Não queria escrever sobre a
possibilidade de se criar um Governo de Unidade Nacional na
Guiné-Bissau, perante negociações em curso entre o PAIGC e o PRS,
por iniciativa do PAIGC, que sustenta a necessidade de se viabilizar
o país, como se ninguém tivesse falado da necessidade de se
viabilizar o país ao longo de toda esta crise desnecessária.
A questão da legitimidade parlamentar
do actual Governo prende-se com a apresentação, discussão e
votação do seu Programa, bem como do Orçamento-Geral do Estado,
sendo que para isso, o Parlamento, a pedido do Governo, deve agendar
essa apresentação, discussão e votação, o que efectivamente não
aconteceu até agora, continuando o Governo a ter apenas a
legitimidade da sua nomeação e empossamento pelo Presidente da
República, mas, carecendo da legitimidade da Assembleia Nacional
Popular, o que o coloca apenas como um Governo de Gestão, quiçá,
limitado constitucionalmente.
O que dizer da configuração
parlamentar, face a tudo o que se sabe, tendo em conta que o Supremo
Tribunal de Justiça anulou a perda de mandato emitida pela Comissão
Permanente da Assembleia Nacional Popular aos 15 Deputados
anteriormente pertencentes ao Grupo Parlamentar do PAIGC, face à
solicitação do próprio PAIGC alegando as expulsões desses 15
Deputados das suas fileiras?
Será mais importante negociar primeiro
a formação de um novo Governo, ou negociar primeiro uma
reconciliação interna na Assembleia Nacional Popular, com todos os
partidos políticos com assento parlamentar, bem como com os
Deputados que passaram a não estar inscritos em nenhum Grupo
Parlamentar?
Não é a formação de um novo Governo
que deve anteceder o Parlamento, por isso, acho que o melhor seria
estabilizar e viabilizar o Parlamento, através de uma Conferência
de líderes dos partidos com assento parlamentar, com a participação
igualmente, de representantes dos Deputados não inscritos em nenhum
Grupo Parlamentar.
A Conferência de líderes é que
deveria abordar, no seio do Parlamento a possibilidade da formação
de um novo Governo, a apresentar ao Presidente da República, como
factor de consenso para o fim da crise, garantindo um compromisso em
forma de resolução, estabelecendo os moldes em que se constituiria
e como funcionaria o novo Governo.
Sem esse compromisso no Parlamento,
qualquer acordo fora de portas, entre o PAIGC e o PRS visando apenas
a formação de um novo Governo, sem ter em conta a necessidade da
reconciliação, estabilização e viabilização da Assembleia
Nacional Popular, redundaria num falhanço a curto prazo, porquanto,
à partida, a iniciativa ser demonstrativa apenas de um
arrependimento do PAIGC face às suas intransigências e aos seus
erros, que depois de ver esgotadas todas as opções legais de
recurso, sente o peso da irresponsabilidade de não estar no actual
Governo, nos moldes que a vitória eleitoral lhe permitia estar,
ainda que, com todas as convulsões ao longo desta crise política.
Penso que viabilizar o país não é
apenas uma questão de distribuir novas pastas num novo Governo,
mesmo sustentando que os mandatos parlamentares destes 2 partidos
garantiriam a maioria absoluta de uma nova configuração
parlamentar.
Saúda-se a iniciativa do diálogo, que
desde a primeira hora tanta gente sugeriu como única alternativa
para se ultrapassar a crise.
Haja moderação e contenção verbal,
sobretudo por parte do PAIGC nas abordagens públicas com referências
caluniosas aos órgãos de soberania e às Instituições da
República, mas também a outros partidos políticos, entre os quais
o próprio PRS, pois não se cria um ambiente de Confiança, atacando
tudo e todos.
Positiva e construtivamente.
Nota: Os artigos assinados por amigos, colaboradores ou outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles expressas.
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