segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Morreu Mário Soares

Sem ele, tudo seria diferente em Portugal depois do 25 de Abril

A notícia que encheu a comunicação social, nacional e um pouco por todo o mundo, informa que morreu Mário Soares, a quem os portugueses muito devem. Político determinado, corajoso e consciente da importância de um socialismo de rosto humano e democrático, faleceu aos 92 anos, depois de uma vida plena de ideais de justiça social, no respeito absoluto pelos direitos humanos e pela liberdade. Era um homem culto, amante da vida e sempre pronto para a luta em defesa de uma democracia pluralista.


Diz o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa que Mário Soares «conheceu a glória e o revés, os amores e os desamores de cada instante», referindo, ainda, que «há imagens únicas que ninguém esquecerá», como «a presença corajosa ao lado de Humberto Delgado, a resistência a partir do exílio, a chegada a Santa Apolónia, o discurso na Fonte Luminosa, a disponibilidade para servir como primeiro-ministro em duas crises financeiras, a tenacidade na primeira volta das presidenciais de 1986, as presidências abertas e a alegria no diálogo com as gentes da cultura»

5 comentários:

  1. O líder do PAIGC, partido que liderou o processo de independência da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, lembrou o contributo que Mário Soares deu à autodeterminação do país do jugo colonial português e afirmou-se consternado com a sua morte.

    Domingos Simoes Pereira disse lembrar Mário Soares como "grande estadista" mas sobretudo alguém que teve uma "contribuição para a ajudar a Guiné-Bissau a tornar-se independente".

    Disse ter sido um privilégio conhecer e partilhar informações sobre a Guiné-Bissau e Portugal, com Mário Soares, e o líder do PAIGC, antigo secretário executivo da CPLP e ex-primeiro-ministro guineense, contou um episódio que teve com o ex-Presidente agora defunto.

    Mário Soares contou à Simões Pereira que escreveu uma carta, em 1970, pedindo ao então presidente do conselho, Marcelo Caetano, que se abrisse negociações com o PAIGC para a autodeterminação do povo guineense.

    Domingos Simões Pereira afirmou ter tido a oportunidade de confirmar a veracidade dessa diligência de Soares, numa conversa, recente, com o então presidente do Parlamento senegalês, Mustapha Niasse, na altura, chefe do gabinete do então Presidente Leopold Sedar Senghor.

    Para o presidente do PAIGC, Soares faz parte da lista daqueles que se afirmaram, durante o século XX, como "combatentes pela liberdade dos povos" e por isso a sua morte provoca tristeza e consternação.

    Domingos Simões Pereira endereçou sentimento de solidariedade à família de Mário Soares, ao Partido Socialista (PS) e ao povo português.

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  2. A ministra da Presidência adiantou hoje algumas das personalidades estrangeiras que estarão presentes na terça-feira no funeral de Estado do antigo Presidente da República Mário Soares, entre os quais representantes da Guiné-Bissau e de Cuba.

    Maria Manuel Leitão Marques falava aos jornalistas junto à entrada do Mosteiro dos Jerónimos, antes da chegada do cortejo fúnebre de Mário Soares, que morreu no sábado, aos 92 anos.

    Segundo a ministra da Presidência, entre as presenças já confirmadas está o Presidente da República da Guiné-Bissau, o vice-ministro das Relações Exteriores de Cuba e representantes de vários partidos europeus.


    Além destas personalidades, e ressalvando que estava a "citar de memória" e podia estar a 'falhar' alguns nomes, a ministra da Presidência falou ainda de nomes cuja presença já tinha sido anunciada, como do ministro das Relações Externas (Negócios Estrangeiros) e da Cooperação de Espanha, Alfonso Dastis, e do presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz.

    O ex-presidente do Governo espanhol e ex-líder do PSOE, Felipe Gonzalez, liderará a delegação dos socialistas espanhóis, enquanto o presidente da Assembleia Nacional angolana, Fernando da Piedade Dias dos Santos, irá representar Angola nas cerimónias fúnebres.

    O Presidente de Cabo Verde vai também participar nas cerimónias fúnebres em honra do antigo chefe de Estado português Mário Soares, bem como o Presidente do Brasil, Michel Temer.

    Hoje participará ainda nas cerimónias fúnebres Artur Más, ex-presidente da Generalitat (governo autónomo catalão).

    Mário Soares morreu no sábado, em Lisboa, e o Governo decretou três dias de luto nacional, entre hoje e quarta-feira.

    O corpo do antigo Presidente da República vai estar em câmara ardente no Mosteiro dos Jerónimos a partir das 13:00 de hoje.

    O funeral de Estado, o primeiro desde o 25 de Abril, realiza-se a partir das 15:30 de terça-feira, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, e contará com as presenças dos Presidentes do Brasil e de Cabo Verde, além de outras personalidades internacionais, como o presidente do Parlamento Europeu.

    Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares, advogado, combateu a ditadura do Estado Novo e foi fundador e primeiro líder do PS.

    Após a revolução do 25 de Abril de 1974, regressou do exílio em França e foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, tendo pedido a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e assinado o respetivo tratado, em 1985.

    Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.

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  3. José Mário Vaz - Presidente da Republica da Guiné-Bissau
    7/1 às 19:12 ·
    Foi com profundo pesar que tomei conhecimento do desaparecimento do amigo e irmão Mario Soares.
    A Democracia portuguesa ficou mais pobre. Portugal perdeu hoje um dos rostos da democracia pluralista com a coragem cívica e que mereceu o reconhecimento de todos.
    Gostaria de manifestar em nome do povo guineense e do meu próprio as nossas condolências a família neste momento de dor e consternação.
    Até sempre Mario Soares!

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  4. Mário Soares foi sepultado esta terça-feira no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa

    Portugal despediu-se hoje de Mário Soares. "Adeus, querido pai", "o pai era o nosso herói", foram as emocionadas palavras dos dois filhos, João e Isabel Soares, que discursaram na cerimónia que decorreu nos claustros do Mosteiro do Jerónimos. E que foi encerrada pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa: "Em nome de todo o Portugal, obrigado Mário Soares".

    Dos Jerónimos, a urna do antigo presidente da República seguiu em cortejo, com uma paragem em frente à Assembleia da República, onde deputados e funcionários parlamentares ocupavam as escadarias do palácio, e de onde deixaram uma longa salva de palmas. Mas foi no Largo de Rato, onde se situa a sede do PS, que milhares de pessoas se juntaram para o último banho de multidão a Soares. Foi ali que se ouviu repetidamente o slogan celebrizado na campanha presidencial de 1986 e que acompanhou o ex-chefe de Estado nos últimos 30 anos: "Soares é fixe". Muitos socialistas,anónimos e conhecidos, muitas rosas amarelas - as flores favoritas de Mário Soares.

    Faltava pouco para as quatro da tarde quando se ouviu o Hino nacional no Cemitério dos Prazeres e, novamente, muitos aplausos à chegada do armão militar que transportou a urna. Já sob um profundo silêncio, dois militares entregaram às netas as insígnias de Soares, enquanto a bandeira nacional que cobria a urna foi entregue ao Presidente da República e por este confiado à família. Mário Soares foi sepultado no jazigo da família, onde está Maria de Jesus Barroso, companheira de 66 anos de Soares, falecida em julho de 2015.

    E foi a voz de Maria Barroso que emocionou os cerca de 500 convidados que, ao início da tarde, estiveram no Mosteiro dos Jerónimos, no momento mais institucional daquele que foi o primeiro funeral de Estado após o 25 de abril. Nos claustros do mosteiro ouviu-se "Os dois poemas de amor da hora triste", de Álvaro Feijó, declamados por Maria de Jesus - uma escolha dos filhos que emocionou a sala.

    Numa declaração gravada a partir da Índia, onde está em visita de Estado, António Costa evocou o "grande português de quem tivemos o privilégio e a honra de ser contemporâneos". "Mário Soares foi, em momentos decisivos, o rosto e a voz da nossa liberdade. Desse título, que era certamente aquele que mais lhe agradaria, raros homens se podem orgulhar", afirmou o primeiro-ministro, numa intervenção projetada num grande ecrã. "Mário Soares construiu a história", é um "exemplo de génio político, que alcançava o que parecia impossível de alcançar". De Soares, Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, disse que "tinha a coragem dos grandes, sempre presente, nos momentos bons e menos bons". Já Marcelo Rebelo de Sousa destacou "o homem que fez história sabendo que a fazia mesmo quando tantos de nós se recusaram a reconhecê-lo".

    Para amanhã, dia em que se assinala o terceiro dos três dias de luto nacional, está marcada uma cerimónia no parlamento.

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  5. É o segundo dia do luto nacional decretado pelo Governo após a morte do antigo presidente e primeiro-ministro português, Mário Soares. Esta terça-feira, o país celebra a vida daquele que é considerado o pai da democracia portuguesa através de uma cerimónia fúnebre nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa. Agora, o corpo de Mário Soares passará brevemente pela Assembleia da República para ser depois depositado no cemitério dos Prazeres. É o adeus final.

    Perante a família e os amigos, chefes de Estado e a população que quis prestar uma última homenagem a Mário Soares, o corpo do antigo presidente português esteve em câmara ardente desde a última segunda-feira no Mosteiro dos Jerónimos. Mário Soares morreu este sábado no Hospital da Cruz Vermelha depois de quase um mês internado. As imagens do último adeus estão em atualização nesta fotogaleria.

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