Bissau (Lusa, 20 de
Novembro de 2012) – Os deputados ao parlamento da Guiné-Bissau
aprovaram hoje por unanimidade a decisão de prorrogar a atual legislatura até à
posse de novos parlamentares, depois de eleições gerais no próximo ano.
Numa sessão que começou com
polémica e ataques entre os parlamentares de diferentes bancadas e entre os do
mesmo grupo parlamentar, a decisão de prorrogação o mandato do Parlamento
acabou por ser assumida pelos 78 deputados que se encontravam na sessão.
Para que a legislatura (que
devia terminar na próxima quinta-feira) possa manter-se é preciso alterar a
Constituição, tendo os deputados aprovado um projeto de revisão que diz que a
presente legislatura termina “com o fim do período de transição”.
O
regime estabelecido é excecional e transitório e caduca com o fim da transição,
diz o artigo quatro do projeto de revisão constitucional hoje aprovado.
Em reação ao facto, o deputado e
líder da coligação Aliança Democrática, o antigo ministro das Finanças Vítor Mandinga,
afirmou que “pela primeira vez” a bancada da maioria no parlamento guineense, a
bancada do PAIGC “votou em consonância com as demais bancadas”.
“A Guiné-Bissau está de
parabéns. Hoje é um dia histórico porque finalmente os guineenses demonstraram
ao mundo que estão a entender-se sobre a necessidade de, através do Parlamento,
salvar o país do caos”, observou Vítor Mandinga.
Para este deputado, a comunidade
internacional, com a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e a
CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) “deviam vir em
apoio” dos guineenses no seu todo.
O líder do grupo parlamentar do
PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), Rui Diã de
Sousa considerou que a partir de agora “o Parlamento vai assumir as suas
responsabilidades”, tendo mais protagonismo no processo de transição em curso
no país na sequência do golpe de Estado de 12 de abril passado.
Rui Diã de Sousa espera apenas
que o Parlamento aprove, rapidamente, a resolução que dá poderes ao Presidente
de transição, Serifo Nhamadjo para que este possa promulgar a prorrogação da
vigência do Parlamento uma vez que a Constituição guineense não prevê a
existência de um Presidente de transição.
Para contornar este ditame
constitucional foi elaborado um projeto de resolução, hoje aprovado na
generalidade, a partir do qual o Parlamento vai reconhecer o Pacto de Transição
– instrumento pelo qual se regem os órgãos que gerem o período de transição – e
desta feita reconhecer o Presidente de transição (com poder para promulgar a
extensão do mandato da Assembleia).
Na altura da votação na
generalidade do projeto de resolução oito deputados da bancada do PAIGC
abstiveram-se. O documento, elaborado por uma comissão composta pelos deputados
de todas as bancadas, foi aprovado e deverá ser discutido de novo na
quarta-feira.
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