A Guiné Bissau, o país
pobre, pode realizar uma espectacular recuperação económica.
Vou tentar propor
alguns ingredientes entre aos quais os métodos não convencionais e a cultura do
resultado.
A Gestão rigorosa
A gestão das
finanças públicas da Guiné Bissau deve ser sã e rigorosa do mesmo modo que para
a qualidade do clima de negócios.
A Guiné Bissau é
essencialmente agrícola (produção e exportações de castanha de caju), o país pode
posicionar-se no futuro como uma economia mais de serviços . Os dois principais
pilares: o turismo e as infraestruturas portuárias, estes sectores podem atrair
as empresas estrangeiras.
O Governo da
Guiné-Bissau deve envidar os esforços com o apoio dos seus parceiros de
desenvolvimento internacionais no sentido de criar bancos de dados que
identifiquem todos os potenciais recursos minérios do país, nomeadamente, os
hidrocarbonetos, os bauxites, os fosfatos. Os estudos e a exploração dos
recursos minérios necessitam de investimentos volumosos. As empresas
internacionais cotadas nas bolsas de valores que investem no sector. Estas
Empresas, normalmente, oferecem gratuitamente ao Estado uma participação no
capital social que varia entre os 10 e 15%. Tudo depende das negociações entre
as partes.
Na fase de estudos,
os benefícios para o país, residem nas taxas de superfícies, formação, reforço
das capacidades técnicas dos seus quadros, assim como na disponibilidade de informações
sobre os potenciais dos minérios. Na fase de exploração, o Estado recebe alguns
impostos, taxas e ainda alguma parte da produção ou dividendo. A partilha da produção
ou a distribuição do dividendo é feita em função da participação no capital
social da empresa.
O sector pesqueiro
deve ser também reorganizado como abandono progressivo da política de emissão
de licenças de pesca, substituindo essa política por uma política de incentivos
aos armadores para se instalarem e desembarcarem assim como transformarem as
suas produções no país, o que cria empregos em terra.Os produtos transformados
devem ser exportados com base no respeito das normas e standards internacionais de controlo de qualidade e higiéno-sanitárias.
Esta política de desembarque e transformação dos produtos da pesca permite
aumentar o seu valor acrescentado no país e contribui ainda mais na segurança
alimentar das populações. Por outro lado, contribui eficazmente na luta contra
a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (pesca inn) que é um flagelo
que destrói não só os recursos haliêuticos, como também o ecossistema marinho
do país.
Uma das grandes
vantagens da Zona Económica Exclusiva (ZEE) da Guiné Bissau reside na existência
nela de uma fauna marítima (stocks haliêuticos) abundante e ela é também pouco
emigradora.
Estes dois sectores
bem organizados com as informações disponíveis e fiáveis atraem os investidores
estrangeiros para o país.
Um modelo endógeno
A Guiné-Bissau deve
optar por um modelo baseado na inclusão de todos os guineenses e também no mérito.
Um leader pode optar pelos métodos não
convencionais isto é, resolver os problemas guineenses pelas soluções
guineenses, como alguns aspectos da Estratégia para o Desenvolvimento Económico
e a redução da pobreza que devem fazer parte do quadro de Visão e do plano do
Governo. Por exemplo, utilizar e valorizar a tradição local, nomeadamente, cada
membro da família tem uma obrigação de trabalhar para satisfazer as suas próprias
necessidades e para gerar ainda alguns rendimentos.
As Prioridades
A Guiné Bissau deve
e pode solicitar apoios financeiros internacionais (acordos de créditos e/ou
donativos) e contratar consultores internacionais para lhe prestar assistência
técnica na elaboração e na execução da sua Estratégia de Desenvolvimento, mas as
autoridades do país devem ser elas mesmas a definir as prioridades. O Ministério
da Economia e das Finanças e a Secretaria de Estado do Plano devem fazer a
supervisão.
Um Plano
Estratégico do Governo torna as políticas públicas mais coerentes e por outro
lado, permite um financiamento mais adequado do desenvolvimento económico e
social do país. Este garante igualmente uma melhor implementação e um melhor
acompanhamento dos investimentos públicos.
Quando observamos o
contexto regional no qual evolui o país, optar por uma economia de serviços se
justifique. A Guiné Bissau tem condições naturais e uma boa localização geoestratégica
para construir um dos maiores portos de águas profundas da África Ocidental e caminhos-de-ferro.
