Michelle Obama foi revelada ao mundo
na convenção democrata de 2008, quando seu marido foi nomeado como candidato
pelo partido
Michelle LaVaughn Robinson Obama fez
história nos Estados Unidos há oito anos, formando com Barack Obama o primeiro
casal presidencial negro na história do país.
A primeira-dama, que recentemente foi
alvo de racismo ao ser chamada de "macaca de salto alto" na internet
por uma funcionária pública de uma pequeno condado americano, em um caso que
teve grande repercussão no país e no mundo, é socióloga e jurista. Dedicou-se,
durante os dois mandatos de seu marido, a combater a obesidade infantil e a
defender questões como a importância do exercício físico, além de ter
trabalhado na promoção dos direitos das mulheres em nível internacional.
Nos últimos meses, ela participou
ativamente na campanha presidencial de Hillary Clinton, dando discursos
emocionados - e que emocionaram milhões de pessoas - a favor da candidata
democrata, que, no fim, perdeu a eleição para Donald Trump.
A poucas semanas do término do mandato
de Obama, a primeira-dama tem um índice de popularidade de 64%, de acordo com o
instituto de pesquisa Gallup, número maior do que o do atual presidente.
Alguns sugerem que a primeira-dama seria
uma excelente candidata à Presidência, embora ela negue qualquer desejo de
comandar os Estados Unidos.
Veja abaixo alguns detalhes que você
talvez não conheça sobre a vida e a carreira de Michelle.
1.
Pesquisa revelou parentesco com mulher escravizada
Um estudo da árvore genealógica de
Michelle Obama encomendado em 2009 pelo jornal The New York Times revelou seu
parentesco com uma descendente de africanos escravizados da Carolina do Sul.
Ela se chamava Melvinia e pertencia a um
proprietário de terras no sul do Estado. Henry Wells Shields, segundo o New
York Times, teria herdado de seu sogro a propriedade sobre a mulher escravizada
em 1852.
Cerca de dois anos antes da Guerra Civil
Americana (1861-1865), Melvinia ficou grávida de um homem branco e deu à luz
Dolphus T. Shields, de quem descende Michelle Obama.
Ainda segundo o New York Times, exames
de DNA indicam que o pai de Dolphus era um dos filhos de Henry, Charles Marion
Shields, que trabalhava como fazendeiro e professor. Melvinia e Charles seriam os
tataravôs de Michelle. Um descendente da família Shields, Jarrod Shields, da
mesma geração que Michelle, enviou ao New York Times uma foto antiga da família
e disse sempre querer saber o destino dos afro-americanos escravizados por sua
família. "Eu sempre quis pedir perdão", disse, acrescentando que
gostaria que esses descendentes soubessem que ele fica feliz em saber que são
partes da mesma família, apesar das circunstâncias em que isso ocorreu.
Embora a primeira-dama não tenha -se
referido especificamente ao passado de sua família, a luta contra o racismo foi
um dos pontos centrais de vários de seus discursos.
Durante sua fala na Convenção Democrata
deste ano, Michelle causou comoção ao dizer que ela e suas filhas acordam todos
os dias em "uma casa construída por escravos", referindo-se à Casa
Branca.
2.
Princeton, Harvard e racismo
Michelle tinha 17 anos quando se mudou
de um apartamento em Chicago, onde vivia com seus pais, para o campus da Universidade
de Princeton, em Nova Jersey.
Apesar de seus professores do ensino
médio lhe dizerem que tinha "aspirações demais" por querer entrar na
prestigiada instituição, a jovem desejava seguir os passos de seu irmão mais
velho Craig, que se formou lá em 1983.
No entanto, os primeiros dias em
Princeton não foram fáceis.
Escola de direito da universidade de Harvard.
Michelle Obama, então Michelle LaVaughn Robinson, em 1988, quando estudava
Direito na Universidade de Harvard
A mãe branca de sua companheira de
quarto pediu, sem sucesso, que mudassem sua filha de lugar porque Michelle era
negra, conforme relatado por Peter Slevin, autor da biografia Michelle Obama: A
Life.
