Novo secretário-geral prestou juramento,
assumindo a prioridade de reformar as Nações Unidas e apostar na prevenção de
conflitos.
Reformar as Nações Unidas; reconstruir
as relações entre as pessoas e os líderes; e apostar na prevenção de conflitos
foram algumas das prioridades destacadas por António Guterres no discurso feito
nesta segunda-feira, em Nova Iorque, onde jurou a Carta das Nações Unidas,
antes de a 1 de Janeiro tomar posse como secretário-geral da ONU.
“A ONU deve preparar-se para mudar”,
avisou Guterres, dizendo que é tempo de a organização “reconhecer as suas
insuficiências e de reformar o modo como funciona”. O novo secretário-geral
assumiu o objectivo de reduzir a burocracia: "Devemos focar-nos mais nos
fins e menos nos processos, mais nas pessoas e menos na burocracia.” E deu um exemplo
do que é inaceitável: “Não é útil para ninguém que demore nove meses a destacar
um quadro para o terreno.”
Traçando um cenário do actual estado do
mundo – “o fim da Guerra Fria não foi o fim da história” –, o antigo
primeiro-ministro afirmou que a história voltou com vingança: “Os conflitos
tornaram-se mais complexos e interligados do que antes. Produziram horríveis
violações da lei humanitária internacional e abusos dos direitos humanos. As
pessoas foram forçadas a deixar as suas casas numa escala que não era vista há
décadas. E uma nova ameaça emergiu, o terrorismo global”, analisou.
Guterres destacou ainda que a
globalização trouxe progresso, mas também “fez aumentar as desigualdades:
“Muita gente ficou para trás, incluindo nos países desenvolvidos", disse,
antes de salientar a necessidade de uma nova relação entre os líderes políticos
e as populações. “Muitos perderam a confiança nos seus Governos e em
instituições globais, como as Nações Unidas. É tempo de reconstruir a relação
entre as pessoas e os líderes”, disse, perante os aplausos da assembleia-geral
da ONU.
Mais tarde, em declarações aos
jornalistas, Guterres disse que a única forma de restabelecer a confiança é
“dizer a verdade”.
Para enfrentar os múltiplos conflitos
mundiais, como a guerra na Síria, Guterres destacou a importância da “mediação”
e da “diplomacia preventiva”, prometendo envolver-se “pessoalmente” se for
necessário.
Já depois do discurso, nas respostas aos
jornalistas, a quem pediu para não o tratarem por "excelência",
Guterres voltou a falar do conflito na Síria, destacando a necessidade de
“restabelecer a confiança” entre as partes em conflito e “estabelecer pontes.
Mesmo deixando claro que “o secretário-geral das Nações Unidas não é o líder do
mundo”, Guterres lembrou que é necessário que as partes ponham de lado as
diferenças e salientou que na guerra na Síria “ninguém ganha, todos perdem”.
Num discurso em que falou alternadamente
em inglês, francês e espanhol, o antigo primeiro-ministro português destacou
ainda a necessidade de “melhorar a coordenação” entre as numerosas instâncias
da ONU que combatem o terrorismo e de alcançar a paridade entre homens e
mulheres dentro das Nações Unidas.
Logo no início do discurso, Guterres
tinha sublinhado as “três prioridades estratégicas”: “o nosso trabalho pela
paz, o nosso apoio ao desenvolvimento sustentável e a nossa gestão interna”.
Com Publico
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