A maior parte das instalações da unidade naval, as casernas o Comando, a cozinha, a padaria entre outras transformaram-se em ilhós e semi-ilhós onde a água flutua em baixa das camas dos soldados.O estado inundante de uma das cozinhas obrigou as cozinheiras suspender temporariamente a preparação da refeição do dia, aguardando que água desça de nível.O cenário frequente na época das chuvas, ainda não tem ainda uma solução de vista, isso não obstante as diligências do Estado-Maior General das Forças Armadas em curso desde o mês passado que visam procurar um sítio provisório para albergar os efectivos.A situação pode acarretar riscos de saúde para o pessoal da unidade naval porque esta inundação é capaz de trazer todo consigo e deixar todo aquilo que é capaz de infectar os alojamentos, as cozinha padaria e outros locais por onde passou água. A degradação das infra-estruturas navais herdadas da marinha colonial portuguesa é cada vez visível e não para de avançar, facto que constitui uma preocupação para as autoridades militares desprovidas de meios de intervenção para sanear a situação e manter sempre alto o moral dos efectivos.Quanta as causas desta inundação, elas estão sempre ligadas aos efeitos da erosão que acelera o rápido crescimento do nível da lama no mar e como também ao mau funcionamento dos canais de drenagem das águas fluviais e usadas provenientes da cidade.A situação é crítica, aliás foi também a constatação do Vice-Chefe de Estado-Maior da Armada, Comodoro Armando Siga, que disse se recordar ainda de acontecimento similar em 2016, em que apareceu na câmara da Televisão guineense para explicar o estado das instalações da marinha mas que infelizmente não teve uma solução.As consequências actuais que a marinha vive, são reflexos do facto, que os portos de Bissau não sofreram dragagens há mais de 40 anos, um factor que facilitou a subida do nível de lama até entupir os esgotos da cidade. São essas as causas fundamentais das sucessivas inundações observadas em 2016, 2017 e 2018.O Vice-Chefe de Estado-Maior da Armada assegurou que já não existem condições para continuar nessas instalações; os factos justificativos são já ilustrados pela realidade mas enquanto militares, não compete-nos tomar a decisão de abandonar as instalações e ir para um outro local mais adequado.Instado a pronunciar-se sobre a reacção do Estado guineense, face ao triplicado cenário, de inundação que conheceu a marinha, Siga respondeu não ter conhecimento se houve ou não um gesto.
Em começos da década de 90, o exército
guineense contava com cerca de 5700 homens no exército, divididos por um
batalhão de tanques, 4 batalhões de infantaria (5 em algumas fontes), um
batalhão de artilharia, um de reconhecimento e uma unidade de engenharia. A
infantaria estaria armada principalmente com espingardas de assalto AK-47,
algumas FN FAL, diversos modelos de metralhadoras pesadas e lançadores de
granadas RPG-7. O batalhão de tanques seria composto por 10 T-34 (do tempo da
Guerra Colonial), os 30 T-54 e T-55 estariam já fora de uso há alguns anos e 12
PT-76s seriam os que restavam dos 15 originais. Os T-34 também não são vistos
há alguns anos. Os batalhões de infantaria e o esquadrão de tanques seriam
complementados por 55 BTRs-50/60 e
alguns 152 e BRDM-2. A artilharia seria composta por cerca de 30 peças de
artilharia de 85, 105 e 122 mm estariam disponíveis, assim como armas anti-aéreas
de 23 mm e alguns morteiros de 82 mm e 8 morteiros 120 mm. Em termos de defesa
aérea estariam disponíveis alguns SA-7 e Strella-2. Um relatório de 2008 da ONU
indicava que nos três ramos, existiam 4 mil homens. Outras fontes mencionavam
um total de 4430 homens sendo que esta discrepância se pode dever à inclusão
(ou não) dos 2 mil homens da “Guarda Nacional” neste efetivo. Por seu lado, em
2007, a CIA, no seu “CIA World Fact Book” estimava que existiriam 9250 homens.
No total, a Guiné-Bissau gastaria por ano 9,46 milhões de dólares ou seja 3,1%
do seu magro PIB em Defesa.
