As relações entre Portugal e Angola
estão num ponto alto e para isso contribuiu muito a parte angolana, quando o
Presidente José Eduardo dos Santos as classificou como estratégicas.
Alguns percalços no percurso aconselham a uma clarificação para que não
restem dúvidas quanto às boas intenções de parte a parte. Em Angola existe uma
inequívoca separação de poderes. Nunca os órgãos de soberania se atropelaram ou
tentaram intromissões abusivas. Se há um ponto onde a democracia angolana tem
robustez, é no Poder Judicial. Nesse aspecto não recebemos lições de ninguém e
muito menos de Portugal, onde todos os agentes políticos proclamam a separação
de poderes mas aparentemente não estão preocupados que o Ministério Público
tenha ligações perigosas com a comunicação social.
Infelizmente, temos exemplos de sobra que atestam esta realidade. O
Ministério Público em Portugal é independente, faz gala da sua independência,
mas depois alimenta manchetes na imprensa portuguesa que apenas visam
julgamentos populares na praça pública, cujas vítimas inocentes são titulares
dos nossos órgãos de soberania. Investiguem quem quiserem. Mas não violem o
Segredo de Justiça para assassinarem a honra de altas figuras do Estado
Angolano. Essas formas de actuar são profundamente anti-democráticas e só têm
paralelo com as campanhas de calúnias desencadeadas pelo regime fascista contra
os seus opositores e os dirigentes dos movimentos de libertação das antigas
colónias.
Esse aspecto tem de ficar claro de uma vez por todas. Ninguém em Angola
está contra as investigações seja a quem for. Mas é inadmissível a violação do
Segredo de Justiça, apenas para julgar na praça pública altas figuras do Estado
Angolano. É um truque indigno de democratas e muito menos de amigos. Outro
aspecto que gostávamos de ver clarificado e que os responsáveis políticos têm
mesmo que clarificar, tem a ver com a CPLP. Portugal, segundo o senhor
vice-primeiro-ministro do Governo Português, é um protectorado. Lamentamos
profundamente esta situação, mas pouco podemos fazer. E se pudéssemos,
provavelmente as forças políticas portuguesas não aceitavam qualquer tipo de
ajuda. Basta ver a forma como altos responsáveis partidários falam dos
investimentos de Angola em Portugal. Alguns encaram-nos como crimes! Esses que
se manifestam e outros que assim pensam mas não se pronunciam, seguramente que
rejeitavam a mão solidária de Angola para Portugal deixar de ser um
protectorado.
Mas a verdade é que deve deixar de sê-lo e com urgência. Portugal tem um
papel fundamental na CPLP. Mas se está reduzido a um protectorado, como afirma
o senhor vice-primeiro-ministro Paulo Portas e muitos outros políticos
portugueses, não tem capacidade para assumir as suas responsabilidades na
comunidade dos países que falam a Língua Portuguesa. Está pior do que a
Guiné-Bissau, apesar de tudo um Estado soberano. E corre o risco de ter um
estatuto político muito próximo da “aspirante” Guiné Equatorial. Fazemos esta
constatação, com mágoa. Mas a vida continua e a CPLP não pode ficar à espera de
um Portugal que até os seus mais altos dirigentes políticos aceitam seja um
protectorado.
Os países membros da CPLP têm dado o seu melhor para o crescimento da
instituição. Investem o que podem e o que não podem no seu sucesso. Se Portugal
perdeu a independência, não está em condições de assumir qualquer
responsabilidade no seio da comunidade. Mas todos juntos, podemos e devemos
lutar para que um país fundador reconquiste a sua independência. As elites portuguesas
que têm sentido patriótico podem contar com os povos da CPLP na luta pela
reconquista da independência de Portugal. Estamos todos ansiosos para que esse
pesadelo tenha fim.
Os investimentos angolanos em Portugal são limpos. Os investidores angolanos,
particulares ou institucionais, são honestos. Mas apesar disso, todos os dias
saem notícias na Imprensa contra esses investimentos e investidores. Gostávamos
de saber que outros investidores no mundo arriscavam um euro num país em que
até membros do seu Governo consideram um protectorado. Os angolanos não querem
ter em Portugal um estatuto especial, ainda que os laços afectivos profundos
que nos unem, o justificasse. Mas exigem respeito. Não podem aceitar que
magistrados do Ministério Público retirem dos processos que têm à sua guarda,
factos que são cozinhados em “redacções únicas” para assassinar a honra de
altas figuras do Estado Angolano. Ninguém pode dizer que esta exigência é
despropositada. Pelo contrário, qualquer caloiro de Direito sabe que tanto tem
o direito à honra quem é muito honrado como quem é muito desonrado. E enquanto
um Tribunal não ditar uma sentença definitiva, em nome do Povo, todos são
inocentes. Nenhum democrata ousa pôr em causa a separação de poderes. Mas todos
os democratas têm o dever de criticar magistrados judiciais e do Ministério
Público que despudoradamente vão para a cama com jornalistas avençados e que
actuam na lógica das associações de malfeitores.
Mudem este nome para se ler o que escrevem e para vos levarmos a sério e aos vossos escritos. Por favor!
ResponderEliminarFrancisco Regalla Meus amigos porque nao Intelectuais Guineenses...?
ResponderEliminarNão sejas piegas senhor anónimo! Queres ter informações, leia os artigos e esqueça o nome do Blog. São pessoas como vocês é que decidem não comer porque não foi a pessoa amada é que fez a comida!
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