Sabemos como
é difícil dar a mão à palmatória, reconhecer os erros cometidos, sobretudo
quando esses erros tenham produzido consequências criminosas. Para tanto, é
preciso ser honesto mental e intelectualmente; é preciso amar a verdade; é
preciso ter sentido de honra, de dignidade e, sobretudo, é preciso ter
consciência da dignidade do ser humano, independentemente da cor da sua pele,
da sua origem racial e étnica, da sua condição social, económica, cultural e
civilizacional. Para tanto, é preciso estar de boa-fé.
Ora, não
existe boa-fé da parte daqueles que, depois de terem cometido o crime da
colonização, ainda e apesar de todas as condenações internacionais, persistem
em pensar que tinham razão e continuam a querer vingar-se daqueles que os
expulsaram do poder nas suas terras e países.
Também, não
existe boa-fé em nenhum dito intelectual que defenda ideias xenófobas. Quando
muito, existirá uma de duas condições: ou burrice e incapacidade de espírito
científico, de pesquisa, de investigação; ou intenção premeditada de enganar
uns para conseguir que hostilizem outros, isto é, ou existe sofisma no
pensamento de quem defenda aquelas ideias de xenofobia.
Vejamos se
não é como digo:
Se é verdade
que os Balantas não prestam e são a causa de todos os males na Guiné-Bissau,
então também é verdade que os Judeus não prestam e, em consequência, Hitler
teve toda a razão em persegui-los, roubá-los e matá-los massivamente! Mas
sabemos todos que isto não é verdade: todo o mundo condena Hitler como pior do
que Átila, como um dos maiores criminosos da História da humanidade e o
Tribunal Penal Internacional, no célebre Julgamento de Nuremberga, depois de
1945, encarregou-se de julgar os criminosos Nazis, cujos sobreviventes ainda
hoje são perseguidos mundialmente.
Se é verdade
que os Balantas não prestam e são a causa de todos os males na Guiné-Bissau,
então também é verdade que os Tutsis não prestam e que os Hútus tiveram razão
em se organizar e massacrá-los (mais de 500.000 mortos). Mas sabemos todos que
isto não é verdade: todo o mundo repudiou e o Tribunal Penal Internacional
condenou esse massacre como sendo um genocídio cometido voluntaria e
organizadamente no Ruanda a partir de 1994.
Se é verdade
que os Balantas não prestam e são a causa de todos os males na Guiné-Bissau,
então também é verdade que Slobodan Milosevic teve toda a razão em mobilizar os
Sérvios a massacrar, roubar e estuprar os kosovianos de origem albanesa e
muçulmana, a partir de 1989. Mas sabemos todos que isto não é verdade: todo o
mundo repudiou e o Tribunal Penal Internacional julgou, condenou e executou os
responsáveis por esse massacre hediondo e desumano.
Então, em
que é que ficamos?
O Eduardo
Costa Dias e o ISCTE querem que o Estado da Guiné-Bissau e nós, os seus
cidadãos, os levemos a Tribunal Penal Internacional por instigação ao genocídio
e a crimes contra a humanidade?
Ou se calam,
ou organizamos um abaixo-assinado para todos os Bissau-guineenses exigirem ao
Tribunal Penal Internacional uma tomada de posição processual sobre o assunto.
E, pelo caminho, enviaremos à Assembleia da República Portuguesa uma petição no
sentido de ordenar aos Tribunais portugueses que acionem criminalmente esses
dois falsos investigador e Instituto.
Querem? Não
custa muito, nos tempos de hoje, com a Internet. Até sai mais barato do que
possam imaginar e, seguramente, muitos advogados portugueses honestos,
democratas e pessoas de bem vão querer assumir o patrocínio da Guiné-Bissau e
dos Balantas num processo criminal contra Eduardo Costa Dias e o ISCTE!
Cuidem-se, ou aguardem-nos…
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