O PAIGC, partido que lutou pela
libertação da Guiné-Bissau, esteve ausente das comemorações do Dia da
Independência, reflexo da tensão política no país.
"Fomos todos surpreendidos com uma
determinação do governo" em como "mais ninguém podia usar da
palavra" além do Presidente da República, José Mário Vaz, justificou à
Lusa o presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde
(PAIGC), Domingos Simões Pereira.
A independência "foi proclamada
pela Assembleia Nacional Popular (ANP) " e o dirigente do PAIGC considera
"em certa medida ilegal" que nem o presidente do parlamento, nem os
partidos, pudessem discursar, como habitual, nas celebrações que este ano
decorreram no largo da Câmara Municipal de Bissau.
Apesar de questionado pelos jornalistas,
o Primeiro-ministro, Bacio Djá, não comentou o assunto.
Domingos Simões Pereira disse à Lusa que
este incidente "não ajuda" à implementação do acordo para resolução
da crise política no país.
O PAIGC venceu as eleições gerais de
2014, mas o Presidente da República, José Mário Vaz, demitiu dois governos e
deu posse a um executivo com dissidentes e membros de outras forças políticas.
As divisões paralisaram o parlamento e o
país entrou num beco sem saída, sem programa de governo e sem orçamento de
Estado, o que tem travado apoio financeiro de parceiros internacionais.
Em Setembro, a Comunidade Económica dos
Estados da África Ocidental (CEDEAO) propôs um acordo de seis pontos para saída
da crise que inclui a formação de um governo de inclusão que vá até final da
legislatura (2018) - acordo assinado por todos e acerca do qual se espera o
início das negociações.
Nas cerimónias do dia 24, José Mário Vaz
discursou sem comentar a ausência do presidente do parlamento (segunda figura
do Estado) e do PAIGC e fez novos apelos ao diálogo, que na prática contrastam
com o incidente deste sábado.
Apontou como prioridade "a formação
de um governo de unidade nacional, com entendimento entre o PAIGC, PRS [segundo
partido mais votado] e grupo dos 15", que junta dissidentes do partido
vencedor em 2014.
O acordo apadrinhado pela CEDEAO
"não é um remédio santo", mas será "um passo para o
apaziguamento e estabilidade até final da presente legislatura",
acrescentou o chefe de Estado.
Apesar da situação, José Mário Vaz
destacou o que considera ser um aspecto positivo: a actual crise trava-se ao
nível jurídico e institucional, sem que haja "senhoras viúvas" ou
"crianças órfãs" por causa de mortes ordenadas "pelo Presidente
da República".
A Guiné-Bissau celebrou os 43 anos da
declaração unilateral de independência em relação a Portugal, proclamada no
primeiro encontro da Assembleia Nacional Popular presidida por Nino Vieira. Com
a Lusa
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