quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Produção de cereais cresce na Guiné-Bissau, mas mantém-se difícil acesso a alimentos -- relatório



 A produção de cereais na Guiné-Bissau deverá crescer 10 por cento na atual campanha, mas sem atenuar o difícil acesso a alimentos que afeta mais de metade das famílias, refere um relatório a que a Lusa teve acesso.

O cenário é traçado no relatório sobre a campanha agrícola 2013/14 elaborado pelo Governo de transição, Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Programa Alimentar Mundial (PAM) e Comité Inter-Estados contra a Seca (CILSS).

Sem ser "alarmante", no arranque de 2014 "a situação alimentar continua difícil em todas as regiões do país e a maioria da população sofre bastante com a insuficiência de alimentos, mesmo que as colheitas em curso atenuem a situação nos próximos meses", refere o documento.

Apesar de os mercados estarem "bem aprovisionados", muitos preços tiveram "uma subida vertiginosa" desde o golpe de Estado de 2012, ao mesmo tempo que as campanhas de caju rendem menos e muitos funcionários públicos têm salários em atraso, acrescenta.

Segundo um inquérito da FAO e PAM realizado entre agosto e setembro de 2013 a cerca de 1.600 famílias de todo o país, 90 por cento dependem dos rendimentos da campanha anual da castanha de caju (fruto seco de que a Guiné-Bissau é um dos maiores produtores mundiais) e 52 por cento foi afetada pela alta de preços dos alimentos.

A expetativa recai sobre os resultados da próxima campanha de caju, a partir de março, e sobre a estabilidade do país, com eleições gerais marcadas para 16 de março, explica Rui Fonseca, encarregado da FAO em Bissau.

"Há que preparar desde já os cenários possíveis", porque "a mobilização de recursos leva muito tempo", refere.

Um cenário positivo inclui "uma boa campanha agrícola, com chuva, eleições pacíficas, com resultados publicados e um Governo legítimo", mas se algo falhar, será necessário "recorrer a intervenções de urgência", alerta.

De acordo com os dados do mesmo relatório, a Guiné-Bissau deverá produzir 129 mil toneladas de arroz na atual campanha, mais 10 por cento que no último ano, mas ainda assim aquém das 229 mil toneladas necessárias para responder às necessidades da população.

O documento tem por base um crescimento populacional de 2,5% por cento ao ano, chegando a Guiné-Bissau a perto de 1,8 milhões de habitantes em 2014, com cada guineense a consumir em média 130 quilos de arroz anualmente.

//Lusa

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