Importa ter presente que do ponto de
vista geográfico, a República da Guiné-Bissau é um país africano de pequena
dimensão (CE, 2006:1), constituída por território continental e arquipelágico
«arquipélago de Bijagós, dotado de áreas naturais protegidas, classificadas de
acordo com os critérios reconhecidos a nível internacional em Parques e
Reservas Naturais» com uma área total de 36.125km2, referenciado na costa
ocidental do hemisfério norte, fazendo fronteira a norte com a República do
Senegal, a leste e a sul com a República da Guiné-Conacri, e a Oeste com o
Oceano Atlântico.
Do ponto de vista demográfico, a
população nacional era de 1.500.000 habitantes em 2003 (PNUD, 2005),
encontrando-se desigualmente distribuída pelo território nacional, com uma
prevalência de 75% de população rural (UN, 2001:1) e concentração de população
urbana na capital e nas áreas periféricas.
Quando ponderamos sobre a planificação
estratégica e os processos de desenvolvimento, devemos, automaticamente,
“olhar” para o território de forma integrada e articulada, analisando as
diferentes realidades setoriais, territorial e programáticas em que este se
encontra inserido, percebendo a sua dinâmica Interna «as lógicas específicas e
muito próprias do país» e Externa «a relação do país com os territórios
limítrofes».
Com efeito, é inquestionável que as
lógicas associadas à competitividade territorial e aos processos de
desenvolvimento estratégico na sua variante mais moderna induzem a necessidade
de “olhar” e “ler” o mosaico espacial de uma forma articulada e conjugada a
diferentes escalas de observação, no sentido de aferir o seu posicionamento
hierárquico e as suas relações funcionais no quadro do sistema urbano e rural,
direto e indireto, em que se insere. A partir da análise e definição de um
quadro estabilizado de dinâmicas espaciais torna possível estabelecer as linhas
de orientação que darão origem à Visão e aos Eixos Estratégicos que se
pretendem, capacitando o país e os seus decisores para a definição de um rumo e
de um caminho sólido.
Para isso, é importante ter em atenção
os seguintes aspetos: A “visão” e o quadro de dinâmicas mais vincadas que
marcam o retrato sócio espacial do país; eixos estratégicos de desenvolvimento,
nomeadamente a sua filosofia, ambição e espírito, dando a conhecer o porquê da
aposta nesse determinado “caminho“ e a sua relação com o território e com a
sociedade, a forma e os meios necessários à sua realização; e por último,
desenvolver projetos de ação que capitalizam a visão e a estratégia previamente
definidas.
Portanto, nesta fase em que o país se
encontra, é necessário e importante ter em atenção ao desenho da visão
estratégica que abarca não só a componente Competitividade e Economia mas,
também, os setores prioritários de Reforma do Estado, designadamente a Reforma
do Setor da Defesa e Segurança, Reforma do Setor da Justiça, Reforma e
Modernização da Administração Pública, Revisão Constitucional, revisões
legislativas, Autonomia e Poder Local; e a Reforma de Desenvolvimento,
respetivamente a Educação, Ciência e Ensino, Saúde e Segurança Social, Energia,
Recursos Naturais e Indústria, Agricultura e Pecuária, Comércio e Turismo,
Obras públicas, Ordenamento do Território e Urbanismo, Infraestruturas e
Saneamento Básico, Transportes e Telecomunicações, TIC e I&D, Cultura e
Desporto.
Porém, não se pretende aqui aflorar cada
uma das áreas prioritárias que a Guiné-Bissau carece, nem abordar com
especificidade a questão das reformas, tendo os mesmos já sido discutidos em
vários fóruns, tais como o Programa do Governo, Orçamentos Geral do Estado,
Documento de Estratégia Nacional de Redução da Pobreza da Guiné-Bissau (FMI:
2011).
Contudo, é importante ressaltar a
questão da discussão dos instrumentos de planificação estratégica, tais como o
Plano Estratégico e Operacional 2015-2020 que se encontra neste momento em
preparação para apresentação durante a Mesa Redonda de doadores a ocorrer no
próximo mês de Março deste ano em Bruxelas, dando-lhe também um carater
participativo da sociedade civil e os contributos que podem daí advir para uma
correta aplicação do mesmo no plano nacional.
Creio que este é um dos momentos mais
importantes na vida do País nos últimos 40 anos, que aliás combina
perfeitamente com a visão estratégica dos seus governantes, que prevejo
definirem um instrumento que olha para o desenvolvimento de forma responsável
tendo em conta a nossa cultura, identidade e capacidade de nos tornarmos
autónomos, devendo o mesmo ser definido com base naquilo que somos como povo.
Calculo que a Nação está a viver um momento determinante da sua vida, e as
decisões que agora se tomar irão marcar não só o seu futuro, mas, também, dos
seus filhos e filhas. Dos poucos instrumentos que existem, poderão vir a
existir muito mais, serão necessárias não só as reformas económicas e
políticas, mas, também, direcionar os recursos para a valorização e capacitação
do País, dos recursos humanos e do emprego, por forma a dar novas esperanças às
pessoas e às instituições.
Concedo ao governo da Guiné-Bissau e as
instituições do Estado os maiores sucessos nessa caminhada rumo ao
desenvolvimento, que tenham sempre presente que os atos não significam nada se
não tiverem um propósito maior, por isso é importante ter presente que grandes
dificuldades obrigam a tomar grandes decisões.
Nota: Os
artigos assinados por amigos, colaboradores ou outros não vinculam a IBD,
necessariamente, às opiniões neles expressas.
Sem comentários:
Enviar um comentário
COMENTÁRIOS
Atenção: este é um espaço público e moderado. Não forneça os seus dados pessoais (como telefone ou morada) nem utilize linguagem imprópria.