Imagens recolhidas no terreno em pleno mês de
novembro pelo jornal O Democrata, através de um dos repórteres da Rádio Jovem,
mostram como a situação pode tornar-se dramática ainda que não chova, se
medidas urgentes não forem tomadas para sanar o problema.
A estrada que liga Catió, região de Tombali, à Buba,
região de Quinará, com apenas 58 quilómetros de extensão, encontra-se num
avançado estado de degradação, quase intransitável, como se pode deduzir pelas
imagens.
As más condições do percurso devem-se às fortes
chuvas que anualmente se registam no sul da Guiné-Bissau, uma vez que o caminho
consiste numa picada em terra batida, como sempre foi desde a Independência do
país.
No sector de Empada, uma das localidades também sem
infraestruturas rodoviárias e a poucos quilómetros de Catió, tentavam circular
vários veículos de passageiros e viaturas de transporte coletivo superlotadas,
com destino à cidade na região de Tombali, constatou o jornalista.
O repórter esteve no sul para acompanhar e
fiscalizar a primeira fase dos programas do Fundo da ONU para a Infância
(UNICEF) sobre a saúde das mulheres e crianças, emitidos pelas rádios
comunitárias da zona. A reportagem revelou uma situação em que uma grávida em
trabalho de parto da tabanca de Gã-Tunghan, uma localidade situada entre Catió
e Buba, foi obrigada a embarcar numa viatura de transporte coletivo superlotada
em condições “desumanas”.
“A família da grávida não tinha outro recurso. A
ambulância do hospital de Buba tinha sido solicitada, mas não conseguiu deslocar-se
para tabanca devido às más condições da estrada. Ela foi embarcada no carro,
gemendo e contorcendo-se de dores”, explica.
O nosso entrevistado não soube precisar se a grávida
chegou a Buba ou não e em que condição terá chegado. Apenas vislumbrar a
grávida a ser transferida de uma viatura para outra e ficar melhor acomodada.
“Devido às más condições da via, as estradas são
reforçadas com fragmentos de madeira e paus para permitir a circulação
automóvel. Algumas viaturas não conseguem efetuar o percurso e acabam por
sofrer danos durante a viagem. Quando isso acontece os passageiros a pernoitam
no local e alguns chegam a ficar na mata dois dias para resolver a situação de trânsito”,
referiu.
“Quando a situação se agrava os passageiros são
obrigados a sair todos do carro para permitir que este seja movimentado com
maior facilidade”, sublinha. O nosso interlocutor informou que a polícia não intervém
mesmo vendo pessoas perigosamente amontoadas em cima das viaturas.
Em 2013, um trator de uma empresa Chinesa a operar
na zona foi utilizado para puxar os veículos que não conseguiam atravessar a
estrada “cortada” pela corrente da água. Os motoristas pagavam quinze mil
francos cfas (15 mil cfas) pelo serviço denominado de “socorro”.
Uma fonte contatada pelo nosso jornal disse que um
dos fatores de acidentes tem a ver com uma longa curva na estrada que por vezes
fica muito escorregadia, sobretudo quando chove, provocando acidentes de
viação.
O transporte de contentores de madeiras por parte
das empresas chinesas que operam nesta zona é apontado por muitos como um dos
fatores que contribuiu também para danificar o troço, que há muito tempo sempre
foi objeto de muitas promessas de reparação, mas sem solução concreta.
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