Os
ideais da independência da Guiné-Bissau, foram dolorosamente assassinados no
altar de egoísmo, oportunismo e mesquinhez…
Por, Dr. Armando Lona
Da independência política à Independência
económica e cultural, a distância é grande. Precisa de paradigmas e teia de
valores adequados ao nosso tempo.
Obrigado aos arquitectos da primeira Independência,
a da bandeira, do hino, em suma a da identidade nacional em difícil processo de
construção!
A responsabilidade da minha geração hoje
é selar o pacto que conduza à conclusão da obra iniciada. A tarefa é gigantesca
e exige uma ruptura profunda. Sem a tal conversão interior (Martin Luther King
de revolução de valores, pouco tempo antes da sua morte), a ideia do progresso
almejado não passará de uma mera ilusão.
A
mudança não pode acontecer nos meandros de actuais padrões que ditam
comportamentos nefastos à sociedade. Tudo que é qualidade é internamente
ausente. Compra-se e paga-se tudo no exterior. Desde saúde até simples
objectos.
Os ideais da independência, são dolorosamente
assassinados no altar de egoísmo, oportunismo e mesquinhez.
O
Estado, entidade necessária, precisa de alicerces, de uma fundação para
preencher sua magna missão de garante de segurança e bem-estar colectivo.
O Estado não se nutre de discursos. O
Estado só sobrevive com instituições sólidas. Aqui está o maior desafio que nos
interpela e para vencê-lo é necessário quebrarmos o muro do medo, as fronteiras
partidárias, os fios de complexos e preconceitos. Só assim, a independência
deixará de ser um mero vocábulo e será uma realidade tangível com vários
sinónimos: igualdade de oportunidade para todos os guineenses, independentemente
da cor da pele, origem social (os de praça e os de tabanka), escolas em
quantidade e qualidade, boas estradas, bons hospitais, bons centros de
pesquisa. Estas são as premissas de uma independência real.
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