A professora norte-americana Judith Carney,
da Universidade da Carolina, apresenta hoje em Bissau o seu livro "Arroz
Negro", que conta a história do percurso e as origens africanas do cultivo
do arroz nas Américas.
Antecipando a apresentação do livro, a
realizar no Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP), Judith
Carney, membro da Academia de Ciências dos Estados Unidos, defende que
contrariamente ao que a história ensina o arroz só chegou às Américas levado
pelos africanos e europeus.
Sintetizando a sua tese, baseada em
vários anos de estudos e um doutoramento a partir do cultivo do arroz na
Gambia, a professora Carney sustenta que a "história do arroz nas Américas
tem origens africanas".
Segundo afirma, o arroz foi levado para
as Américas por escravos que já conheciam técnicas de cultivo de há muitos anos
antes da chegada dos europeus.
"Através do livro ficamos a saber
que o arroz já era cultivado na África Ocidental há 3000 anos, isto é, mais de
25 séculos antes do desembarque dos europeus", refere uma nota distribuída
aos jornalistas pelo IBAP.
O texto, que cita a professora Judith
Carney, refere que quando os asiáticos chegaram ao continente negro, já havia cultivo
daquele cereal nomeadamente nas regiões da atual Guiné-Bissau, Senegal,
Guiné-Conacri, Serra Leoa, Mali e Libéria.
Terá sido a partir dessas zonas que se
deu o que Judith Carney chama de "domesticação do arroz", que depois
seria difundido para outros países da África e mais tarde também para fora do
continente, ressalva.
"Todos os estudos diziam que o
arroz chegou à Africa pelos portugueses nos séculos desde séculos XVI, XVII e
XVIII. O que não é verdade", indica a professora Carney.
Na nota do IBAP, pode-se ler que o livro
da professora norte-americana apresenta "provas irrefutáveis" nas
áreas da genética, botânica, etnobotânica, antropologia, agronomia, história e
cultura sobre o percurso do arroz no mundo.
Segundo o livro de Judith Carney, seriam
os escravos da África Ocidental levados para as Américas que ensinaram a
população de países como Estados Unidos, México, Brasil, Guiana, Suriname, Cuba
e outros da margem ocidental do oceano Atlântico como cultivar, descascar e
cozinhar o arroz.
Muito do arroz cultivado nesses países
das Américas seria vendido para o continente europeu, devido às suas
características diferenciadas, defende a professora Carney.
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