Desde a independência para
cá, tem-se falado da exaltação do dever pátrio, assim como do exercício
consciente e saudável do patriotismo como elemento do processo de construção da
Nação.
Relativamente à questão da
Unidade, entendemos que o Povo Guineense já demonstrou que é capaz de descartar
as diferenças culturais e étnicas, que nos caracterizam, para nos unirmos em
torno de um objectivo comum, tal como sucede com a quase totalidade dos Países
Africanos, qua ainda percorrem as etapas da construção da sua Unidade Nacional,
enquanto Nações pluriétnicas.
Com isso, só temos a ganhar,
com direito a celebrar a nossa capacidade de tolerância, que fica como um
legado para a Juventude do nosso Pais, para que saiba, futuramente, cimentar
essa unidade na diversidade, e, assim, procure pugnar pelo sentido de Unidade
que Amílcar Cabral sonhou para o nosso País, há quase meio século.
Muitos poderiam ser os
exemplos a apresentar, em resposta a qualquer questão que algum Cidadão deste
país nos pudesse colocar.
Por exemplo, a seguinte: “na
sua opinião, quais são as marcas principais da nossa Unidade enquanto Nação”?
Para alguns, serão,
certamente, os Símbolos Nacionais: a
Bandeira, o Emblema, o Hino; depois, FCFA (Franco
CFA) e a Língua Oficial (Português).
E depois? Os valores tradicionais? As nossas línguas nativas? Os nossos
hábitos, usos e costumes? A Cultura?
Falando do patriotismo,
implicitamente, estamos a referir-nos à aceitação, pura e simples, das
realidades implícitas no conceito de Unidade Nacional, com a raiz comum no verbo “unir”, tais como as palavras
união, unidade, unificação, enfim,
tudo o que concebemos, hoje, como Nação
(a Nação Guineense).
Se, em paralelo com a
questão da Unidade, perguntássemos aos nossos compatriotas se estão de acordo
com a Agenda Política que os nossos Governantes lhes
têm apresentado, ao longo dos últimos 40
Anos da
nossa Independência, poderemos concluir,
sem surpresa, que essa, realmente, não é a sua Agenda, mas de quem governou o
País, durante esse período da nossa História.
Ao contrário, a agenda do
Povo Guineense parece centrar-se, ainda, na expectativa de que, um dia, surja,
no seu seio, um líder responsável, carismático, capaz de unir todo o Povo e
resgatar o País do estado de subdesenvolvimento crónico e ausência de
perspectivas de um desenvolvimento sustentado, urgente e inadiável.
Uma tal perspectiva de
desenvolvimento implica coragem para combater
as assimetrias regionais, o tribalismo, o egocentrismo (baseado no egoísmo e individualismo anti-social, tanto
na forma como se olha para a sociedade, como na organização económica e
política), a ideologia de exclusão
sistemática de adversários políticos, no modo de exercício do Poder Político e Económico, na distribuição desigual da riqueza e de oportunidades, transformando
os actores políticos em inimigos, num Estado cuja Constituição apela à unidade
na diversidade, numa óptica de inclusão e não de segregação ou exclusão.
Fazendo jus ao título
escolhido para tema de reflexão (Unidade Nacional na Diversidade Cultural),
podemos destacar que uma das grandes virtudes do nosso País (se quisermos, a
sua sorte) é ter um Povo unido e, essencialmente, solidário.
Essa realidade desencadeia
outra que é um facto conhecido e várias vezes comentado pelos Guineenses. A instabilidade política do nosso País não
vem do Povo, não tem a sua raiz na
sua diversidade étnica, nem no facto de haver muitos Partidos.
A instabilidade da Guiné-Bissau é
uma consequência de más práticas políticas, muitas vezes induzidas
do exterior, que, em função de egoísmos
individuais e de pequenos grupos, instigam
alguns sectores da nossa sociedade, ou, simplesmente, indivíduos, sem
escrúpulos nem valores que se recomendem.
Tal como em qualquer País do
Mundo, sabemos que temos, também, entre nós, esse tipo de desvios comportamentais
que levam a cometer crimes de sangue,
delitos económicos, agressões físicas, etc., a troco de um qualquer favor,
de uma vantagem económica, de uma posição no Governo ou na Administração
Pública.
É óbvio que quando tais
práticas atingem um nível elevado de perigosidade para o País, ao ponto de abalar os alicerces da Paz,
necessariamente desencadeia uma reacção visando a reposição da ordem e da paz social.
Estaremos, então, a falar de
manobras político-sociais, feitas no interesse de alguém ou de um grupo
específico e não de um acto feito pelo Povo e no interesse do Povo, enquanto
tal. Ler mais aqui»»
Dr. Wilkinne
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