Por, Ricardo Sanha, fundação
Antes da chegada dos Europeus e até o século XVII, a quase totalidade do território da Guiné-Bissau integrava o reino de Gabu, tributário do legendário Império Mali, dos mandingas, que florescera a partir de 1235 e subsistiu até o século XVIII. O primeiro navegador e explorador europeu a chegar à costa da actual Guiné-Bissau foi o português Álvaro Fernandes, em 1446. À época, a região era habitada por vários povos – balantas, fulas, manjacos, felupes, mandingas, papéis e outros. A colonização só tem início em 1558, com a fundação da vila de Cacheu. A princípio somente as margens dos rios e o litoral foram exploradas. A colonização do interior só se dá a partir do século XIX. No século XVII, foi instituída a Capitania-Geral da Guiné Portuguesa. Mais tarde, durante o Estado Novo de Salazar, a colonia passaria a ter o estatuto de província ultramarina, com o nome de Guiné Portuguesa.
A vila de Bissau foi fundada em 1697,
como fortificação militar e entreposto de tráfico de escravos. Posteriormente
elevada a cidade, tornar-se-ia a capital colonial, estatuto que manteve após a
independência da Guiné-Bissau.
Em 1956, Amílcar Cabral liderou fundação
do PAIGC – Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde -, que,
no início da década de 1960, iniciou a luta armada contra o regime colonial.
Cabral foi assassinado em 1973, em Conacri, num atentado que o PAIGC atribuiu
aos serviços secretos portugueses mas que, na verdade, fora perpetrado por um
grupo de guineenses do próprio partido,[6] que acusavam Cabral de estar
dominado pela elite de origem cabo-verdiana. Apesar da morte do líder, a luta
pela independência prosseguiu, e o PAIGC declarou unilateralmente a
independência da Guiné-Bissau em 24 de Setembro de 1973. Nos meses que se
seguiram, o ato foi reconhecido por vários países, sobretudo comunistas e
africanos. Todavia Portugal só reconheceu a independência da Guiné-Bissau em 10
de Setembro de 1974, após a Revolução dos Cravos – ela própria devida, em larga
medida, ao impasse em que caíra o esforço bélico português na pequena colónia.
Os portugueses começaram então a abandonar a capital, Bissau, ainda em seu
poder.
Segundo o projecto político concebido
pelo PAIGC, a Guiné e Cabo Verde, inicialmente constituídos como estados
separados, tenderiam a formar uma unidade. Assim, após a independência, os dois
países passaram a ser dirigidos por um único partido – o PAIGC – até 1980. Mas,
em 14 de Novembro de 1980, um golpe de estado, empreendido pelo chamado
Movimento Reajustador, sob a liderança do Primeiro-Ministro João Bernardo
Vieira (Nino Vieira), um prestigiado veterano da guerra contra Portugal,
derrubou o primeiro Presidente da República da Guiné-Bissau, Luís Cabral, irmão
do falecido Amílcar, e suspendeu a Constituição da República, instituindo o
Conselho da Revolução, formado por militares e civis. Extinguia-se assim o
projecto de unificação dos dois países.
Dentre as razões alegadas para o golpe
de Estado, foram apontadas: crise política interna do PAIGC e cerceamento de
diálogo no interior do partido, crise económica e social no país, com escassez de
alimentos básicos, como arroz, batata, óleo e açúcar; prisões e fuzilamentos de
ex-comandos africanos, ex-milicianos e de alguns civis, acusados de terem
pertencido ou apoiado o exército colonial português.
Luís Cabral parte para Cuba e depois
para o exílio em Portugal, enquanto na Guiné eram mostradas valas comuns em
Cumeré, Portogole e Mansabá, com os restos mortais de soldados portugueses e
nativos, fuzilados em massa por ordem sua.
Após a derrubada de Luís Cabral, os
dirigentes políticos cabo-verdianos decidiram desvincular-se do PAIGC, formando
um novo partido, designado por PAICV (Partido Africano para a Independência de
Cabo Verde), numa total ruptura política. Até 1984, o país foi controlado por
um conselho revolucionário sob a chefia de Nino Vieira. Em 1989, o presidente
Nino Vieira começa o esboço de um programa de reformas e liberalização
política, abrindo caminho para uma democracia multipartidária. Eliminaram-se
vários artigos da Constituição que privilegiavam o papel de liderança do PAIGC,
e foram ratificadas leis que permitiam a formação de outros partidos políticos,
liberdade de imprensa, sindicatos independentes e direito à greve. Em 1994,
tiveram lugar as primeiras eleições multipartidárias para a presidência e o
parlamento da Guiné-Bissau.
Em 1998, o presidente Nino Vieira foi
derrubado por um golpe militar liderado pelo brigadeiro Ansumane Mané. Vieira
parte para o exílio em Portugal, e, entre 1998 e 1999, o país mergulha
praticamente numa guerra civil.
Logo após a guerra civil, novas eleições
foram convocadas, com a vitória do líder oposicionista Kumba Yalá e do seu
partido, PRS (Partido para a Renovação Social). Yalá assume o cargo de
presidente da República em 2000. Conhecido como «o homem do barrete vermelho»,
o novo presidente não tardou a revelar-se uma nulidade a todos os títulos e
afinal foi deposto por novo golpe militar, em Setembro de 2003, sob a alegação
de inépcia para resolver os problemas do país. Henrique Rosa assumiu o posto
interinamente.
