Bissau
- O Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau, Abdu Mané,
disse hoje que as acusações de ligações de narcotraficantes ao
Governo e à Presidência do país são falsas e falou de "uma
campanha negra contra o Estado".
Abdú
Mané falava hoje aos jornalistas após uma reunião com o
primeiro-ministro do Governo de transição, Rui de Barros, um dia
depois de terem sido conhecidos dados sobre o caso da detenção de
alegados narcotraficantes guineenses por parte dos Estados Unidos,
entre eles o antigo chefe da marinha Bubo Na Tchuto.
Dois
dos acusados terão admitido ligações com o primeiro-ministro e com
o Presidente de transição.
Hoje,
o Procurador disse que o Ministério Público não se quer pronunciar
muito sobre o caso, por aguardar mais informações das autoridades
norte-americanas, mas falou de uma campanha contra a Guiné-Bissau,
país que infelizmente tem "bons e maus vizinhos".
"Há
maus vizinhos, as pessoas não devem de ter a memória curta. A
Guiné-Bissau sempre fez tudo ao nível dos PALOP (Países Africanos
de Língua Oficial Portuguesa) e é pena que hoje a Guiné-Bissau
esteja nesta situação", disse, sem dar mais explicações.
Abdu
Mané frisou que "assuntos de Estado devem de ser tratados de
forma séria" pelo que sem elementos suficientes não se vai
pronunciar. E afiançou que a Guiné-Bissau vai trabalhar "de
mãos dadas" com a comunidade internacional no que se refere à
Justiça.
O
responsável disse também que é preciso "ter coragem de falar"
mas com "certeza e segurança jurídica", porque não se
pode falar com base em rumores. "Tudo o que tem sido posto na
rua tem sido na base de rumores, não podemos continuar a trabalhar
na base de rumores", disse, acrescentando que a colaboração
com a comunidade internacional na luta contra o narcotráfico e
impunidade tem de ser "na base de coisas reais".
Abdu
Mané disse ainda aos jornalistas que falou com o primeiro-ministro
do andamento de outros processos a serem investigados pela
Procuradoria e elogiou a colaboração da Procuradoria-Geral da
República de Portugal.
Dos
processos em investigação, nomeadamente assassina, disse o
procurador que "o único que está relativamente atrasado"
é o caso da morte do antigo Presidente "Nino" Vieira, por
ser necessário ouvir pessoas que estão no estrangeiro.
Nos
casos dos assassínios, há quatro anos, de Baciro Dabó e Helder
Proença, "a cooperação judiciária internacional está a
trabalhar muito bem".
"Emitimos
duas cartas rogatórias e temos tido uma colaboração da parte da
Procuradoria portuguesa. Não falo da parte política, agora a
cooperação judiciária relativamente a Portugal estamos satisfeitos
no Ministério Público, há uma colaboração, uma disponibilidade
quase que permanente da parte da Procuradoria. Não temos razões de
queixa e os processos estão bastante avançados", disse.
Abdu
Mané adiantou ainda que outros casos, como o do alegado desvio de 12
milhões de dólares oferecidos por Angola, estão bastante
avançados, sem adiantar pormenores devido ao segredo de justiça.
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