«Primeiro,
a violação das regras constitucionais e que está a ser feita de forma
deliberada e com conhecimento de causa. Só isto desacredita o processo, porque
se afinal violamos a anterior Constituição para fazer uma nova, que garantias
teremos de que daqui a sete, dez anos não surgirá uma outra maioria que também
se recusará a respeitar as regras restritivas», disse.
Segundo,
prosseguiu, «o próprio MPLA e também o Presidente da República desautorizaram a
Assembleia Nacional.»
A
este respeito, explicitou que «a Assembleia Nacional aprovou uma lei de base
para o processo constitucional e por via da Comissão Constitucional aprovou uma
metodologia, que previa um período para a entrada dos processos. E os partidos
todos introduziram os seus projectos constitucionais, mas, de repente, tanto a
própria lei como a metodologia deixaram de ter validade. Violou-se outra vez a
própria lei do processo constitucional, violou-se a metodologia, surgiram novos
projectos de forma ilegal.»
Autoritarismo
de cariz africano, colonialismo doméstico
Ao
balancear os 34 anos do país, Chivukuvuku ressalva três maiores conquistas
positivas, nomeadamente a própria independência, o pluralismo político e a paz.
Em
contrapartida, sustenta que «o maior fracasso das elites políticas angolanas, e
sobretudo a primeira geração política, foi não terem conseguido o entendimento
em 1975. Foi a nossa primeira falha e que nos levou a décadas de conflito.»
Deplora
o tipo de regime reinante, que qualifica de «autoritarismo de cariz africano»,
com o risco de resvalar para o «colonialismo doméstico».
Tal
autoritarismo caracteriza-se, no seu ponto de vista, pela «tendência para a
ilegalidade e para pisar a lei. A lei é o chefe». Os seus demais traços são a
promiscuidade que não se importa com a autoridade moral e o recurso grosseiro à
manipulação das mentes dos seus cidadãos.
Colonialismo
doméstico ocorre quando os membros de uma pequena elite ou grupos do poder
actuam como verdadeiros predadores dos recursos e monopolizam o essencial das
oportunidades», explica, ainda, Chivukuvuku.
Previsibilidade,
estabilidade, alternativas
Defende
a necessidade da previsibilidade e credibilidade na estabilidade dos processos
políticos.
«As
pessoas não podem pensar que a estabilidade é a destruição das alternativas. O
país tem de produzir muitas alternativas para que no dia em que José Eduardo
Dos Santos já não queira mais, porque acha que já cumpriu o seu papel, então
surjam outras alternativas. Mesmo dentro do seu partido», acrescenta.
Critica
a realidade ambiente, com uma subtil indirecta à sua própria organização, em
que é conhecida a sua rivalidade com o actual líder.
«Mas
o que nós hoje vemos é que muitas pessoas pensam que a estabilidade é o chefe.
A longevidade, a imutabilidade. Destroem-se as alternativas mesmo dentro dos
partidos que foram surgindo como possíveis alternativas. Mesmo dentro do MPLA
foram destruídas para criar a ideia de que não existem líderes credíveis»,
completa Chivukuvuku.
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