Festa da Ascensão: O Senhor Jesus amplia os espaços de comunicação da sua presença de Ressuscitado no mundo. Festa da Ascensão: a Igreja recebe a missão, na forma de mandato, de ir por todo o mundo anunciar a alegre notícia do futuro que nos aguarda e o Espírito Santo vai construindo em nós e no mundo.
Ao longo do tempo pascal, a Igreja
apresenta-nos o Ressuscitado em várias aparições que credibilizam o que
aconteceu a Jesus crucificado e fazem memória dos seus ensinamentos. Mostra-nos
também a reacção dos discípulos que vão refazendo as suas convicções e
atitudes. Faz a ponte, como em Lucas, com a Igreja nascente, salientando a
função singular do Espírito Santo.
S. Leão Magno, papa do século V, procura
o sentido destas semanas e afirma: “Irmãos caríssimos, durante todo este tempo,
decorrido entre a ressurreição do Senhor e a sua ascensão, a providência de
Deus esforçou-se por ensinar e insinuar, não só nos olhos mas também nos
corações dos seus, que a ressurreição do Senhor Jesus era tão real como o seu
nascimento, paixão e morte”.
Lucas, o autor dos relatos lidos na
liturgia de hoje, localiza a Ascensão em Betânia, nos arredores de Jerusalém,
após a aparição aos discípulos e a sua identificação, mostrando os sinais da
sua paixão e comendo um pedaço de peixe grelhado. (Lc 24, 46-53). Narra a
pedagogia de Jesus que acompanha, recorda, caminha, dialoga, exorta, dá a
bênção e faz a promessa de, juntamente com Deus Pai, enviar o Espírito Santo.
“Vós sois testemunhas disso”, atesta com toda a clareza. A bênção constitui o
legado de toda a sua vida; a promessa garante o Espírito Santo, o Mestre que,
de agora em diante, recorda o que aconteceu e descobre o seu sentido profundo,
ilumina os caminhos da missão, “unge” e robustece as forças organizativas da
instituição eclesial.
“A promessa e a bênção da ascensão comprometem
a Igreja na história a testemunhar a presença do Ressuscitado e a esperar a sua
vinda gloriosa. Testemunho e espera são os reflexos eclesiais e espirituais do
acontecimento da ascensão como promessa e bênção”. (Manicardi). O compromisso
envolve todos os membros da Igreja e suas comunidades, que dão rosto humano a
Jesus na fase nova da sua “vida oculta”: no pobre e excluído, na família e suas
associações, nas assembleias dominicais e suas celebrações, sobretudo
eucarísticas, nas fases da vida humana mais débeis e sofridas, nos feitos
gloriosos da humanidade em festa, na hora da morte, enquanto “porta aberta”
para o grande encontro, a dimensão nova em que Jesus se encontra.
A Festa da Ascensão convida-nos a cuidar
do olhar para ler o “oculto” e dar-lhe nome, a escutar a voz secreta da
consciência e decifrar as suas mensagens, a estar atento “conectado” ao que
acontece e reagir positivamente, vencendo a acomodação do ambiente que nos
envolve e adormece.
E Jesus condensa a sua mensagem: Sereis
minhas testemunhas até aos confins da terra. Fazei discípulos de todos os
povos. Eu estou convosco todos os dias até ao fim do mundo. Servi-vos dos meios
adequados à cultura dos povos. Percorrei os espaços da comunicação. Sede
simples como pombas e prudentes como serpentes.
E, impelida pela força do Espírito
Santo, começa a missão da Igreja; missão que tem revestido muitas formas de
realização. No nosso tempo, as formas de relação e os meios de comunicação têm
sido muito diversos. Hoje ocorre a celebração o Dia Mundial das Comunicações
Sociais como fenómeno envolvente de toda a humanidade. O Papa Francisco e
muitos bispos em sintonia com ele publicam mensagens que alertam para a
necessidade de colocar as comunidades de redes sociais ao serviço da comunidade
humana.
O último parágrafo intitula-se: «Do
“like” ao “amen”. Ou seja do gosto à convicção, da atração à adesão livre e
confiante. Pode ser um caminho de iniciação à fé cristã. Ficamos com algumas
das suas afirmações que têm como referência a rede social e o corpo humano:
A imagem do corpo e dos membros
recorda-nos que o uso das redes sociais é complementar do encontro em carne e
osso, vivido através do corpo, do coração, dos olhos, da contemplação, da
respiração do outro. Se a rede for usada como prolongamento ou expetativa de
tal encontro, então não se atraiçoa a si mesma e permanece um recurso para a
comunhão. Se uma família utiliza a rede para estar mais conectada, para depois
se encontrar à mesa e olhar-se olhos nos olhos, então é um recurso. Se uma
comunidade eclesial coordena a sua atividade através da rede, para depois
celebrar juntos a Eucaristia, então é um recurso. Se a rede é uma oportunidade
para me aproximar de casos e experiências de bondade ou de sofrimento distantes
fisicamente de mim, para rezar juntos e, juntos, buscar o bem na descoberta
daquilo que nos une, então é um recurso.
Assim, podemos passar do diagnóstico à
terapia: abrir o caminho ao diálogo, ao encontro, ao sorriso, ao carinho… Esta
é a rede que queremos: uma rede feita, não para capturar, mas para libertar,
para preservar uma comunhão de pessoas livres. A própria Igreja é uma rede
tecida pela Comunhão Eucarística, onde a união não se baseia nos gostos
[«like»], mas na verdade, no «amen» com que cada um adere ao Corpo de Cristo,
acolhendo os outros.
Festa da Ascensão: O Senhor Jesus amplia
os espaços de comunicação da sua presença de Ressuscitado no mundo. Festa da
Ascensão: a Igreja recebe a missão, na forma de mandato, de ir por todo o mundo
anunciar a alegre notícia do futuro que nos aguarda e o Espírito Santo vai
construindo em nós e no mundo.
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