Timor-Leste
não tem petróleo e gás suficiente para sustentar o país por muito tempo. Se a
economia não petrolífera não se desenvolver, quando ele secar, em meia geração,
muitos timorenses vão juntar-se à volumosa maioria que vive na linha abaixo da
pobreza", alerta o investigador da La'o Hamutuk Charles Scheiner.
Charles
Scheiner já tinha feito o alerta durante uma conferência sobre Timor-Leste
realizada na Universidade Nacional da Austrália em Novembro passado. A análise,
actualizada e hoje divulgada, vai ser publicada brevemente em livro.
Quando
as receitas do Estado não cobrirem as despesas, Timor-Leste vai cair na
austeridade, com implicações drásticas para o Estado e os seus cidadãos",
refere.
Em
2014, o valor do Orçamento de Estado, financiado maioritariamente pelo Fundo
Petrolífero, ultrapassou os mil milhões de euros.
Na
análise, o investigador refere que alguns já estão a começar a reconhecer que o
Fundo Petrolífero, que em Março era de 11,4 mil milhões de euros, "não é
suficiente e que Timor-Leste tem de resolver rapidamente a sustentabilidade
económica não-petrolífera".
Segundo
os cálculos da La'o Hamutuk, o Fundo Petrolífero vai começar a diminuir em 2019
quando os gastos começarem a exceder as receitas do petróleo.
Em
2026, antes dos bebés de hoje terminarem a escola secundária, o Fundo terá sido
utilizado e Timor-Leste terá de cortar em dois terços os gastos", salienta
o investigador.
Se
a empresa petrolífera australiana "Woodside e a Austrália levarem a melhor
e o Sunrise for desenvolvido numa plataforma flutuante os cortes vão ser de
70%, mas se o projecto continuar parado, Timor-Leste vai ter de cortar 88%
depois de 2026, fechando ainda mais escolas, clínicas, escritórios e postos de
polícia", refere.
Timor-Leste
e a Austrália entraram num impasse em relação à exploração do Greater Sunrise,
enquanto a petrolífera australiana defende a exploração daquele poço numa
plataforma flutuante, as autoridades timorenses querem a construção de um
gasoduto para a costa sul para desenvolver o país.
Em
2012, Timor-Leste acusou formalmente, junto do Tribunal Permanente Arbitral de
Haia, a Austrália de alegada espionagem quando estava a ser negociado um
tratado sobre a exploração do petróleo e gás no Mar de Timor.
Com
a arbitragem internacional, Timor-Leste pretende ver o tratado anulado, podendo
assim negociar a limitação das fronteiras marítimas e tirar todos os proveitos
da exploração do campo de gás de Greater Sunrise, que vale milhares de milhões
de dólares.
A
reserva petrolífera de Timor-Leste e a riqueza do petróleo não será capaz de
financiar o Estado por mais 20 anos, mesmo que os desejos do país para o
desenvolvimento do Greater Sunrise, retorno de investimento e preço do mercado
global do petróleo sejam garantido", refere.
Para
a La'o Hamutuk, para evitar aquele cenário é necessária uma "rápida
mudança de direcção" para o aumento da produção local de alimento, reduzir
importações, cortar em gastos desnecessários e cancelar "megaprojectos
inúteis".
Timor-Leste
deve fortalecer o seu mais forte recurso - o seu povo - investindo na educação,
nutrição, cuidados de saúde e de água e saneamento. Timorenses de todas as
classes económicas vão ter de trabalhar juntos para derrotar a maldição dos
recursos naturais para sobreviver e prosperar, criando uma economia justa e
sustentável", salienta a organização. Ler mais aqui
//Lusa
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