O conflito na Guiné-Bissau não se resolverá com "um desenvolvimento", seja a realização de eleições, seja uma qualquer detenção, exigindo a "reinvenção do modelo económico e social", defende o economista guineense Carlos Lopes.
Em declarações à Lusa, em Lisboa, onde esteve para participar numa conferência, o secretário executivo da Comissão Económica para África das Nações Unidas afirmou que, "quando se analisa um país com as complexidades da Guiné-Bissau, não se deve pensar que um episódio, por mais significativo que seja, vai resolver" os problemas.
Carlos Lopes referia-se à detenção do antigo chefe da Marinha da Guiné-Bissau Bubo Na Tchuto, no início de Abril, pelos Estados Unidos, na águas territorial do seu pais, com apoio de policia de Cabo Verde.
Bubo Na Tchuto era procurado por alegado envolvimento no tráfico internacional de droga, sobretudo cocaína oriunda da América do Sul, e foi detido no quadro de uma operação contra o narcotráfico no Golfo da Guiné através de uma cilada de DEA .
No âmbito do mesmo processo, os Estados Unidos acusaram o actual chefe do Estado Maior das Forças Armadas, António Indjai, por alegado envolvimento no tráfico de droga e de armas.
Questionado por um elemento da assistência, na conferência que proferiu na segunda-feira à noite, na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Carlos Lopes destacou que a Guiné-Bissau vive numa "globalização às avessas". O país "já está na globalização, mas pelas razões erradas, pela droga", nomeou.
"Muitas vezes se pensa que, por causa de um desenvolvimento, se encontrou a solução. Por exemplo, vamos fazer eleições e pensa-se que as eleições resolvem o problema. Isto é muito mais complexo do que fazer eleições", distinguiu Carlos Lopes.
"Expressão de vontades é uma coisa muito comum na Guiné-Bissau. É preciso é expressão de factos, a concretização de algumas destas ideias, que parecem ter consenso, mas que depois acabam por não acontecer", lamentou o especialista.
"É preciso uma espécie de reinvenção do modelo económico e social da Guiné-Bissau", propõe, concretizando: "Enquanto não se resolver o problema dos militares, podem fazer-se todas as eleições do mundo que não servem para nada."
Realçando que a Guiné-Bissau "tem até conseguido, com uma certa criatividade, que muitos dos seus agentes políticos manipulem a comunidade internacional, e confundam a comunidade internacional", Carlos Lopes constatou: "Em 30 anos, já não sei quem é quem, há muito ziguezague, mudam de opinião constantemente."
Realçando que, "na diplomacia internacional, o que conta, mais do que tudo, é a construção da confiança", o especialista recorda que a postura dos políticos guineenses conduziu ao "ponto de haver formas de tensão entre vários organismos intervenientes em ediação de conflitos que normalmente não existem".
O economista referia-se, concretamente, às divergências -- que entretanto parecem ter diminuído -- entre Nações Unidas, União Africana, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e CPLP na condução do processo de transição guineense após o golpe de Estado militar de 12 de Abril de 2012.
"A posição comum é recente e exige maturação", alertou, sublinhando que "não há memória de uma descoordenação tão grande" entre organismos internacionais face "a um conflito de dimensão relativamente pequena".
Simultaneamente, importa que os políticos guineenses não se esqueçam que "a solução tem que vir de dentro", sustentou o economista.
Em declarações à Lusa, em Lisboa, onde esteve para participar numa conferência, o secretário executivo da Comissão Económica para África das Nações Unidas afirmou que, "quando se analisa um país com as complexidades da Guiné-Bissau, não se deve pensar que um episódio, por mais significativo que seja, vai resolver" os problemas.
Carlos Lopes referia-se à detenção do antigo chefe da Marinha da Guiné-Bissau Bubo Na Tchuto, no início de Abril, pelos Estados Unidos, na águas territorial do seu pais, com apoio de policia de Cabo Verde.
Bubo Na Tchuto era procurado por alegado envolvimento no tráfico internacional de droga, sobretudo cocaína oriunda da América do Sul, e foi detido no quadro de uma operação contra o narcotráfico no Golfo da Guiné através de uma cilada de DEA .
No âmbito do mesmo processo, os Estados Unidos acusaram o actual chefe do Estado Maior das Forças Armadas, António Indjai, por alegado envolvimento no tráfico de droga e de armas.
Questionado por um elemento da assistência, na conferência que proferiu na segunda-feira à noite, na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Carlos Lopes destacou que a Guiné-Bissau vive numa "globalização às avessas". O país "já está na globalização, mas pelas razões erradas, pela droga", nomeou.
"Muitas vezes se pensa que, por causa de um desenvolvimento, se encontrou a solução. Por exemplo, vamos fazer eleições e pensa-se que as eleições resolvem o problema. Isto é muito mais complexo do que fazer eleições", distinguiu Carlos Lopes.
"Expressão de vontades é uma coisa muito comum na Guiné-Bissau. É preciso é expressão de factos, a concretização de algumas destas ideias, que parecem ter consenso, mas que depois acabam por não acontecer", lamentou o especialista.
"É preciso uma espécie de reinvenção do modelo económico e social da Guiné-Bissau", propõe, concretizando: "Enquanto não se resolver o problema dos militares, podem fazer-se todas as eleições do mundo que não servem para nada."
Realçando que a Guiné-Bissau "tem até conseguido, com uma certa criatividade, que muitos dos seus agentes políticos manipulem a comunidade internacional, e confundam a comunidade internacional", Carlos Lopes constatou: "Em 30 anos, já não sei quem é quem, há muito ziguezague, mudam de opinião constantemente."
Realçando que, "na diplomacia internacional, o que conta, mais do que tudo, é a construção da confiança", o especialista recorda que a postura dos políticos guineenses conduziu ao "ponto de haver formas de tensão entre vários organismos intervenientes em ediação de conflitos que normalmente não existem".
O economista referia-se, concretamente, às divergências -- que entretanto parecem ter diminuído -- entre Nações Unidas, União Africana, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e CPLP na condução do processo de transição guineense após o golpe de Estado militar de 12 de Abril de 2012.
"A posição comum é recente e exige maturação", alertou, sublinhando que "não há memória de uma descoordenação tão grande" entre organismos internacionais face "a um conflito de dimensão relativamente pequena".
Simultaneamente, importa que os políticos guineenses não se esqueçam que "a solução tem que vir de dentro", sustentou o economista.
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