Dois anos depois, Pedro Passos Coelho emendou os principais erros que muitos lhe apontaram na formação do Governo: partiu os dois mega-Ministérios - a Agricultura separa-se do Ambiente e a Economia perde o Emprego e a Energia - e reforçou claramente o parceiro de coligação. Paulo Portas é finalmente assumido como número dois do Executivo.
Pelo caminho, dispensou Álvaro Santos Pereira, o ministro cuja cabeça mais cedo e com mais insistência foi pedida ao longo destes dois anos. E puxou para um lugar cimeiro no Executivo um histórico do PSD, Rui Machete, que substitui Portas nos Negócios Estrangeiros, ajudando a compensar aos olhos do partido a ascensão do líder do CDS a vice-primeiro-ministro.
Machete, que na quinta-feira passada fez um discurso muito crítico do Presidente da República no Conselho Nacional do PSD - onde considerou incompreensível a ideia de Cavaco de suspender a remodelação para tentar um acordo de salvação nacional com o PS - é uma escolha que agrada aos sociais-democratas, sobretudo ao PSD mais clássico e menos "passista".
Foi a única surpresa numa remodelação que, no resto, parece tirada a papel químico da que esteve para avançar há uma semana quando Cavaco decidiu suspender o processo. Paulo Portas ascende a vice de Passos, com poderes reforçados no Governo e vê o CDS ganhar peso (e responsabilidade) em mais duas frentes, com Pires de Lima na Economia e Pedro Mota Soares a acumular o Emprego com a Segurança Social.
Assunção Cristas é que vê o seu Ministério emagrecer - fica apenas com a Agricultura e o Mar. E para o Ambiente vai Jorge Moreira da Silva, atual nº2 do PSD, o o homem que Passos pensou pôr no cargo logo no início mas que acabou por prejudicar por ter optado pelos mega-Ministérios.
No equilíbrio entre os dois partidos da coligação, o reforço do CDS - que além de assumir pastas-chave vê o seu líder subir a número dois do Executivo - dilui-se, com a entrada de dois nomes com peso no PSD - Moreira da Silva e Rui Machete - e apenas um do CDS, Pires de Lima.
Quem perde são os independentes: depois de Vítor Gaspar, sai Álvaro Santos Pereira. A escolha dos dois "estrangeirados" foi outras das grandes críticas feitas a Passos Coelho há dois anos.
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