As organizações religiosas da Guiné-Bissau quiseram mostrar assim a sua preocupação para a estabilização “imediata” do país e a necessidade da inclusão social. Elas estão agrupadas à volta do projecto “Voz di Paz” e o encontro serviu para juntar não só comunidades religiosas, mas também organizações civis e militares do país.
O lançamento do chamado “Novo Contrato Social na Guiné-Bissau” contou com a presença do Presidente da República da Transição, Manuel Serifo Nhamajo, para além dos representantes das organizações internacionais e alguns elementos do corpo diplomático acreditado no país.
Em declarações à imprensa, Manuel Serifo Nhamajo disse que a iniciativa é de louvar, lembrando que a Guiné-Bissau já ensaiou várias tentativas de “reencontro da família guineense”, pelo que, “nunca é demais tentar outra vez, sobretudo neste momento em que todos os guineenses são interpelados a reflectir e fazer o ponto final nessa cadeia de instabilidade”. O Presidente da República acrescentou dizendo que acredita que com “a vontade de todos, podemos trilhar novos caminhos” e que os seus discursos vão nesse sentido, tendo em vista a “inclusão e o diálogo para que a Guiné-Bissau possa sair definitivamente deste impasse”.
Aqui vão os pontos gerais do “Apelo para um Novo Contrato Social na Guiné-Bissau”, apresentado pelo Bispo Auxiliar de Bissau, Dom José Lampra Cá:
- Alertados pela instabilidade crónica que tem marcado o percurso da Guiné-Bissau ao longo das ultimas décadas;
- Indignados pelo ciclo vicioso de violência que tem assediado todas as camadas da população, criando uma inexorável cadeia de vinganças e sentimentos de ódio;
- Cientes da tamanha envergadura dos desafios que a Guiné-Bissau enfrenta, como resultado das deficiências da governação ao longo de muitos anos;
- Preocupados com o continuo enfraquecimento do Estado – que cria um perigoso vazio de autoridade, remetendo os cidadãos para alternativas à margem da legalidade – e é gerador de conflitos e portador da desintegração do tecido nacional;
- Conscientes da gravidade do défice de diálogo construtivo, capaz de resolver e prevenir os conflitos, bem como de criar as bases de uma convivência harmoniosa;
- Seguros de que a tendência da degradação das relações na sociedade guineense não é uma implacável maldição, mas sim o resultado de comportamentos humanos que podem ser mudados pela vontade individual e colectiva;
- Atentos à evolução do país desde o golpe de estado de 12 de Abril, que criou uma situação prenhe de incertezas, dividiu profundamente a sociedade, impactou o funcionamento das instituições e polarizou a comunidade internacional em torno de posições antagónicas, adiando muitas perspectivas de construção do bem-estar da população;
- Instruídos pela evolução da transição em curso num contexto tenso, pleno de bloqueios de variadíssimas ordens;
- Convictos da necessidade de encontrar, através do dialogo construtivo, soluções consensuais ao impasse que paira sobre o país;
- Desejosos de contribuir para a criação de condições propícias à uma solução durável para a actual crise;
- Um novo contrato social alicerçado numa visão consensual do futuro desejado para a Guiné-Bissau;
- Um novo Contrato Social ao serviço das reformas necessárias para a estabilização durável do país;
- Um Novo Contrato Social ao serviço da consolidação das bases de um Estado de direito, democrático e social;
- Um Novo Contrato Social ao serviço de uma verdadeira reconciliação nacional fundada na verdade, justiça e perdão;
- Um Novo Contrato Social ao serviço do bem comum, da paz e da prosperidade como fruto do trabalho de todos;
- Um Novo Contrato Social baseado numa cidadania responsável ao serviço da harmonia restaurada entre os Guineenses.
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