quarta-feira, 11 de junho de 2014

Wladimir Brito acusa José Maria Neves de “conduta eticamente reprovável”



“Serenamente, mas seguro de que a minha probidade, que V.Excia bem conhece, perturbará a sua consciência até me dirigir um pedido público de desculpas, informo V.Excia, Senhor Primeiro Ministro, que tenho uma eternidade para receber esse seu pedido e para, com elevação, o desculpar, mas V.Excia, para me dirigir um pedido de desculpas, só tem a longevidade da sua vida”

Senhor Primeiro Ministro,

Dr. José Maria Neves

Serenamente, mas com grande indignação, fui informado e depois li na imprensa que V. Excia pronunciou-se sobre um Parecer meu sobre os Poderes do Presidente da República antes de o ler, agredindo-me com expressões ofensivas com o único e censurável objectivo de desvalorizar e desacreditar esse Parecer, o que obviamente não conseguirá com gratuitos insultos. Por isso, dúvidas não tive que V.Excia quis o resultado e utilizou o meio que entendeu o mais adequado e eficaz para o atingir, o que não honra um Primeiro-ministro.

Serenamente, por seguro da irrepreensibilidade ética da minha conduta, deixei correr o tempo necessário para V. Excia se acalmar, ler e compreender o meu Parecer e outros que, pela sua despolida reacção, intui que iria pedir; deixei ainda correr o tempo necessário para V. Excia ouvir os seus conselheiros jurídicos e para assumir publicamente que foi deselegante na forma como se pronunciou sobre o Parecer, insultuoso e injusto no juízo que de mim fez e difundiu nos meios de comunicação.

Serenamente, mas firme no juízo de censura que publicamente lhe faço pela sua conduta eticamente reprovável e no repúdio das suas soezes afirmações, decidi informar V. Excia que não pretendo judicializar esta questão, tanto mais que as pronúncias judicativas dos Tribunais, embora prenhes de juízos de censura, por si sós, não nos conferem dimensão ética, nem polimento cívico.

Serenamente, mas com a dignidade que sempre norteou o meu comportamento, aguardei um pedido de desculpas de V. Excia pela ofensa à minha honra e dignidade pessoal e profissional, pedido que até agora não teve a elevação cívica de formular, mantendo-se silente, o que não é próprio de um homem probo.

Serenamente, mas seguro de que a minha probidade, que V.Excia bem conhece, perturbará a sua consciência até me dirigir um pedido público de desculpas, informo V.Excia, Senhor Primeiro Ministro, que tenho uma eternidade para receber esse seu pedido e para, com elevação, o desculpar, mas V.Excia, para me dirigir um pedido de desculpas, só tem a longevidade da sua vida, que espero seja suficientemente longa, mesmo sabendo que essa longevidade consubstancia um castigo que o seu insulto gratuito a quem sempre consigo se relacionou de forma educada aplicará à sua consciência.

Serenamente, mas sempre e naturalmente sem rancor, Senhor Primeiro Ministro, confio-lhe por essa forma a tarefa de se autopunir e a de determinar o tempo que pretende sofrer esse castigo, que durará até que se retrate.

Serenamente, senhor Primeiro Ministro...

Wladimir Augusto Correia Brito
Professor Catedrático

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