sexta-feira, 9 de maio de 2014

FACTORES DE COESÃO NA DIVERSIDADE CULTURAL GUINEENSES


Desde a independência para cá, tem-se falado da exaltação do dever pátrio, assim como do exercício consciente e saudável do patriotismo como elemento do processo de construção da Nação.

Relativamente à questão da Unidade, entendemos que o Povo Guineense já demonstrou que é capaz de descartar as diferenças culturais e étnicas, que nos caracterizam, para nos unirmos em torno de um objectivo comum, tal como sucede com a quase totalidade dos Países Africanos, qua ainda percorrem as etapas da construção da sua Unidade Nacional, enquanto Nações pluriétnicas.

Com isso, só temos a ganhar, com direito a celebrar a nossa capacidade de tolerância, que fica como um legado para a Juventude do nosso Pais, para que saiba, futuramente, cimentar essa unidade na diversidade, e, assim, procure pugnar pelo sentido de Unidade que Amílcar Cabral sonhou para o nosso País, há quase meio século.

Muitos poderiam ser os exemplos a apresentar, em resposta a qualquer questão que algum Cidadão deste país nos pudesse colocar.

Por exemplo, a seguinte: “na sua opinião, quais são as marcas principais da nossa Unidade enquanto Nação”? 

Para alguns, serão, certamente, os Símbolos Nacionais: a Bandeira, o Emblema, o Hino; depois, FCFA (Franco CFA) e a Língua Oficial (Português).

E depois? Os valores tradicionais? As nossas línguas nativas? Os nossos hábitos, usos e costumes? A Cultura?   

Falando do patriotismo, implicitamente, estamos a referir-nos à aceitação, pura e simples, das realidades implícitas no conceito de Unidade Nacional, com a raiz comum no verbo “unir”, tais como as palavras união, unidade, unificação, enfim, tudo o que concebemos, hoje, como Nação (a Nação Guineense).

Se, em paralelo com a questão da Unidade, perguntássemos aos nossos compatriotas se estão de acordo com a Agenda Política que os nossos Governantes lhes têm apresentado, ao longo dos últimos 40 Anos da nossa Independência, poderemos concluir, sem surpresa, que essa, realmente, não é a sua Agenda, mas de quem governou o País, durante esse período da nossa História.

Ao contrário, a agenda do Povo Guineense parece centrar-se, ainda, na expectativa de que, um dia, surja, no seu seio, um líder responsável, carismático, capaz de unir todo o Povo e resgatar o País do estado de subdesenvolvimento crónico e ausência de perspectivas de um desenvolvimento sustentado, urgente e inadiável.

Uma tal perspectiva de desenvolvimento implica coragem para combater as assimetrias regionais, o tribalismo, o egocentrismo (baseado no egoísmo e individualismo anti-social, tanto na forma como se olha para a sociedade, como na organização económica e política), a ideologia de exclusão sistemática de adversários políticos, no modo de exercício do Poder Político e Económico, na distribuição desigual da riqueza e de oportunidades, transformando os actores políticos em inimigos, num Estado cuja Constituição apela à unidade na diversidade, numa óptica de inclusão e não de segregação ou exclusão.

Fazendo jus ao título escolhido para tema de reflexão (Unidade Nacional na Diversidade Cultural), podemos destacar que uma das grandes virtudes do nosso País (se quisermos, a sua sorte) é ter um Povo unido e, essencialmente, solidário.

Essa realidade desencadeia outra que é um facto conhecido e várias vezes comentado pelos Guineenses. A instabilidade política do nosso País não vem do Povo, não tem a sua raiz na sua diversidade étnica, nem no facto de haver muitos Partidos.

A instabilidade da Guiné-Bissau é uma consequência de más práticas políticas, muitas vezes induzidas do exterior, que, em função de egoísmos individuais e de pequenos grupos, instigam alguns sectores da nossa sociedade, ou, simplesmente, indivíduos, sem escrúpulos nem valores que se recomendem.

Tal como em qualquer País do Mundo, sabemos que temos, também, entre nós, esse tipo de desvios comportamentais que levam a cometer crimes de sangue, delitos económicos, agressões físicas, etc., a troco de um qualquer favor, de uma vantagem económica, de uma posição no Governo ou na Administração Pública.

É óbvio que quando tais práticas atingem um nível elevado de perigosidade para o País, ao ponto de abalar os alicerces da Paz, necessariamente desencadeia uma reacção visando a reposição da ordem e da paz social.

Estaremos, então, a falar de manobras político-sociais, feitas no interesse de alguém ou de um grupo específico e não de um acto feito pelo Povo e no interesse do Povo, enquanto tal. Ler mais aqui»»

Dr. Wilkinne

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