade e elevado sentido de responsabilidade, a forma como os
guineenses têm feito o seu exercício democrático, aqui aproveito para realçar o
papel republicano das nossas Forças de Defesa e Segurança que, distanciando-se
completamente das querelas político-partidárias e restringindo-se ao seu papel
constitucional de subordinação aos poderes civis democraticamente estabelecidos
e de garante da soberania e segurança nacional, dando assim mais um elevado
exemplo de patriotismo.
Aproveito igualmente este momento para
enaltecer o apoio da Comunidade Internacional e de todos os nossos parceiros e,
em particular, o importante contributo da CEDEAO na mediação da crise
político-institucional e reiterar a minha saudação aos meus pares da CEDEAO.
Ainda no decurso do Ano 2016, tive o privilégio
de representar o nosso país em eventos de relevante importância, permitindo-me
destacar: Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, entre outros. Esta
representação ofereceu-nos a oportunidade de manter importantes encontros
bilaterais.
No plano interno, recebemos visitas de
cortesia de Chefes de Estado, com o bem receber característico do povo
guineense.
Mulheres e Homens Guineenses,
O novo Governo é a derradeira esperança
para resgatarmos a confiança do cidadão guineense no homem político responsável
pela coisa pública. Muitas soluções de Governo foram já ensaiadas, quase todas
não deram os resultados almejados por todos nós.
Não podemos perder a esperança nos
nossos políticos, mas também não podemos continuar a dar cheque em branco aos
nossos governantes sem que se dignem resolver os nossos problemas mais
prementes. É chegada a hora de os políticos atenderem às demandas da população.
Sei que a vida dos guineenses não está
fácil nos dias de hoje.
Embora num Estado democrático devemos respeitar
a opinião de todos, porque nada os impede de dizerem o que lhes vai na alma,
fabricar rumores para criar preguiça, medo, pânico, com o objectivo de desviar
a atenção dos guineenses, sobretudo, dos nossos jovens na batalha de criação de
riqueza e de emprego.
Mas, eu Acredito no Amanhã.
Vamos iniciar um ANO NOVO, e com ele
temos de ter a esperança e a coragem para transformar as nossas dificuldades em
oportunidades.
Temos de ser capazes de aumentar a nossa
produção para atingir a auto-suficiência alimentar e gerar mais riqueza.
É minha convicção de que no dia em que o
guineense, adulto, chefe de família, deixar de se preocupar com a comida que
vai colocar na sua mesa, o nosso país será outro. O nosso país será outro
porque esse chefe de família começará a ter outra preocupação. Nesta lógica das
coisas, a produção em quantidade e qualidade daquilo que comemos,
designadamente o arroz torna-se hoje mais de que nunca, num imperativo
nacional.
Temos de combater o desemprego e
promover, sobretudo, o emprego jovem. Um país essencialmente jovem não pode
dar-se ao luxo de desperdiçar toda a energia da juventude, afastando-a da
tarefa da criação de riqueza e do impulso para o desenvolvimento.
Temos que ter a coragem de fazer as
Reformas Administrativas.
Façamos de 2017 o Ano da Reforma na Administração Publica e de Trabalho.
Caras irmãs e irmãos Guineenses,
No acto da tomada de posse do Governo,
tive a oportunidade de partilhar com os actuais membro do Executivo aquilo que
entendo serem as prioridades da governação até ao fim da presente legislatura,
ou seja, darem respostas concretas aos problemas dos guineenses. Para resolver
este problema, o novo Governo deve concentrar-se nas reformas, sobretudo, a
reforma na administração pública e dedicação ao trabalho.
Como sabem a reforma na administração
pública nunca foi fácil. Muitas vezes, focamo-nos demasiadamente em questões
muito teóricas, com o risco de ficarmos presos em grandes conceitos. Tudo isso,
o cidadão comum não encontra utilidade e não sente qualquer benefício no seu
dia-a-dia.
Quando assim acontece, entendo que o
desafio desta equipa governamental consiste em apoiar, facilitar, simplificar e
ser pragmática, se quiser realmente superar a nossa incapacidade colectiva de
resolver os problemas há muito identificados. A título de exemplo:
Em 2008, no quadro do Programa de Apoio
à Reforma da Administração Pública, foi feito um diagnóstico em que se concluiu
que temos uma administração pública «com cerca de 12 mil pessoas, um grande
desfasamento face as receitas previstas no OGE. A despesa pública cresce a um
ritmo assustador, essencialmente devido ao peso da massa salarial que
ultrapassa as receitas fiscais, situação insustentável. Uma administração
pública opaca, de difícil acesso, distante, centralizada, desestruturada, não
qualificada, não credível, ineficaz, não responsável e nem presta contas. E
mais, o próprio Estado também não cumpria com as suas obrigações, o que permitia
aos funcionários públicos invocassem esse não cumprimento para justificarem a
sua inércia».