Afinal, em Abril de 2004, tiveram lugar
as eleições legislativas, adiadas inúmeras vezes. Em Outubro do mesmo ano,
Ansumane Mané, comandante-mor das forças armadas, que nunca vira com bons olhos
a ascensão de Kumba Yalá à presidência, protagonizou nova sublevação, mas
acabou por ser morto por adversários (a pauladas, segundo fontes referidas por
Jaime Nogueira Pinto na obra citada), o que causou uma forte comoção em todo o
país.
Ainda que envoltas em polémica, as
eleições presidenciais de 2005 reconduziram Nino Vieira ao mais alto cargo da
nação. A situação geral continuou a degradar-se em todos os domínios: a
Guiné-Bissau transformou-se num entreposto do narcotráfico internacional, ponto
de distribuição para a América Latina e para a Europa.
A 1 de Março de 2009, Tagme Na Waie,
Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e antigo rival político de Nino
Vieira, é assassinado num atentado bombista. Alguns militares que lhe eram
próximos suspeitaram, embora sem provas, que o presidente estivesse envolvido
neste atentado. Na manhã do dia seguinte, 2 de Março de 2009, atacaram o
palácio presidencial e mataram Nino Vieira. A verdade é que Tagme Na Waie
exigira repetidamente o desarmamento da milícia fiel a Nino Vieira, e que tinha
havido uma rápida escalada nas disputas pelo governo da Guiné-Bissau.
A cúpula militar, que muitos analistas
consideram o verdadeiro poder neste pequeno e paupérrimo país, afirmou que os
direitos democráticos seriam mantidos e que não se tratava de um golpe de
Estado. Mas muitos governos de todo o mundo condenaram o assassinato de Nino
Vieira (sem prejuízo de críticas e reservas à sua actuação) e exprimiram séria
apreensão com referência à estabilidade política da Guiné-Bissau.
O Presidente da Assembleia Nacional
Popular (ANP), Raimundo Pereira, assumiu a presidência interinamente, e os
partidos políticos guineenses marcaram eleições presidenciais antecipadas para
28 de Junho de 2009, as quais foram vencidas por Malam Bacai Sanhá. transição
da Guiné-Bissau para a democracia continua, no entanto, dificultada pela
debilidade da sua economia, devastada pela guerra civil e pela instabilidade
política. A 1 de Abril de 2010 assistiu-se a uma nova tentativa de golpe de
estado, desta vez contra o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior e o chefe das
Forças Armadas, tenente-general Zamora Induta.
Geografia
Com uma área de 36 126 km², o país é
maior que a Bélgica, Taiwan, Haiti ou mesmo os estados brasileiros de Alagoas e
Sergipe. O país estende-se por uma área de baixa altitude. O seu ponto mais
elevado está 300 metros acima do nível do mar. O interior é formado por savanas
e o litoral por uma planície pantanosa. O período chuvoso alterna com um
período de seca, com ventos quentes vindos do deserto do Sahara. O arquipélago
dos Bijagós situa-se a pouca distância da costa.
Clima
Situada aproximadamente a meia distância
entre o Equador e o Trópico de Câncer, a Guiné-Bissau tem clima tropical,
caracteristicamente quente e húmido. Há duas estações distintas: a estação das
chuvas e a estação seca. O território insular, composto por mais de 80 ilhas,
exibe algumas das melhores praias da África Ocidental.
A estação das chuvas estende-se de
meados de Maio até meados de Novembro, com maior pluviosidade em Julho e
Agosto. A estação seca corresponde aos restantes meses do ano. Os meses de
Dezembro e Janeiro são os mais frescos. No entanto, as temperaturas são muito
elevadas durante todo o ano.
Demografia
A população da Guiné-Bissau é
constituída por mais de 20 etnias, com línguas, estruturas sociais e costumes
distintos. A maioria da população vive da agricultura e professa religiões
tradicionais locais. Cerca de 45% dos habitantes praticam o islamismo. As
línguas mais faladas são o fula e o mandinga, entre as populações concentradas
no Norte e no Nordeste. Outros grupos étnicos importantes são os balantas e os
papéis, na costa meridional, e os manjacos e os mancanhas, nas regiões
costeiras do Centro e do Norte. O crioulo é a língua veicular interétnica.
Grupos
étnicos:
Balantas 30%
Fulas 20%
Manjacos 14%
Mandingas 13%
Papéis 7%
Europeus e outros: menos de 1%
Obs:
as etnias se identificam por grupos pelos seus modos de manifestação cultural,
dos quais são: Balantas, Fulas, Papeis, Mandingas, Mancanhes, Mandjacos,
Felupes, Biafadas, Bijagós, Nalus, Tandas, Oincas, Saracules, Padjadingas,
Beafadas e tantas outras etnias, originais ou derivadas; cada uma dessas etnias
é reconhecida precisamente por aquilo que a diferencia das outras.
Religiões:
Animismo (crenças tradicionais africanas
50%
Islamismo 45%
Cristianismo 5%
Línguas:
Português (oficial)
Crioulo Guineense
Línguas africanas
Com que prepósito esta cópia mal fundamentada e destorcida da realidade é publicada. Onde o senhor se baseou para dizer que " a quase totalidade da Guiné-Bissau estava integrada no reino de Gabu. Onde leu essa infâmia. É preciso ter a responsabilidade no que afirmamos!. Existia a Guiné-Bissau na época do reino de Gabu. Sabias qual era a abrangência desse reino?
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