quarta-feira, 10 de abril de 2013

Procurador Geral Republica da Guiné-Bissau nega ligações entre narcotraficantes e Governo e presidência


Bissau - O Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau, Abdu Mané, disse hoje que as acusações de ligações de narcotraficantes ao Governo e à Presidência do país são falsas e falou de "uma campanha negra contra o Estado".

Abdú Mané falava hoje aos jornalistas após uma reunião com o primeiro-ministro do Governo de transição, Rui de Barros, um dia depois de terem sido conhecidos dados sobre o caso da detenção de alegados narcotraficantes guineenses por parte dos Estados Unidos, entre eles o antigo chefe da marinha Bubo Na Tchuto.

Dois dos acusados terão admitido ligações com o primeiro-ministro e com o Presidente de transição.

Hoje, o Procurador disse que o Ministério Público não se quer pronunciar muito sobre o caso, por aguardar mais informações das autoridades norte-americanas, mas falou de uma campanha contra a Guiné-Bissau, país que infelizmente tem "bons e maus vizinhos".

"Há maus vizinhos, as pessoas não devem de ter a memória curta. A Guiné-Bissau sempre fez tudo ao nível dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e é pena que hoje a Guiné-Bissau esteja nesta situação", disse, sem dar mais explicações.

Abdu Mané frisou que "assuntos de Estado devem de ser tratados de forma séria" pelo que sem elementos suficientes não se vai pronunciar. E afiançou que a Guiné-Bissau vai trabalhar "de mãos dadas" com a comunidade internacional no que se refere à Justiça.

O responsável disse também que é preciso "ter coragem de falar" mas com "certeza e segurança jurídica", porque não se pode falar com base em rumores. "Tudo o que tem sido posto na rua tem sido na base de rumores, não podemos continuar a trabalhar na base de rumores", disse, acrescentando que a colaboração com a comunidade internacional na luta contra o narcotráfico e impunidade tem de ser "na base de coisas reais".

Abdu Mané disse ainda aos jornalistas que falou com o primeiro-ministro do andamento de outros processos a serem investigados pela Procuradoria e elogiou a colaboração da Procuradoria-Geral da República de Portugal.

Dos processos em investigação, nomeadamente assassina, disse o procurador que "o único que está relativamente atrasado" é o caso da morte do antigo Presidente "Nino" Vieira, por ser necessário ouvir pessoas que estão no estrangeiro.

Nos casos dos assassínios, há quatro anos, de Baciro Dabó e Helder Proença, "a cooperação judiciária internacional está a trabalhar muito bem".

"Emitimos duas cartas rogatórias e temos tido uma colaboração da parte da Procuradoria portuguesa. Não falo da parte política, agora a cooperação judiciária relativamente a Portugal estamos satisfeitos no Ministério Público, há uma colaboração, uma disponibilidade quase que permanente da parte da Procuradoria. Não temos razões de queixa e os processos estão bastante avançados", disse.

Abdu Mané adiantou ainda que outros casos, como o do alegado desvio de 12 milhões de dólares oferecidos por Angola, estão bastante avançados, sem adiantar pormenores devido ao segredo de justiça.

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