
Os Estados Unidos anunciaram no início
do mês a detenção de Almirante Bubo Na Tchuto em águas internacionais, perto de
Cabo Verde. O antigo chefe da Marinha da Guiné-Bissau era procurado pelos
Estados Unidos por alegado envolvimento no tráfico internacional de droga,
sobretudo cocaína oriunda da América do Sul.
O segundo tenente Vasco Nacia terá
acompanhado a situação que levou à prisão de Almirante Bubo, com quem trabalhou
quando o oficial agora detido era o chefe da Marinha, conforme contou à
televisão da Guiné-Bissau, TGB.
Na entrevista, disse que o seu
envolvimento no caso começou no dia 01 de Abril, quando Almirante Bubo lhe terá
dito que estava a montar uma empresa, chamada Boston Lda, e lhe falou de que os
sócios iam chegar à Guiné-Bissau e que já estavam em alto mar, pelo que lhe
pediu apoio para, como piloto, ir ajudar a colocar o navio em Bissau.
Almirante Bubo, acrescentou, contactou-o
de novo na madrugada de dia 02 de Abril para ir para Cacheu, norte de Bissau,
com um empresário chamado Pedro. No mesmo carro para Cacheu seguiam também
Tchami Yala e Papis Djemé, ambos posteriormente detidos.
Em Cacheu, todos seguiram num bote para
o navio onde supostamente viajava o empresário, tendo Vasco Nacia sido
apresentado como a pessoa para dar assistência para levar a embarcação até
Bissau.
"Ao chegar ao navio, o Pedro
apresentou-nos a um outro senhor, chamado Alex, que teria feito todos os
contactos com Almirante Bubo Na Tchuto, como sendo seu sócio", contou
Vasco Nacia à TGB, acrescentando que o suposto sócio de Bubo achou estranha a
sua presença e disse que apenas queria falar com Bubo, até porque trouxera
alguns empresários que queriam falar pessoalmente com o antigo chefe militar.
Contactado Bubo, este dispôs-se a ir ter
com eles e foi Vasco quem conduziu o bote até à praia de Suru (perto de Bissau)
para nele embarcar Almirante Bubo Na Tchuto, que só apareceu mais de duas horas
depois, precisou o entrevistado.
Alex terá falado então a Bubo dos
empresários que com ele queriam falar, a bordo do navio, tendo seguido todos
até ao referido navio, atracado ao largo da ilha de Caravela. "O Bubo foi
detido nas águas interiores da Guiné-Bissau, nem sequer estamos a falar das 12
milhas marítimas. Ele foi detido na zona de Caravela", garantiu.
Na entrevista, Vasco Nacia contou que a
bordo do navio, num "salão VIP", lhes foram servidos sumos e que Alex
disse que ia arranjar champanhe no camarote, onde na verdade estavam cerca de
50 polícias "bem armados e fardados".
"De cada lado das portas do
camarote estavam 25 homens armados. Na operação, o primeiro homem que se
dirigiu a nós, gritou logo: Polícia. Vinham logo em nossa direcção com armas em
punho. Raptaram-nos logo. Meteram-nos as algemas, deitaram-nos no chão e
meteram-nos panos na cabeça. Na altura nem sequer sabíamos para onde é que nos
estavam a conduzir", disse.
Vasco Nacia disse também que viu duas
polícias de Cabo Verde e que durante o percurso até à ilha do Sal foram
identificados e questionados se tinham dinheiro para pagar a advogados.
No Sal, Vasco e outro elemento, civil,
foram levados pela Polícia Judiciária de Cabo Verde e Bubo, Tchami e Papis
ficaram no navio. A polícia cabo-verdiana ter-lhes-á dito que eram inocentes e
que ninguém podia ser capturado se o seu nome não constasse "da
lista". Regressaram à Guiné-Bissau via Senegal.
A Lusa tentou sem sucesso falar com
Vasco Nacia. De acordo com o jornal "Última Hora", de Bissau, Vasco
está detido porque as chefias militares querem esclarecer os pormenores da sua
participação no caso.
Fonte: Lusa
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