"As minhas experiências em
Princeton me fizeram muito mais conscientes do fato de ser negra",
escreveu na introdução de seu trabalho de conclusão.
"Não importa o quão liberal e
aberto sejam os meus professores e colegas brancos nas suas relações comigo, às
vezes, me sinto como uma visitante no campus."
Isso não impediu que se graduasse em
Sociologia com especialização em estudos afro-americanos e, três anos mais
tarde, em 1988, continuasse sua carreira acadêmica estudando Direito em
Harvard.
3.
Ela foi tutora de Barack Obama
Apesar de ser mais jovem do que ele, com
25 anos de idade, Michelle foi tutora de Barack Obama. Barack tinha 28 anos e
fazia um estágio no escritório de advocacia de Chicago, onde ambos trabalhavam.
Obama ficaria lá apenas durante o verão
e depois retornaria a Harvard, para continuar o curso de Direito.
Na metade do estágio, o futuro
presidente dos Estados Unidos convidou Michelle para um encontro.
Michelle e Barack Obama juntos no
Havaí quando ele ainda era senador do distrito 13 de Ilinois
"Foi fantástico (...) Ele foi
definitivamente muito charmoso, e funcionou", disse a futura primeira-dama
em uma entrevista em 2004.
O casal veio de tipos diferentes de
família. Ele nasceu no Havaí, foi criado apenas pela mãe e viveu por um tempo
na Indonésia, enquanto Michelle era nativa da parte sul de Chicago e tinha
crescido com ambos os pais.
O que os dois tinham em comum era a
ambição académica, que os levou a estudar nas universidades mais prestigiadas e
caras do país antes de se casarem, em 1992.
Os dois pediram empréstimos para pagar
seus estudos e conseguiram quitá-los só uma década depois da graduação, disse o
presidente em um discurso na Universidade da Carolina do Norte.
4.
Foi contra a ideia do marido de concorrer à Presidência dos Estados Unidos
No começo, Michelle Obama se opôs a que
seu marido se lançasse como candidato presidencial em 2008.
"A decisão foi repentina",
disse à revista Vanity Fair em 2007.
"Eu disse você está brincando? Não
vamos fazer isso agora (...) podemos levar as coisas com calma?'".
A futura primeira-dama justificou sua
posição lembrando como havia sido difícil quando Barack Obama, como senador de
Illinois, viajava constantemente de Chicago a Washington.
No começo, Michelle estava relutante
sobre a candidatura presidencial do marido, mas depois o acompanhou na
campanha.
"Minha pergunta a ele foi: 'vamos
fazer algo difícil de novo, depois de ter feito algo muito duro?", contou
à revista.
Apesar de sua recente nomeação como
vice-presidente do Centro Médico da Universidade de Chicago, o anúncio de seu
marido como candidato à Presidência em fevereiro de 2007 mudou o cenário para
ela.
"Barack nunca me pediu para deixar
meu trabalho (...), mas como posso ir trabalhar todos os dias se estamos
tentando realizar algo em que acredito?", disse na época à revista.
5.
Sua mãe também vive na Casa Branca
Marian Robinson, mãe de Michelle e
secretária de banco aposentada, sempre manteve um perfil discreto e em raras
ocasiões deu entrevistas.
Mas a avó de 79 anos é uma parte
essencial da família presidencial norte-americana: ela também mora na Casa
Branca.
Marian, cujo marido morreu de esclerose
múltipla em 1991, se mudou para a residência oficial do presidente após Barack
Obama ganhar a eleição em 2008.
O objetivo, disse Michelle em várias
entrevistas, era que a mãe a apoiasse na criação de suas filhas, Sasha e Malia.
Quando as meninas eram menores, a avó
era responsável por deixá-las e buscá-las na escola ao lado de agentes do
Serviço Secreto.
A vantagem de Robinson, conforme
relatado pelo jornal The Washington Post, é que pode mover-se com mais
liberdade por Washington, sem o forte aparato de segurança.
Em uma entrevista em 2009, Barack Obama
disse que ela "simplesmente sai pela porta da Casa Branca e vai até à
farmácia para fazer suas compras".
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