sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Hoje se celebra São João da Cruz, doutor da Igreja


Naquele tempo, disse Jesus à multidão: “Eu vos declaro esta verdade: nunca surgiu entre os homens alguém maior do que João Batista. E, no entanto, o menor no Reino dos céus é maior do que ele. Desde os dias de João Batista até agora o Reino dos céus tem sido assaltado. E são os violentos que o conquistam. Com efeito, todos os Profetas, bem como a Lei, profetizaram até João. E, se quiserdes compreendê-los, João é o Elias que estava para vir. Quem tiver ouvidos, que escute bem”. - (Mt 11, 11-15)

A Igreja celebra hoje a memória de S. João da Cruz, um de seus mais santos e mortificados Doutores. Apesar dos vários preconceitos que às vezes nos impedem de ler corretamente os seus escritos, mais conhecidos por seu espírito de penitência e ascese, S. João da Cruz é, sem dúvida nenhuma, o grande santo do amor.

Prova disso, por exemplo, são o Cântico Espiritual e a Chama Viva de Amor, duas obras inestimáveis que nos falam, em tons apaixonados, da caridade infinita que Deus, tão sedento de união, tem por cada um de nós.

 Espanhol de 1542, nasceu em uma família rica, mas foi deserdado por seus pais por se casar com uma jovem de menos posses. Passou a trabalhar como tecelão de seda, mudou-se de cidade e começou a estudar. Aos 21 anos de idade abandonou a esposa e entrou para a Ordem do Carmo, tornando-se frei. Em 1567 formou-se sacerdote e ordenou sua primeira missa. Seguiu a ordem Carmelita, pois tinha a necessidade de viver o rigor das penitências. Foi maltratado, difamado e preso. Durante os anos no cárcere, escreveu diversas histórias religiosas. Morreu em 1591

 A renúncia absoluta a que S. João nos exorta, um dos pontos mais destacados de sua produção ascética, talvez tenha, inclusive, uma raiz biográfica. É sabido que seu pai, Gonçalo, oriundo de uma família rica, renunciou a todos os seus bens e honrarias para casar-se com Catalina, moça pobre e humilde. S. João pôde ver assim, “plasmado” na história mesma de seus pais, o itinerário que toda alma é chamada a percorrer: uma vez encontrado o nosso grande Amor, que é Deus e só Ele, não podemos apegar-nos a coisa nenhuma; temos, sim, de estar dispostos a largar tudo, com alegria de um coração apaixonado, para lucrar o tesouro de um Amor infinito, superabundante.

A renúncia de que nos fala o Doutor Místico, portanto, nada tem de pessimista e “mal-humorada”; é antes a única resposta possível de quem realmente ama e vê o seu Amado de braços abertos, à espera de que, livres das amarras de amores falsos e mesquinhos, finalmente nos lancemos ao seu Coração ardente de caridade.

Recorramos hoje ao patrocínio de S. João da Cruz e, a seu exemplo, empenhemo-nos ainda mais, desatando-nos dos afetos mundanos, para chegar bem preparados à noite de Natal.

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