O papa Francisco oferece à Igreja a exortação apostólica com o título de “A
alegria do Evangelho”. Faz esta oferta na celebração final do Ano da Fé e
entrega-a a representantes do povo de Deus na diversidade das suas situações e
idades. De facto, o Evangelho é para todos.
O titulo da exortação prolonga e actualiza o estilo novo que João XIII
inaugurou na 1.ª sessão do concílio Vaticano II e fica consignado na Gaudium et
Spes – a constituição pastoral sobre a presença e acção da Igreja no mundo
actual. Foi prosseguido por Paulo VI em várias circunstâncias, designadamente
no documento sobre a alegria. Os seus sucessores continuaram esta senda.
Realmente, sem alegria a Igreja desfigura o rosto de Cristo e os cristãos não
vivem o espírito pascal.
O propósito é bem claro: que a nova etapa evangelizadora seja marcada pela
alegria que brota da fé no Senhor ressuscitado e que os caminhos indicados na
exortação para o percurso da Igreja nos próximos anos sejam criativamente
assumidos e realizados.
A mensagem surge num estilo leve, claro e assertivo, sem deixar de ser
fortemente realista e interpelante. Articula, de forma admirável, a reflexão e
a acção, o anúncio alegre e a denúncia profética, a proximidade e o
envolvimento, sempre marcados pela fé inquebrantável no amor de Deus que em
Jesus Cristo percorre, connosco, os caminhos da história humana.
O texto está organizado em cinco capítulos apresentados de forma agradável
e motivadora, valendo-se de breves enunciados que realçam e condensam os temas.
Basta “passar os olhos” por eles para se conseguir alcançar o limiar do
conteúdo da mensagem proposta. Sirva de exemplo a amostra do 1º capítulo.
A doce e reconfortante alegria de evangelizar; uma eterna novidade; a nova
evangelização para a transmissão da fé; uma Igreja «em saída», «primeirear»,
envolver-se, acompanhar, frutificar e festejar, pastoral em conversão; uma
renovação eclesial inadiável; a partir do coração do Evangelho; a missão que se
encarna nas limitações humanas; uma mãe de coração aberto.
Os títulos dos outros capítulos são igualmente expressivos, mas o simples
enunciado tornaria extenso o resumo que me foi pedido.
A exortação sublinha desafios do mundo actual e faz uma lista significativa
de nãos: não a uma economia da exclusão; à nova idolatria do dinheiro; a um
dinheiro que governa em vez de servir; à desigualdade social que gera
violência.
E a lista prossegue com outros lançados agora aos agentes pastorais: não à
acédia egoísta; não ao pessimismo estéril; não ao mundanismo espiritual; não à
guerra entre nós. E esta série termina com um Sim às relações novas geradas por
Jesus Cristo.
A pertinência destes enunciados faz-nos ver a riqueza e a acutilância de
toda a exortação. Realmente, só a leitura, a reflexão e o confronto com o nosso
ser existencial e com o agir da Igreja na sociedade em profunda transformação
pode dar-nos a noção aproximada do seu autêntico valor. Pessoalmente e, melhor,
em grupo.
Está de parabéns o papa Francisco que redigiu por seu punha este
extraordinário documento. Com elementos do sínodo e de pessoas que quis ouvir.
Fica a Igreja toda, a partir de cada cristão e de cada comunidade ou movimento,
com um bom guia que, no dizer de Rino Fisichella, delineia "os caminhos do
compromisso pastoral que ocuparão a Igreja no futuro próximo. Um convite a
recuperar uma visão profética e positiva da realidade, mesmo sem deixar de ver
as dificuldades”
E o presidente da conselho pontifício para a nova evangelização acrescenta:
“O papa Francisco transmite valentia e convida-nos a olhar para frente, apesar
do momento de crise, fazendo da cruz e da ressurreição de Cristo, mais uma vez,
a 'insígnia da vitória”.
Georgino Rocha
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ResponderEliminarCumprimentos
Henrique de Almeida Cayolla