Bissau - O governo de transição da Guiné-Bissau
classificou hoje de "falsas, tendenciosas e mentirosas" as afirmações
sobre o alegado envolvimento do primeiro-ministro e do Presidente de
transição no tráfico de drogas."Estas afirmações visam, até para os menos entendidos, desacreditar
as instituições da República, desestabilizar o país e semear a
confusão", diz um comunicado do governo lido hoje pelo ministro da
Presidência do Conselho de Ministros e porta-voz, Fernando Vaz.
Dois dos alegados narcotraficantes detidos pelas autoridades
norte-americanas que estão a ser ouvidos nos Estados Unidos terão dito
que tinham ligações ao governo e à Presidência da República, segundo a
acusação da procuradoria federal do distrito de Manhattan.
Os dois acusados foram detidos na semana passada, juntamente com o
almirante guineense Bubo Na Tchuto, a quem os Estados Unidos classificam
há muito como "barão" da droga.
O governo de transição nota que o processo-crime a que responde Bubo
Na Tchuto decorre sob segredo de justiça e que as informações são
prestadas através de comunicados, "cujo teor não correspondem às
calúnias" divulgadas.
Fernando Vaz acusou nomeadamente "blogues irresponsáveis" e uma
agência de notícias internacional de divulgarem informações falsas no
quadro de "atividades subversivas contra o governo de transição".
Manuel Serifo Nhamadjo (Presidente de transição) e Rui de Barros
(primeiro-ministro), são "pessoas de princípios, dignidade e decência",
nunca participaram e atos relacionados com tráfico de droga e "não
tinham conhecimento dos factos que motivaram a detenção do
contra-almirante José Américo Bubo Na Tchuto e outros, e jamais dariam a
o seu acordo na utilização da Guiné-Bissau como interposto de drogas",
disse Fernando Vaz.
O ministro negou também que alguma vez fosse usado dinheiro de
tráfico de droga para pagar salários na Guiné-Bissau, cujos fundos têm
vindo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO),
União Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA) e governo da Nigéria.
Tal proveniência, disse, pode ser comprovada.
O governo de transição, adiantou Fernando Vaz, reconhece que tem
dificuldades para combater a criminalidade transnacional, principalmente
o tráfico de drogas, e o primeiro-ministro pediu inclusivamente ajuda
aos governos dos Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, França e à CEDEAO.
O ministro da Justiça também pediu a colaboração dos seus homólogos da
CEDEAO, disse o porta-voz.
"O governo guineense incita, mais uma vez, a comunidade internacional
à concessão da ajuda solicitada", diz o comunicado, no qual se garante
que "o terrorismo interno não existe na Guiné-Bissau" e que o governo
prende e extradita qualquer estrangeiro ligado às organizações
terroristas Al-Qaida ou Aqmi, a requerimento dos Estados interessados.
Sobre Bubo Na Tchuto, Fernando Vaz esclareceu que o mesmo "passou à
reserva compulsiva desde 26 de dezembro de 2011" e que desde essa data
não exerce nenhuma função ou cargo. Neste momento é suspeito mas não
condenado e a sua defesa é um direito constitucional de natureza
processual penal e uma obrigação correlata do Estado, disse.
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