Em discurso de despedida, Barack Obama
reafirma fé nas instituições e no povo americano como agentes de mudança.
O Presidente Barack Obama disse adeus ao
povo americano num discurso em Chicago em que reafirmou a sua fé na capacidade
do povo americano em lutar por mudanças e também na liberdade prevista na
declaração de independência do país.
Obama afirmou, na noite desta
terça-feira, 10, que deixa a Presidência “mais optimista sobre este pais do que
quando comecei”
Ao falar perante milhares de pessoas em
Chicago e em referência ao slogan “esperança”, da sua primeira candidatura, o
Presidente reafirmou a sua fé na capacidade dos americanos de levar a cabo
mudanças de grande impacto no país.
Obama lembrou “a dignidade calada do
povo trabalhador”, acrescentando que a mudança só é possível “quando as pessoas
normais do dia-a-dia se envolvem” e juntam forças para exigir mudanças.
Ele escolheu Chicago para o seu adeus
por ter sido nesta cidade que ele iniciou a sua carreira política e foi aí que,
em 2008, que assumiu a vitória como o primeiro afro-americano a chegar à
Presidência dos Estados Unidos.
Onde
tudo começou
No discurso de despedida, Obama lembrou
o seu passado ao chegar a Chicago quando “estava ainda a tentar saber quem eu
era, ainda à procura do propósito da minha vida”.
“Foi aqui que aprendi que a mudança
apenas ocorre quando pessoas se envolvem e juntam para exigir mudanças”, disse
o Presidente.
“Foi em bairros não muito longe daqui
que comecei a trabalhar com igrejas nas sombras de fábricas encerradas, foi
nestas ruas que testemunhei o poder da fé e a dignidade calada do povo
trabalhador face dificuldades e perdas”, sublinhou.
“Após oito como vosso presidente eu
ainda acredito nisso”, reiterou Barack Obama, acrescentando que "isto não
é apenas a minha crença, é o coração vivo da ideia americana, a nossa
experiência corajosa de governação”.
No seu discurso de cerca de 50 minutos,
o Presidente evocou a declaração de independência dos Estados Unidos e dos seus
ensinamentos sobre igualdade e direitos inalienáveis e exortou os americanos a
defenderem esses direitos e a melhorarem a democracia americana.
A
força da democracia
“Esta foi a grande prenda que os nossos
fundadores nos deram: A liberdade de lutarmos pelos nossos sonhos individuais
através do nosso suor, trabalho e imaginação e o imperativo de lutarmos também
juntos para alcançarmos um melhor bem comum”, disse o presidente.
Obama chegou a Chicago acompanhado de
muitos dos seus conselheiros da Casa Branca, da sua mulher Michelle, filhas e
amigos.
O vice-presidente Joe Biden e esposa
também estiveram presentes.
Milhares de pessoas encheram o centro de
convenções McCormick com bilhetes a serem vendidos no mercado paralelo por
milhares de dólares, apesar de terem sido distribuídos gratuitamente.
Ao iniciar a sua intervenção, Barack
Obama foi interrompido pela multidão que gritou “ mais quatro anos! Mais Quatro
anos!” ao que o Presidente respondeu com humor: “Não posso fazer isso”.
O Presidente recordou os seus sucessos
na revitalização da economia em crise oito anos atrás, o actual baixo nível de
desemprego, o sucesso das negociações para o fim do programa nuclear iraniano e
o restabelecimento das relações com Cuba.
“A América é um lugar melhor e mais
forte do que quando começamos”, assegurou Obama, que interrompeu a multidão
quando esta começou a vaiar o presidente eleito Donald Trump
“Cabe a todos nós assegurar que o
Governo pode ter sucesso nos desafios a que fazemos face”, afirmou,
acrescentando que “a democracia não requer uniformidade mas requer um sentido
de solidariedade”.
A
questão racial
Obama disse que uma das ameaças à democracia
dos Estados Unidos é a questão da raça dos americanos.
“Depois da minha eleição falou-se numa
América pós-racial, mas essa visão, embora bem intencionadas, nunca foi
realística”, asseverou para explicar que "a questão da raça permanece como
uma força forte e muitas vezes divisiva na nossa sociedade, mas são melhores do
que eram há 10, 20 ou 30 anos”.
Neste aspecto, o Presidente lançou um
apelo à compreensão mútua entre as raças, acrescentando que “temos que tentar
mais arduamente a começar pela premissa de que cada um dos nossos concidadãos
ama esta país tanto como nós”.
Obama apelou também a um maior espirito
de compreensão e compromisso na cena política e apelou a acções “mais
corajosas” no combate às alterações climatéricas.
“Devemos e podemos discutir os melhores
meios de resolver o problema, mas negar o problema não só atraiçoa as gerações
futuras, como atraiçoa também o espirito de inovação e de resolução de
problemas que guiou os nossos fundadores”, reiterou Obama.
Mais à frente, o Presidente afirmou que
os laços que unem os americanos são enfraquecidos "quando o diálogo
político se torna tão rancoroso que “os americanos de quem discordamos são
vistos, não só como mal informados, como malvados”.
“Se estão cansados de discutir com
estranhos na internet então tentem falar com um na vida verdadeira”, desafiou.
Terrorismo
e cidadania
Barack Obama disse que o terrorismo e
autocratas são mais perigosos que “um carro-bomba ou um míssil”.
“Isso representa o medo da mudança, o
medo de pessoas que parecem, falam ou oram de modo diferente”, disse Obama,
para quem "proteger o nosso modo de vida requer mais que forças militares”
porque “a democracia só verga quando cedemos ao medo”.
“Temos que ser vigilantes, mas sem
medo”, desafiou o Presidente americano que afirmou ainda que o chamado Estado
Islâmico “pode tentar matar pessoas inocentes, mas não pode derrotar a América
a não ser que atraiçoemos a nossa constituição e os nossos princípios”.
Um dos pontos altos da intervenção do
Presidente foi quando dirigiu, emocionado, palavras de agradecimento e elogios
à esposa Michelle, em como às filhas.
No meio de uma enorme ovação, Barack
Obama saudou também o vice-presidente Joe Biden afirmando que o considerava
agora como “um irmão” e terminou com um apelo ao povo americano para acreditar
na capacidade de todos efectuarem mudanças.
Para Barack Obama o vice-presidente foi
a melhor escolha da sua carreira.
“Sim podemos, sim fizemos, sim podemos”,
concluiu o Presidente o seu último discurso antes de deixar a Casa Branco a 20
de Janeiro. Com a Voz da América
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