A produção de cereais na Guiné-Bissau deverá crescer
10 por cento na atual campanha, mas sem atenuar o difícil acesso a alimentos
que afeta mais de metade das famílias, refere um relatório a que a Lusa teve
acesso.
O cenário é traçado no relatório sobre a campanha
agrícola 2013/14 elaborado pelo Governo de transição, Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Programa Alimentar Mundial (PAM)
e Comité Inter-Estados contra a Seca (CILSS).
Sem ser "alarmante", no arranque de 2014
"a situação alimentar continua difícil em todas as regiões do país e a
maioria da população sofre bastante com a insuficiência de alimentos, mesmo que
as colheitas em curso atenuem a situação nos próximos meses", refere o
documento.
Apesar de os mercados estarem "bem
aprovisionados", muitos preços tiveram "uma subida vertiginosa"
desde o golpe de Estado de 2012, ao mesmo tempo que as campanhas de caju rendem
menos e muitos funcionários públicos têm salários em atraso, acrescenta.
Segundo um inquérito da FAO e PAM realizado entre
agosto e setembro de 2013 a cerca de 1.600 famílias de todo o país, 90 por
cento dependem dos rendimentos da campanha anual da castanha de caju (fruto
seco de que a Guiné-Bissau é um dos maiores produtores mundiais) e 52 por cento
foi afetada pela alta de preços dos alimentos.
A expetativa recai sobre os resultados da próxima
campanha de caju, a partir de março, e sobre a estabilidade do país, com
eleições gerais marcadas para 16 de março, explica Rui Fonseca, encarregado da
FAO em Bissau.
"Há que preparar desde já os cenários
possíveis", porque "a mobilização de recursos leva muito tempo",
refere.
Um cenário positivo inclui "uma boa campanha
agrícola, com chuva, eleições pacíficas, com resultados publicados e um Governo
legítimo", mas se algo falhar, será necessário "recorrer a
intervenções de urgência", alerta.
De acordo com os dados do mesmo relatório, a
Guiné-Bissau deverá produzir 129 mil toneladas de arroz na atual campanha, mais
10 por cento que no último ano, mas ainda assim aquém das 229 mil toneladas
necessárias para responder às necessidades da população.
O documento tem por base um crescimento populacional
de 2,5% por cento ao ano, chegando a Guiné-Bissau a perto de 1,8 milhões de
habitantes em 2014, com cada guineense a consumir em média 130 quilos de arroz
anualmente.
//Lusa
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