O líder da Renamo, Afonso Dhlakama,
considerou hoje uma "tragédia" o homicídio do conselheiro de Estado e
representante do partido nas negociações de paz de Moçambique Jeremias Pondeca.
"Era um homem forte do partido e um
grande homem", disse à Lusa Afonso Dhlakama, líder da Resistência Nacional
Moçambicana (Renamo), considerando que o homicídio de Jeremias Pondeca
"foi uma tragédia triste" para os familiares mas também para o
partido, onde era "um pilar".
Dhlakama lembrou que vários membros do
partido têm sido executados nos últimos meses, acusando a Frente de Libertação
de Moçambique (Frelimo, no poder) de estar a tentar fracassar as negociações.
"Vamos continuar em pé, vamos
continuar a lutar para a democracia, para que haja de facto alternância
governativa", disse Afonso Dhlakama, sublinhando que seria
"cobardia" desistir agora, prometendo a continuação da luta
"pela democracia" e para "reformar o regime".
Com "a Frelimo no poder, situações
como estas vão continuar. Não estou a fazer propaganda, é a realidade que vivemos
no nosso país", mas "queremos trabalhar no sentido de fazer que o
regime se reforme e haja uma democracia funcional", disse.
Dhlakama, que está em parte incerta
desde fevereiro, lamentou que os vários casos de morte "a
sangue-frio" dos seus membros não tenham sido esclarecido, acusando a
Frelimo e o Governo de estarem a encobrir os executores.
"Já são centenas e centenas de
pessoas que são baleadas no Maputo, na Beira, em Tete, em Manica, e quase um
pouco em todo o país". E "os autores não são encontrados, não são
encontrados porquê? Porque têm a cobertura do próprio Estado e do próprio
partido no poder", acusou Afonso Dhlakama.
Jeremias Pondenca era membro da Renamo
desde a clandestinidade, e foi eleito deputado nas primeiras eleições
multipartidárias em 1994, tendo depois exercido as funções de delegado politico
da cidade de Maputo, além de conselheiro de Estado e negociador de paz na
comissão mista do diálogo entre o Governo e a Renamo.
O dirigente foi assassinado no sábado em
Maputo, mas o seu corpo só foi identificado no domingo na morgue do Hospital
Central, com a ajuda dos familiares.
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