segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Guterres prestou juramento como novo secretário-geral: “ na ocasião afirmou que a ONU deve preparar-se para mudar”

Novo secretário-geral prestou juramento, assumindo a prioridade de reformar as Nações Unidas e apostar na prevenção de conflitos.

Reformar as Nações Unidas; reconstruir as relações entre as pessoas e os líderes; e apostar na prevenção de conflitos foram algumas das prioridades destacadas por António Guterres no discurso feito nesta segunda-feira, em Nova Iorque, onde jurou a Carta das Nações Unidas, antes de a 1 de Janeiro tomar posse como secretário-geral da ONU.

“A ONU deve preparar-se para mudar”, avisou Guterres, dizendo que é tempo de a organização “reconhecer as suas insuficiências e de reformar o modo como funciona”. O novo secretário-geral assumiu o objectivo de reduzir a burocracia: "Devemos focar-nos mais nos fins e menos nos processos, mais nas pessoas e menos na burocracia.” E deu um exemplo do que é inaceitável: “Não é útil para ninguém que demore nove meses a destacar um quadro para o terreno.”

Traçando um cenário do actual estado do mundo – “o fim da Guerra Fria não foi o fim da história” –, o antigo primeiro-ministro afirmou que a história voltou com vingança: “Os conflitos tornaram-se mais complexos e interligados do que antes. Produziram horríveis violações da lei humanitária internacional e abusos dos direitos humanos. As pessoas foram forçadas a deixar as suas casas numa escala que não era vista há décadas. E uma nova ameaça emergiu, o terrorismo global”, analisou.

Guterres destacou ainda que a globalização trouxe progresso, mas também “fez aumentar as desigualdades: “Muita gente ficou para trás, incluindo nos países desenvolvidos", disse, antes de salientar a necessidade de uma nova relação entre os líderes políticos e as populações. “Muitos perderam a confiança nos seus Governos e em instituições globais, como as Nações Unidas. É tempo de reconstruir a relação entre as pessoas e os líderes”, disse, perante os aplausos da assembleia-geral da ONU.

Mais tarde, em declarações aos jornalistas, Guterres disse que a única forma de restabelecer a confiança é “dizer a verdade”.

Para enfrentar os múltiplos conflitos mundiais, como a guerra na Síria, Guterres destacou a importância da “mediação” e da “diplomacia preventiva”, prometendo envolver-se “pessoalmente” se for necessário.

Já depois do discurso, nas respostas aos jornalistas, a quem pediu para não o tratarem por "excelência", Guterres voltou a falar do conflito na Síria, destacando a necessidade de “restabelecer a confiança” entre as partes em conflito e “estabelecer pontes. Mesmo deixando claro que “o secretário-geral das Nações Unidas não é o líder do mundo”, Guterres lembrou que é necessário que as partes ponham de lado as diferenças e salientou que na guerra na Síria “ninguém ganha, todos perdem”.

Num discurso em que falou alternadamente em inglês, francês e espanhol, o antigo primeiro-ministro português destacou ainda a necessidade de “melhorar a coordenação” entre as numerosas instâncias da ONU que combatem o terrorismo e de alcançar a paridade entre homens e mulheres dentro das Nações Unidas.


Logo no início do discurso, Guterres tinha sublinhado as “três prioridades estratégicas”: “o nosso trabalho pela paz, o nosso apoio ao desenvolvimento sustentável e a nossa gestão interna”. Com Publico

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