sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

PAICV diz não aceitar “reino da desordem” e MpD considera humilhação a “atitude parcial” do presidente



O líder da bancada do PAICV (poder) manifestou hoje “enorme decepção” pelo desacato ocorrido quinta-feira no Parlamento, com o MpD a considerar que este foi humilhado e desrespeitado pela forma como Basílio Ramos tem conduzido os trabalhos.

Segundo Felisberto Vieira, as imagens da televisão nacional demonstram o que aconteceu e quem praticou a desordem que se viveu no Parlamento, desmentindo as declarações do líder da bancada do Movimento para a Democracia (MpD) que acusou os deputados da sua bancada José Maria Veiga e Carlos Delgado de tentativa de agressão a Carlos Veiga.

Para o deputado, o líder da minoria Fernando Elísio Freire, assim como a sua bancada, desrespeitaram “escandalosamente” o presidente do Parlamento, chegando ao ponto de lhe retirar a confiança política, acto “de nulo efeito político e jurídico” e que não abona para a boa imagem da Casa Parlamentar.

O que se passou no Parlamento esta quinta-feira, no seu entender, “foi o culminar do mau gosto e da selvajaria, de precedente implicitamente perigoso e, por isso, de todo inaceitável” protagonizado pelo deputado José Filomeno Monteiro, ao que se seguiram declarações “extemporâneas e de lesa tranquilidade parlamentar de alguns deputados”, levando à suspensão da sessão.

Felisberto Vieira considerou, por outro lado, que este desacato “vinha premeditada e a cumprir a ardilosa estratégia de passar a imagem de desgoverno do Parlamento, que insinua uma falaciosa tentativa de agressão física ao deputado Carlos Veiga”.

Em resposta, o líder da bancada do MpD afirmou que a condução parcial dos trabalhos por parte de Basílio Ramos não é a melhor forma de dar força à democracia, com o PAICV numa “atitude totalitária” a apoiá-lo numa estratégia de anular a oposição.

Elogiou os deputados que se mantiveram firmes na defesa da integridade física do ex-primeiro-ministro, afiançando que esta tentativa de agressão vai ser uma página negra na história do Parlamento perpetrada por deputados do PAICV.

“Não há discurso político de forma cínica e hipócrita que apague a estratégia totalitária que o PAICV tem para Cabo Verde”, disse Fernando Elísio Freire, para quem essa postura é colocar a democracia no papel para, na esquina seguinte, “rasgá-la e atirá-la ao vento”.

E nada desculpa o facto de o líder da maioria ter pegado no braço do ‘camera man’ da TCV “para não filmar para que o país não visse a vergonha do que aconteceu ontem”, denunciou o deputado.

Saiu em defesa do colega José Filomeno Monteiro, para dizer que o presidente do Parlamento tem-no, reiteradamente ao longo da legislatura, retirado a palavra, “considerando-o um deputado menor”.

O Parlamento cabo-verdiano não está bem, declarou o presidente da UCID, assegurando que episódios destes “não dignificam em nada a Casa Parlamentar”.

De acordo com António Monteiro, todos são responsáveis por esta situação, incluindo o Governo, pelo que pediu a todos os sujeitos parlamentares a se respeitarem uns aos outros, respeitando também os eleitores e o povo de Cabo Verde.

O objectivo, frisou, é fazer do Parlamento uma instituição à altura dos desafios do país, devendo os deputados pôr os seus interesses acima de tudo.

Da sua parte, Basílio Ramos apelou a todos a trabalharem para elevar o nível do debate e a valorizarem o Parlamento que, a seu ver, tem desempenhado o seu papel.

“Momentos episódicos como os de quinta-feira não são o rosto da Casa Parlamentar”, referiu o presidente do Parlamento, que prometeu continua a gerir este órgão da mesma forma como o fez até hoje, conforme manda o regimento.

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