Em 2011, o então Ministro da Função
Pública, Trabalho e Modernização do Estado também dizia que «O maior
handicap da nossa administração pública é que não se apura responsabilidades,
não se faz avaliação para saber quem trabalha e quem não trabalha, as promoções
são feitas de forma discriminatória ao prazer das amizades, do clientelismo, de
favores políticos… Isso tem que acabar na nossa administração pública. Temos
que seleccionar, temos que abrir espaço só para os mais competentes, mais
capazes de dar a sua contribuição nesta fase do nosso desenvolvimento».
Perante todo este quadro de diagnóstico,
pergunto, o que mudou até hoje na nossa Administração Pública, dia 31 de
Dezembro de 2016?
Praticamente quase nada mudou, só
mudaram os governantes. Por isso, «O grande desafio deste Governo é
implementar as reformas fundamentais para termos um Estado mais eficiente, um
país melhor e uma sociedade mais aberta e transparente. Isso permite a este
Governo ser diferente de tantos outros que já passaram neste país».
As reformas devem ser implementadas doa
a quem doer, a fim de emagrecer a estrutura do nosso
Estado até aos limites da real capacidade financeira do país.
Caros Compatriotas,
A Guiné-Bissau e um Estado
institucionalmente frágil, agravado pela circunstância de estar desprovido de
recursos para financiar a sua construção e o seu desenvolvimento económico.
Apesar de dispormos somente de 18 meses
para o término desta legislatura ainda é tempo bastante para concretizar a
esperança do nosso povo. É importante que este Governo seja capaz de inspirar
confiança ao país e de fazer os guineenses, sobretudo, os jovens, a saírem da
zona de conforto e das respectivas bancadas e acreditarem que não há motivos
para pessimismo e que o futuro esta nas suas próprias mãos.
Quero acreditar que todos saberemos
estar a altura das nossas responsabilidades, desde o Presidente da República, o
Primeiro-Ministro e os restantes membros do Governo.
Espero que os nossos mandatos sejam
exercidos em benefício das gerações futuras, olhando para o nosso amanhã comum
e projectando a nossa acção para lá da luta política e dos interesses de hoje.
Caras irmãs e irmãos Guineenses,
O país não pode continuar a
desaproveitar os seus quadros jovens que todos os anos são diplomados, formados
em escolas e faculdades guineenses e no estrangeiro devido ao facto da reforma
na Função Pública ainda não ter avançado.
No futuro a nossa Administração Pública
tem que se regenerar, isso passa necessariamente pela absorção dos nossos
quadros, porque são jovens com competências e valências que o mundo globalizado
hoje demanda.
Desafio o novo Governo a espelhar as
reformas necessárias no seu programa do Governo e nos próximos Orçamentos Geral
do Estado.
Um Estado com dificuldades como o nosso
não pode persistir no erro crasso de continuar a gastar sempre e de forma
abusiva. A viver sempre acima das suas possibilidades.
O combate à corrupção é um trabalho de
todos os cidadãos, em particular, das forças de segurança nacional. Um aviso,
cuidado que a máquina de combate a corrupção desta vez esta montada e quem
arriscar sofrerá consequências.
O nosso país encontra-se num momento de
viragem política e económica, para acompanhar a competitividade das outras
economias. Isso exige uma Administração Pública célere, transparente e eficaz,
servida por agentes competentes e motivados.
É importante que ao longo do novo ano
possamos implementar as várias reformas administrativas, que serão transversais
aos vários sectores da nossa sociedade.
Temos que adoptar uma vez por todas o
“DJITU TEM QUE TEM”, TERRA RANKA e MON_NA_LAMA, que perspectivam o futuro
desejado para a Guiné-Bissau.
Guineenses, Meus Compatriotas,
Antes de terminar, permitam-me uma
saudação muito especial aos “Djurtus”.
Quero reafirmar o meu apoio
incondicional à Selecção Nacional e farei tudo para estar presente no Gabão, no
jogo da abertura do CAN2017 para desta forma simbolizar, enquanto Chefe do
Estado, a presença de todos os guineenses neste acontecimento transcendental
para o nosso país.
Caros Guineenses,
Estou convicto de que, com a
determinação e coragem que sempre caracterizaram o povo guineense, vamos vencer,
também, estes desafios.
Eu acredito. Peço-vos que acreditem!
Termino como iniciei, desejo a todos,
coragem e mais esperança no futuro, fazendo votos que seja um Ano de paz,
saúde, harmonia, tolerância, concórdia nacional e prosperidade.
Um Feliz e Próspero
Ano Novo a todos!
Viva a
República da Guiné-Bissau!
Viva os
“Djurtus”
Que Deus
abençoe a Guiné-Bissau e ao seu povo!
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