Jesus e os
discípulos estão nas imediações do templo de Jerusalém, termo da sua caminhada
missionária iniciada na Galileia, Conversam sobre a majestade, a beleza e a
consistência do que vêm. Estão maravilhados e cheios de confiança. Contemplam a
afluência de pessoas devotas que vão lançar as suas ofertas nas caixas do
tesouro. Sentem um orgulho compreensível pela história e funcionalidade do
centro de peregrinação “nacional” aonde todos acorrem.
Jesus, bom
observador e insigne pedagogo, aproveita este cenário para fazer um dos seus
ensinamentos mais expressivos sobre o valor do tempo presente numa perspectiva
do futuro definitivo, sobre a atitude fundamental a cultivar na esperança
activa e perseverante, sobre os comportamentos corajosos, alicerçados não na
fragilidade humana, mas na convicção consistente de que o Espírito de Jesus
estará presente e actuante.
As surpresas e contrariedades serão incontáveis: Templo destruído, notícias
falsificadas, anúncios alarmistas, fenómenos espantosos, perseguições de morte.
Jesus indica aos discípulos a disposição e a atitude que, nestas
circunstâncias, devem vivenciar: aproveitar para dar testemunho da fé que os
anima, acolher a sabedoria que lhes será concedida, estar sempre vigilantes e
interpretar o que vai acontecendo, manter-se firmes na esperança do novo que
há-de surgir, resistir até à exaustão, ser perseverante na confiança de que, em
seu nome (de Jesus) alcançarão a vida plena.
Esta visão
do futuro alicerça-se em realidades históricas que os discípulos tinham
presenciado e estavam a viver. O templo é pilhado e arruinado, aquando da
invasão de Jerusalém pelas tropas de Tito ( pelos anos 70). A população é
subjugada e muitos judeus são trucidados. A hostilidade para com os cristãos é
crescente e converte-se em atitudes frontais que chegam à perseguição e à
morte.
Jesus alarga
os horizontes a esta experiência marcante para os discípulos e exorta-os à
resistência não violenta, à paciência activa, à resiliência confiante na
superação do caos e na construção de um mundo novo, gérmen da salvação
desejada. Exorta-os a fixarem o seu olhar na meta do futuro e a trabalharem com
determinação na transformação do presente. Aqui e agora, lançamos as sementes do
mundo novo que tanto desejamos.
Georgino
Rocha
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