quarta-feira, 10 de abril de 2013

Governo da Guiné-Bissau nega envolvimento em tráfico de droga

Bissau - O governo de transição da Guiné-Bissau classificou hoje de "falsas, tendenciosas e mentirosas" as afirmações sobre o alegado envolvimento do primeiro-ministro e do Presidente de transição no tráfico de drogas."Estas afirmações visam, até para os menos entendidos, desacreditar as instituições da República, desestabilizar o país e semear a confusão", diz um comunicado do governo lido hoje pelo ministro da Presidência do Conselho de Ministros e porta-voz, Fernando Vaz.

Dois dos alegados narcotraficantes detidos pelas autoridades norte-americanas que estão a ser ouvidos nos Estados Unidos terão dito que tinham ligações ao governo e à Presidência da República, segundo a acusação da procuradoria federal do distrito de Manhattan.

Os dois acusados foram detidos na semana passada, juntamente com o almirante guineense Bubo Na Tchuto, a quem os Estados Unidos classificam há muito como "barão" da droga.

O governo de transição nota que o processo-crime a que responde Bubo Na Tchuto decorre sob segredo de justiça e que as informações são prestadas através de comunicados, "cujo teor não correspondem às calúnias" divulgadas.
Fernando Vaz acusou nomeadamente "blogues irresponsáveis" e uma agência de notícias internacional de divulgarem informações falsas no quadro de "atividades subversivas contra o governo de transição".

Manuel Serifo Nhamadjo (Presidente de transição) e Rui de Barros (primeiro-ministro), são "pessoas de princípios, dignidade e decência", nunca participaram e atos relacionados com tráfico de droga e "não tinham conhecimento dos factos que motivaram a detenção do contra-almirante José Américo Bubo Na Tchuto e outros, e jamais dariam a o seu acordo na utilização da Guiné-Bissau como interposto de drogas", disse Fernando Vaz.

O ministro negou também que alguma vez fosse usado dinheiro de tráfico de droga para pagar salários na Guiné-Bissau, cujos fundos têm vindo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), União Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA) e governo da Nigéria. Tal proveniência, disse, pode ser comprovada.

O governo de transição, adiantou Fernando Vaz, reconhece que tem dificuldades para combater a criminalidade transnacional, principalmente o tráfico de drogas, e o primeiro-ministro pediu inclusivamente ajuda aos governos dos Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, França e à CEDEAO. O ministro da Justiça também pediu a colaboração dos seus homólogos da CEDEAO, disse o porta-voz.

"O governo guineense incita, mais uma vez, a comunidade internacional à concessão da ajuda solicitada", diz o comunicado, no qual se garante que "o terrorismo interno não existe na Guiné-Bissau" e que o governo prende e extradita qualquer estrangeiro ligado às organizações terroristas Al-Qaida ou Aqmi, a requerimento dos Estados interessados.

Sobre Bubo Na Tchuto, Fernando Vaz esclareceu que o mesmo "passou à reserva compulsiva desde 26 de dezembro de 2011" e que desde essa data não exerce nenhuma função ou cargo. Neste momento é suspeito mas não condenado e a sua defesa é um direito constitucional de natureza processual penal e uma obrigação correlata do Estado, disse.

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