Frank Lorenzo, antigo
accionista e presidente da Continental Airlines, já pediu informações sobre a
transportadora aérea e estará associado a um investidor nacional.
O milionário
norte-americano Frank Lorenzo, antigo accionista e presidente da Continental
Airlines, manifestou interesse na privatização a TAP, que o Governo quer
relançar este ano. Ao que o PÚBLICO apurou, houve já troca de informações entre
as partes, embora se trate de uma abordagem preliminar, sem garantias de que a
investida venha a concretizar-se. Lorenzo, que é dono da private equity Savoy
Capital, estará associado a um investidor nacional.
Com um passado muito
ligado à indústria da aviação, o milionário de 73 anos terá mostrado interesse
em ficar apenas com o negócio da aviação da TAP, excluindo actividades
complementares, como a deficitária empresa de manutenção brasileira. Uma
posição que esbarra com os pressupostos do Governo, que prefere vender a
companhia em bloco, já que ainda não conseguiu encontrar comprador para a
M&E Brasil.
O PÚBLICO sabe que a
abordagem de Lorenzo envolve um investidor nacional, embora não tenha sido
possível apurar qual. A private equity Savoy Capital surgiria, nesta investida,
como o braço financeiro para suportar uma eventual oferta pela TAP. No entanto,
as conversas mantidas até aqui são ainda muito preliminares, não havendo
qualquer garantia de que o interesse se materialize.
Aliás, o Governo está
decidido a só avançar com a privatização do grupo liderado por Fernando Pinto
quando houver certezas de que não fracassará, como aconteceu em 2012 com a
rejeição da oferta do único candidato, Gérman Efromovich, por não ter sido
atestada a capacidade financeira do milionário dono da Avianca. Apesar de o
ministro da Economia ter afirmado em Novembro, numa entrevista ao Diário
Económico, que a venda poderia ocorrer este ano, o executivo só retomará o dossier
se reunir um lote de interessados que assegure um processo competitivo e
bem-sucedido.
Ainda assim, sabe-se
que foi pedido aos bancos que assessoraram o Estado na primeira ronda da
privatização (Crédit Suisse, Besi, Citi Bank e Barclays Capital) que actualizem
a informação financeira sobre a transportadora aérea. O PÚBLICO contactou nesta
terça-feira a Savoy Capital para confirmar o interesse na TAP, mas não obteve
resposta.
Aquisição de diferentes
companhias
Frank Lorenzo, filho de
espanhóis, é uma das figuras mais marcantes da indústria da aviação nos Estados
Unidos. Começou a carreira no sector na década de 1960 e, em 1972, comprou a
Texas International Airlines, através da qual adquiriu diferentes companhias
norte-americanas, com destaque para a Continental Airlines (hoje fundida com a
United). O histórico do milionário não é, porém, consensual.
É reconhecido pela
astúcia nos negócios, tendo sido pioneiro no recurso à hoje mais recorrente
falência de empresas no sector para as relançar, mas é-lhe apontada frieza na
relação com os sindicatos. A jornalista norte-americana Barbara Walters chegou
a apelidá-lo, em 1989, de “homem mais odiado dos EUA”, numa altura em que se
intensificavam os conflitos com os trabalhadores da falida Eastern Air Lines. Lorenzo
deixou a indústria em 1990, depois de 18 anos como presidente da Continental,
para fundar a Savoy Capital.
A privatização da TAP
tem sido prometida por sucessivos governos nas últimas duas décadas e foi
inscrita no memorando de entendimento assinado com a troika. Com a rejeição da
proposta de Gérman Efromovich, o actual executivo tentou rever o processo,
centrando-se na resolução do problema no Brasil, que, apesar de ter em marcha
um reestruturação que tem permitido melhorar os resultados da empresa, continua
a dar prejuízos e a acumular contingências fiscais e laborais.
Embora tenham surgido
abordagens de potenciais compradores, nenhum avançou. Tal como Expresso
noticiou no sábado, o dono da Parmalat brasileira foi um dos interessados, mas
sem resultados práticos. O Governo terá receado perturbações diplomáticas, pelo
facto de Marcus Elias ser dono de uma empresa que está a ser alvo de acções
judiciais.
//Publico
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