Os outros países da Região poderão também utilizar essas infra-estruturas para
as suas exportações e as importações.
A construção dessas
infra-estruturas dado que exige investimentos volumosos, deve ser realizada no
quadro de uma parceria público-privada, na qual, o Estado deve ter uma grande participação
nos financiamentos, por razões óbvias, pois, ele ficará sempre o proprietário
das infra-estruturas.
É bom não esquecer
que o país está situado numa África ocidental integrada onde, a Costa de Marfim
ou a Nigéria são industrialmente os mais avançados. A estes elementos é preciso
acrescentar o facto que estruturalmente, a Guiné Bissau é confrontada com uma
população jovem e uma taxa de natalidade elevada e com uma superfície
territorial pequena e as terras cultiváveis são insuficientes para a
industrialização de grande escala o que não permite aumentar a produtividade de
maneira significativa de forma a gerar suficientemente rendimentos que permitam
as populações que vivem essencialmente da agricultura, sair da pobreza.
É fundamental e
importante a transformação das produções agrícolas no país, visto que será uma ocasião
para oferecer aos guineenses novas oportunidades de empregos contribuindo assim
na redução da pobreza. Por outro lado, os efeitos benéficos dessas transformações
das produções agrícolas serão muito importantes para toda a economia do país.
Uma abordagem (approach)
comercial
Se o Estado deve
ter em consideração as realidades do paίs para definir o seu modelo de
Desenvolvimento, ele deve inspirar-se também no que funciona melhor em outros
cantos do Mundo. Pelo que, a Guiné-Bissau deve olhar para o Ruanda ou a Singapura
e reproduzir uma organização similar à desses países, criando Agências que terão
como uma das missões a execução das políticas governamentais.
Os Ministérios
devem desempenhar o papel de Conselho de Administração, e as Agências
especializadas constituírem os órgãos executivos.
Neste sistema, o
aspecto comercial é omnipresente. Quando o governo decidi de fazer do
desenvolvimento de um sector uma prioridade, torna-se necessário refletir,
inovar e propor produtos e serviços para os quais os clientes (ou investidores)
estarão prontos a pagar o preço indicado. Organizando o turismo de acordo com
as tradições das cerimónias locais, o país pode suscitar a curiosidade e atrair
muita gente. Para aumentar as receitas do sector, as autoridades governamentais
podem decidir a desenvolver o turismo de negócios, lançando os programas de Conferências
e Eventos que podem fazer da Guiné-Bissau um Hub regional para os Eventos ou ainda a desenvolver o ecoturismo.
O governo deve
incentivar os operadores económicos a diversificarem as suas atividades no país.
Os incentivos aos operadores económicos devem ser previstos pelo Código de
investimentos do país.
Uma cultura de resultado
No início de cada
ano, os dirigentes de todas as instituições à todos os níveis devem
comprometer-se perante o Chefe do Governo, à população e também uns « vis-à-vis »
dos outros a fornecer uma certa quantidade de resultados no quadro dos programas
de desenvolvimento. Em cada região Administrativa do país, o número de quilómetros
de estradas, os centros de saúde a construir, ou as crianças a escolarizar, por
exemplo, serão claramente definidos.
Este conjunto de
indicadores constitui a base do contrato de performance
que o Ministro do sector vai assinar com o Chefe do Governo, então, com o país.
Este sistema exerce uma pressão enorme sobre os funcionários. Ele gere uma
forma de contabilidade. É preciso prestar as contas no fim de cada exercício e
explicar o porquê que alguns objectivos não foram atingidos.
Outra vantagem
desse sistema é obrigar o respeito das normas internacionais de boa governação
e de transparência sobre a maneira como os recursos financeiros públicos
(empréstimos e outros) foram consagrados aos diferentes programas que foram
executados. Ele pode também suscitar uma certa intolerância em relação à
corrupção.
A educação das populações
e a aplicação rigorosa das leis são fundamentais na luta contra a corrupção num
país.
Gostaria ainda de
salientar que a educação de qualidade e a formação das populações são de uma importância
primordial para promover o desenvolvimento de um país.
O meu anseio que a
Guiné Bissau seja dentro de poucos anos um dos melhores países reformadores da África
Ocidental.
Eis a minha modesta
contribuição na reflexão para o desenvolvimento sustentável e durável da nossa Guiné-Bissau.
Nota: Os artigos assinados por amigos, colaboradores ou outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles expressas.
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