O Grupo das Organizações da Sociedade
Civil para as Eleições (GOSCE), reunidos no dia 20 de setembro do ano em curso,
para analisar o andamento do processo eleitoral em virtude dos atrasos
verificados para o início do recenseamento eleitoral, mas sobretudo a continua incerteza
quanto ao arranque efetivo desta etapa fundamental para garantir a participação
de todos os cidadãos com capacidade eleitoral.
O grupo saúda a Republica Federativa da Nigéria
pela disponibilização de uma parte dos kits; aos parceiros da cooperação
multilateral (CDEAO e UEMOA), bilateral (EUA, Japão, Itália) pela confirmação
dos apoios Financeiros e ao governo português pela confirmação do apoio
material.
Entretanto, a dois dias do fim do calendário
previsto para o decurso do processo de recenseamento, o grupo constata que não
foi possível criar condições efetivas para que os cidadãos com capacidade
eleitoral pudessem recensear, apesar de o governo ter recenseado os titulares dos
órgãos de soberania, o GOSCE vem exortar os seguintes:
1. O ato de registo iniciado não obedece
os procedimentos técnicos objetivos a saber:
·
Atualização do cronograma eleitoral –
não há informação da duração de recenseamento;
·
Não informação da composição e
distribuição das brigadas de recenseamento;
·
Falta de cobertura nacional das brigadas
para o recenseamento;
·
Falta de formação dos agentes da brigada
de recenseamento;
·
Falta de mobilização dos agentes fiscais
da CNE associado a inoperância das CRE´s;
·
Ausência da campanha de educação cívica
que deve acompanhar todo o processo;
2. Uma total descoordenação dos atores responsáveis
pela gestão do processo, quer na organização e partilha de informação sobre o calendário
mas também na comunicação com os parceiros implicados (comunidade internacional
e sociedade civil), bem como na comunicação com a população em geral;
3. Ausência dos recursos efetivo para a
participação da CNE e das suas estruturas regionais;
4. Criação de estruturas, através do
despacho nº 86/2018 do Gabinete do Primeiro Ministro, para gestão do processo
eleitoral não previstas no quadro legal, com competências que colidem com as do
GTAPE e da CNE.
Em virtude dos acima mencionados, o
GOSCE recomenda:
1- Ao Governo que reúna as condições
financeiras, técnicas, logísticas e operacionais para a realização do
recenseamento efetivo, credível, transparente e justo no qual todos possam
participar e reconhecer;
2- Ao GTAPE e CNE para que instituam um
mecanismo de coordenação no sentido de favorecer a atualização do cronograma
eleitoral o mais urgente possível sem por em causa os prazos legais do calendário
eleitoral, e nessa base em função das prioridades convocar o PNUD, a transferir
os recursos através do basket found, viabilizando todo o processo de
recenseamento;
3- Ao GTAPE e a CNE que trabalhem em
parceria com a sociedade civil e os Media na concretização de uma estratégia de
comunicação para a cidadania, garantindo assim o cumprimento da realização das
campanhas de educação cívica previstas na lei;
4- A todos partidos políticos
legalizados que assumam as suas responsabilidades, acreditando os seus fiscais
junto as entidades competentes para a gestão do processo;
5- A Comunidade Internacional que
continue empenhada no cumprimento dos compromissos e no apoio ao respeito às
normas legais vigentes no país;
6- Apelamos a todos os cidadãos
guineenses com capacidade eleitoral a participarem no recenseamento.
O Coletivo de Partidos Políticos sem
assento no Parlamento guineense, pediram na tarde desta quinta-feira, 20 de
setembro 2018, a demissão de Primeiro-ministro, Aristides Gomes, por ter
falhado a sua missão principal de realizar as eleições agendadas para 18 de
Novembro.
O coletivo constituído por APU-PDGB,
MADEM-G 15, UPG, PJRT, MGD, PDS, CD e FLING, realizou um pequeno comício para
manifestar a sua preocupação face ao atraso e às irregularidades registadas no
andamento do processo eleitoral, nomeadamente o recenseamento dos eleitores.
A exigência do coletivo foi tornada pública
pelo líder de Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau
(APU-PDGB), Nuno Gomes Nabiam, durante um pequeno comício realizado no espaço
cultural “LENOX”, em Bissau.
Nabiam advertiu ainda que se o chefe do
executivo não demitir pela iniciativa própria devido a incapacidade de realizar
as eleições, então o coletivo dos partidos políticos da oposição
extra-parlamentar vai fazer pressão ao Chefe de Estado, José Mário Vaz, para demiti-lo.
O político assegurou ainda que Aristides
Gomes, deve ter a ombriedade de dizer ao povo guineense que falhou no
cumprimento da missão que lhe foi incumbida, colocando assim o seu cargo à
disposição e esperar que os partidos políticos do país renovem ou não a
confiança para continuar a organizar o processo eleitoral de uma forma clara,
sem violar as leis da República.
Por seu turno, o Coordenador do
Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15), Braima Camará, informou que
os partidos políticos sem assento parlamentar agrupados no colectivo, estão
organizados e prontos para participar na eleição legislativa mesmo se fosse
amanhã, mas respeitando sempre a Constituição da República, considerando
processo eleitoral tem as suas normas, tramitações e prazos.
Braima Camará disse ainda que todos os
governos que passaram no país no momento eleitoral, assumiram a sua
responsabilidade em recensear todos os filhos da Guiné-Bissau com idade de
votar e as eleições correram de maneira livre, justa e transparente. O atual
chefe do governo, disse Camará, quer realizar o processo eleitoral, sem
respeitar as normas, favorecendo o PAIGC, porque quer ser candidato às
presidenciais.
Entretanto, um comunicado do coletivo
distribuido à imprensa, acusa o governo de “violar flagrantemente” a lei do
recenseamento eleitoral, uma vez que nos termos dessa lei, o prazo mínimo de
atualização do recenseamento eleitoral no país não deve ser inferior a 60 dias,
ou seja, dois meses.
“Para além destas ilegalidades que o
atual governo está cometer em termos de prazos de recenseamento eleitoral,
houve fraca ou quase inexistente campanha da educação cívica e a sua
centralização exclusivamente na capital, deixando as populações nas regiões sem
suporte informativo sobre o processo, assim como o não envolvimento da
sociedade civil, a não conclusão até data presente de cartografia eleitoral,
ficando os interessados sem conhecerem os mapas de localizações das mesas, bem
como número de brigadas de recenseamento”, lê-se no comunicado.
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