domingo, 8 de fevereiro de 2015

Guiné-Bissau vai levar aos doadores um plano com ambição e prazos reforçados.

O Governo da Guiné-Bissau vai apresentar aos doadores internacionais um programa "mais ambicioso" e mais longo que os quatro a cinco anos que servem de referência para o encontro de Março, anunciou hoje o primeiro-ministro guineense.

Questionado pela agência Lusa sobre se há uma expetativa quanto aos fundos que podem ser angariados para o país, Domingos Simões Pereira não referiu números, mas disse que as necessidades justificam uma estratégia ambiciosa e para vários anos.

"Possivelmente vão sair alguns elementos de referência, mas insistimos em dizer a todos os nossos parceiros que temos uma visão de médio a longo prazo", referiu hoje o líder do Executivo, no aeroporto de Bissau, à partida para uma reunião de preparação da mesa redonda com parceiros da África Ocidental, em Accra, capital do Gana.

"Sabemos que os doadores preferem planear para um horizonte de quatro a cinco anos, até porque os planos indicadores têm esse horizonte temporal. Nós temos que ter uma visão muito mais panorâmica e apresentar um programa muito mais ambicioso do que aquilo que sabemos que à partida pode ser o envelope financeiro já pronto pelos nossos doadores", referiu.

Esta postura pretende também mostrar determinação, destacou o primeiro-ministro.

"O que pretendemos dizer com isso é que o programa é nosso, a visão é nossa, os parceiros estão convidados e esperemos que estejam disponíveis para nos acompanhar", sublinhou.

A visão assenta nas prioridades expostas no programa de Governo.

"Tentamos ser bastante consistentes nas grandes políticas anunciadas: escolhemos quatro eixos fundamentais de intervenção: governança, infraestruturas e desenvolvimento urbano, agroindústrias e o desenvolvimento humano", sublinhou Simões Pereira.

A biodiversidade da Guiné-Bissau surge como "fator transversal para aglutinar e alavancar todas essas políticas", acrescentou.

A viagem a Accra é a última antes da reunião com doadores internacionais a realizar em Bruxelas, a 25 de março.

Nestas reuniões preparatórias, o executivo guineense espera "dissipar inquietudes que ainda possam existir" junto dos doadores, face ao registo crónico de instabilidade e desgovernação do país.

"Durante muitos anos, a Guiné-Bissau foi apresentada por fatores que não são necessariamente os melhores. Agora estamos a apresentar uma Guiné diferente, pela positiva", destacou.

Desde o segundo semestre de 2014 que o Governo prepara o encontro com diferentes países e órgãos da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), estruturas das Nações Unidas e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), para além de parceiros de longa data, como Cuba, entre outros países e instituições internacionais.

Parte dessas instituições globais participaram num retiro organizado pelo Governo para preparação da mesa redonda, uma reunião que decorreu entre quarta-feira e sábado na ilha de Rubane no arquipélago de Bijagós - parte insular da Guiné-Bissau.

"Foi um excelente exercício" para todos os envolvidos no desenvolvimento da Guiné-Bissau, considerou.


"É reconfortante ver as instituições congregadas à volta da estratégia definida pelo Governo. Não tivemos necessidade de ajustar a nossa visão estratégica: os doadores aceitaram-na", concluiu Domingos Simões Pereira.

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