sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Corpo da deputada Isabel Buscardini foi sepultar no cemitério municipal de Bissau

Deputada Isabel Mendes Correia Buscardini, nasceu a 25 de Fevereiro de 1950, em Bissorã região de Oio. Mobilizada pelo camarada Osvaldo Vieira em Biambi, ingressou nas fileiras do PAIGC em 1963, quando tinha apenas 13 anos de idade. A malograda foi governante e deputada da nação eleita pela lista do PAIGC, no círculo eleitoral 06, em duas legislaturas.

Entre as pessoas que labutavam no ‘bureau’ do PAIGC em Conacri ao lado de Amílcar Cabral encontrava-se a Isabel Buscardini. Foi alguém que privou e de perto, durante largos anos, com o Militante Numero Um do velho PAIGC. É que muita boa gente só ouviu falar de Cabral, Isabel Buscardini é daquelas pessoas que conheceu, trabalhou, privou, com o Comandante-em-chefe do PAIGC. 

Os restos mortais da deputada da Nação, Isabel Mendes Correia Buscardini, foram a enterrar ontem, 01 de Dezembro 2016, no cemitério Municipal de Bissau, na presença dos familiares, amigos, companheiras de luta de libertação e personalidades individuais.

O líder do parlamento guineense, Cipriano Cassama e o da Direcção superior do PAIGC, na pessoa do Domingos Simões Pereira, ausentaram prestar a última homenagem, a ex-secretaria do Amílcar Lopes Cabral, Isabel Mendes Correia Buscardini.

A urna funerária da deputada falecida está semana vítima da doença foi retirada de sua casa, passou pela Assembleia Nacional Popular (ANP) e pelo Ministério da Justiça onde foi prestada a última homenagem com honra de Estado. Nessa cerimónia fúnebre, tomaram parte o Presidente da República, o Procurador-geral da República, o Presidente de Supremo de Justiça, Primeiro-ministro, membros do governo cessante, alguns deputados da nação eleitos pela lista do PAIGC.

Durante a cerimónia fúnebre foi lida a biografia da deputada na voz do Ministro da Justiça, récita de poesia na voz do ministro da Juventude, Cultura e Desporto.

Em representação de alguns deputados da nação, eleitos na lista do PAIGC, Suares Sambú, disse que o destino e a fatalidade conduziu uma partida repentina e surpreendente, mas que para os seguidores da mulher, camarada, companheira e combatente da liberdade da pátria que deu a sua vida para que hoje possamos ser livres e independentes.


Em nome dos familiares, a filha da malograda, Luísa Buscardini agradeceu os presentes e assegurou que a sua mãe lutou sempre para os filhos da Guiné-Bissau, perante a escravatura e jugo colonial e a ditadura. “Os guineenses têm que lutar pela verdade e a dignidade, deixando de lado as questões étnicas, cor e raça” asseverou.

2 comentários:

  1. À memória da tia Isabel Buscardini
    Não sou do PAIGC, alias, não sou de nenhum partido político mas tenho uma grande admiração e respeito pelos Combatentes da Liberdade da Pátria, todos eles, sem excepção, seja os que lutaram nas frentes dos combates de arma nas mãos, seja aqueles que andavam pela Zona Zero na mobilização, seja aqueles que calcorreavam o mundo na chamada Frente Diplomática a pedinchar apoios, seja aqueles que assistiam os guerrilheiros ou mesmo aqueles que simplesmente serviam o partido no secretariado em Conacri. Todos me merecem um profundo respeito, isto sem nunca ter sido sequer pioneiro do Partido de Amílcar Cabral. É o respeito puro, acreditem!
    Tive o privilégio de visitar o celebre ‘bureau’ do histórico PAIGC na Guiné-Conacri onde funcionou o mítico secretariado do partido de Cabral, de resto, o local que servirá de cenário de morte do lendário engenheiro revolucionário.
    Um dia ao falar com o não menos Combatente de Primeira Hora, general José Sanhá, sobre a gesta libertadora e os seus principais atores, pude saber que entre as pessoas que labutavam no ‘bureau’ do PAIGC em Conacri ao lado de Amílcar Cabral encontrava-se a Isabel Buscardini.
    Rápido, procurei a tia Isabel para saber o que andou ela a fazer no ‘bureau’, qual foi o seu verdadeiro papel, como conheceu o engenheiro-chefe-de-guerra, como era o ambiente entre os camaradas, coisas assim. Pura curiosidade de um jovem que quer saber cada vez mais das peripécias da gesta libertadora. Naquela sua forma calma e mansa de falar - qual mulher de um celebérrimo chefe da polícia da Guiné de antanho - a tia Isabel nunca se furtou de me contar as passadas da luta, as curiosidades que se passaram no secretariado em Conacri. Mas, quase sempre interrompia a nossa conversa com um: Nha fidju no dixa pa utru dia. Era sempre quando a conversa ia no ponto.
    Um dia das nossas muitas conversas – que até cheguei a pedir para passar a gravar mas ao que ela pediu que fosse mais tarde- lá me adiantou que estava a pensar seriamente em escrever a sua memória de luta. Contar a sua versão dos factos. Fiquei entusiasmado com a ideia. Pois com os relatos que ela poderia fazer íamos, de certeza, conhecer em pormenores, factos e casos partir de alguém que privou e de perto, durante largos anos, com o Militante Numero Um do velho PAIGC. É que muita boa gente só ouviu falar de Cabral, Isabel Buscardini é daquelas pessoas que conheceu, trabalhou, privou, com o Comandante-em-chefe do PAIGC. É uma autoridade se fosse falar de Cabral e da epopeia libertadora.
    Sempre que a encontrava atirava-lhe com esta pergunta: Tia Isabel nta livro?
    A resposta era quase sempre esta: Nha fidju na purpará. Tempo kun nka tene inda, ma i na bim!

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  2. Ela tratava-me por nha fidju ao saber que sou de Mansoa, terra em que ela fora criada e da qual passou a ser deputada na legislatura ainda em curso. Quando ainda estava na direcção do Clube de Futebol “Os Balantas” de Mansoa sempre que havia uma reunião em Mansoa fazia questão de, pessoalmente, convidar a tia Isabel Buscardini para tomar parte. Lá aparecia. Várias vezes deu o seu apoio às iniciativas do Clube.
    Foi dessas andanças - contou-me alguém da entourage dela - que teria enxotado uma determinada personagem que teria tentado junto dela falar mal de mim. A resposta da tia Isabel perante o dito cujo teria sido esta: Nkata ceta pa papia mal de nha djintis na sé trás. Conta-se que o ambiente ficou tão pesado que o intrujo lá teve que fugir com o rabo entre as pernas.
    A tia Isabel partiu sem escrever o livro. É pena. Uma grande biblioteca do nosso país que se esfumou. Penso que todos nós, sobretudo, os sedentos de uma história de verdade contada pelos principais intervenientes na luta de Libertação Nacional ficamos com pena que assim tenha sido.
    Termino como comecei. Não sou do PAIGC, aliás, não sou de nenhum partido, mas sou guineense e sendo isso posso emitir esta homenagem a qual associo uma exortação no sentido de este momento servir de recolhimento e de concórdia entre os Camaradas.
    Em gesto de magnanimidade penso que o histórico partido poderia organizar uma singela homenagem à tia Isabel quanto mais não seja com base no estatuto de Combatente de Liberdade da Pátria que ela conquistou com brio e honra, isto independentemente de pertencer aos 15 ou aos cinco Camaradas que teriam estado na fundação do PAIGC nos idos de 1956!
    É apenas a minha opinião,
    Mantenhas de tchur

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