“A mim interessa-me a Guiné-Bissau acima de qualquer religião ou etnia e interessa-me mais a união e respeito inter-étnico e inter-religioso entre os guineenses, do que ter qualquer Rei de meia tigela a eternizar-se no poder…” - Jorge Herbert
Ainda
em relação ao assunto N’Batonha, sempre ouvi dizer que a ignorância e a
estupidez têm muita força, principalmente quando aglutinados. No entanto, até
este assunto N’Batonha, apenas tinha constatado a veracidade disso, em pequenos
assuntos da vida. Agora, ver um país inteiro a aceitar participar numa tamanha
manipulação de sentimentos e convicções étnico-religiosas, apenas para servir
um aspirante a Rei com vontade de se perpetuar no poder, é coisa que ainda não
esperava ver na Guiné-Bissau!
Depois
de múltiplas viagens sem inequívoca rentabilidade para o país, perseguições e
espancamentos arbitrários de todos que ousarem questionar as suas negociatas,
uma indubitável participação num negócio obscuro com gentes tão ou mais “séria”
que ele (segundo o próprio disse) com uma criminosa aeronave que violou o nosso
espaço aéreo e aeroportuário e aí ficou abandonado com total conhecimento e
consentimento da Presidência da República e agora aparentemente também do
Primeiro-ministro que mantém o conveniente silêncio em relação ao assunto que a
maioria dos guineenses temem sequer abordar, uma clara fantochada de tentativa
de golpe de Estado com contornos de um filme de cowboy barato, que serviu
apenas para limpar os indesejados e conseguir oprimir e silenciar os
opositores, eis que o Presidente da República da Guiné-Bissau destapou a cara e
mostrou aos guineenses a sua verdadeira intenção e dos seus financiadores…
Sendo um homem com provas dadas de ser portador de forte complexo étnico-religioso,
estimulou a sociedade guineense a dividir-se e até incendiar-se com ataques e
defesas de questiúnculas religiosas, para ele melhor conseguir reinar o país!
Desenganem-se
guineenses, o problema não está na construção de uma Mesquita no centro da cidade
de Bissau, nem tão pouco está no benefício dos islâmicos contra o resto da
população guineense! O guineense não é nem nunca foi um povo tribalista e nunca
conhecemos graves conflitos étnico-religiosos, como já se viu noutros destinos
deste planeta. O Presidente da República quer apenas estimular uma divisão no
seio dos guineenses, para melhor conseguir reinar no país. por isso, peço por
favor aos muçulmanos, cristãos e animistas, fulas, mandingas, papeis, balantas
e mestiços, não se envolvam em conflitos que vos levem a agredir ou
confrontarem-se, porque isso não servirá a Guiné-Bissau nem aos guineenses, mas
apenas a um único tribalista e islâmico, que quer perpetuar-se no poder, à
custa da divisão de um povo que sempre viveu com tolerância e miscigenação do
seu mosaico étnico e religioso.
É
certo que o próprio aspirante a Rei já se apercebeu que, apesar de poucos se
manifestarem, a grande maioria dos guineenses estão fartos dele, têm vergonha
do presidente que têm e o querem ver pelas costas! Até mesmo aqueles parasitas
que orbitam a sua volta e se alimentam das suas migalhas, já não podem vê-lo,
porque volta e meia os humilha aqui ou acolá, mas por medo, mantêm-se em
silêncio ou até o elogiam na esperança de cair mais migalhas. A maioria dos
políticos que o apoiaram na segunda volta das eleições presidenciais em que
saiu vencedor, já estão fartos dele e o querem ver fora do trono…. Obviamente
que há aqueles cuja a ignorância é ainda maior que a do Rei e continuam a
servi-lo de forma incondicional, quer faça sol, quer faça chuva, porque a
inteligência só dá para a submissão, seguidismo e fazer eco das palavras do Rei
sem Roque.
Portanto,
o próprio Rei sem Roque já ganhou consciência que vai nú, mas rodeado de
parasitas medrosos e merdosos que não lhe chegam para a sobrevivência
prolongada no trono e aposta na divisão dos guineenses, estimulando conflitos
étnico-religiosos, para dessa forma enfraquecer a maioria que já não o suporta
na presidência e ao mesmo tempo angariar, dentro dessa maioria da população, a
simpatia dos muçulmanos…
Nunca
foi tão importante e urgente respeitarmos as nossas diferenças étnicas e
religiosas e contestar ou defender as obras de N’Batonha ou outros assuntos do
interesse nacional, com base em argumentos ambientais, técnicos, legais e até
políticos, mas nunca com base em argumentos étnico-religiosos, que apenas vai
servir para incendiar e dividir a sociedade guineense e facilitar a
continuidade do aspirante a Rei…
Pela
minha parte, sou contra as obras nesse local, porque agride a Avifauna e faz
com que a cidade de Bissau perca a possibilidade de ter no futuro o seu parque
da cidade com uma fauna como nunca visto noutro ponto do planeta,
independentemente de ser uma Mesquita, uma Igreja, um Mosteiro ou até uma
estátua do Rei todo nú, a ser construído no local… A mim interessa-me a
Guiné-Bissau acima de qualquer religião ou etnia e interessa-me mais a união e
respeito inter-étnico e inter-religioso entre os guineenses, do que ter
qualquer Rei de meia tigela a eternizar-se no poder…
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