Especial interesse tem agora (no que
concerne à eventual oposição armada a uma força de interposição da ONU/CPLP) a
marinha guineense que, em meados da década de 90, tinha 275 militares que
serviam 2 POLUTCHAT-1 ex-soviéticas, unidades que já foram desativadas há
muito, assim como um torpedeiro ex-soviético SHERSHEN (Project 206 Shtorm).
Esta lancha tinha como único armamento anti-superfície torpedos, mas sem o
radar de controlo que armava o modelo nas marinhas do Pacto de Varsóvia. Não
tinha nem sonar, nem a capacidade (planeada) de transporte de cargas de
profundidade, nem armamento (canhão ou metralhadora). O navio foi doado em
dezembro de 1978, mas sem os tubos de torpedo e não há indícios de que tenha
estado alguma vez operacional. O essencial da marinha guineense de hoje assenta
em duas lanchas de construção francesa PLASCOA 1900, as lanchas Cacine e Caió
doadas por França em finais da década de 90. Construídas no começo dessa década
como “vedetas de vigilância” e tendo 19m40 de comprimento e uma deslocação de
34 toneladas e duas hélices alimentadas por dois motores Detroit Diesel (GM) 12
V 71 turbocompressores de 671 kw. Estes navios foram concebidos para uso pelos
serviços franceses de alfândegas e têm um uso idêntico na Guiné-Bissau estando
uma delas permanentemente baseada em Cacheu, onde tivemos ocasião de a visitar
em março de 2011. Na atualidade, a Marinha Guineense conta assim com cerca de
350 militares (quase mais uma centena que na década de 90, mas com muito menos
meios) e 3 patrulhas em estado incerto de operacionalidade sendo que as lanchas
Caine e Caió (modelo PLASCOA 1900) estariam operacionais embora o seu armamento
(uma metralhadora pesada na proa) nunca seja visto instalado e cerca de meia
dúzia de lanchas Semi-Rígidas de Fiscalização. A Caió estava em reparação e não
tem sido vista no mar. O Navio Balizador Samboia encontrava-se no Cais da
Marinha na Guinave e não é certo que tenha sido reposto em estado operacional.
A Força Aérea Guineense tinha em finais
da década de 1980, 6 MiG-17, 2 transportes Do-27 (doado pela Alemanha), 2
Yak-40, 1 transporte de turbo-hélices HS-748 de origem britânica de finais da
década de 50, 1 Cessna 337 e um avião de transporte VIP Mystère Falcon. Em
termos de helicópteros possuía 2 Alouette II (ex-portugueses) e um único Mi-8
ex-soviético. Desse inventário, mantido por cerca de 100 militares entre 3 a 5
MiG-17F se manterão num estado teórico de operacionalidade. Na década de 90
foram também recebidos 8 helicópteros A-318 e SA-319 de França. Na prática, há
alguns anos que nenhum MiG-17 ou 21 realiza qualquer voo operacional ou de
treino. Os dois MiG-15 UTI não estão certamente operacionais e estarão
armazenados pelo menos desde a década de 90. Em 1978, França ofereceu um Reims-Cessna
FTB.337 de patrulha marítima e um terceiro Allouette III, que será hoje o único
ainda utilizável (embora também não voe há algum tempo). Um Dassault Falcon 20F
para uso VIP, doado por Angola seria vendido aos EUA na década de 80. Há
relatos de que os 3 ou 5 MiG-17 foram substituídos por num número equivalente
de MiG-21MF em finais da década de 80, mas não existem provas de tal
substituição. Um avião de transporte AN-24 e um terceiro Yak-40 foram entregues
também na mesma data. Posteriormente, na década de 90 foram entregues alguns
(número indeterminado) PZL-Mielec Lim-6 Fresco, a versão polaca do MiG-17,
aparelhos abatidos das forças aéreas polaca e alemã oriental, mas não é certo
que tenham voado alguma vez com as cores da Guiné-Bissau, sendo possivelmente
usados apenas para peças de substituição. Segundo todas as informações, não
existe nenhum avião a reação operacional na força aérea guineense, atualmente.
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