Depois de integrar a mítica banda Super
Mama Djombo, o músico guineense lança-se internacionalmente a solo. Em
entrevista à DW África, Binhan lamenta o desempenho das autoridades guineenses
perante a crise no país.
Binhan Quimor, uma das grandes vozes da
nova geração de músicos da Guiné-Bissau, acaba de fazer em Lisboa o lançamento
internacional da reedição do seu primeiro disco a solo. "Lifante
Pupa" é a rampa para a projeção internacional de Binhan, que integrou a mítica
banda guineense Super Mama Djombo e já foi distinguido como Artista Revelação e
melhor cantor de música moderna pela crítica guineense.
O álbum a solo de Binhan destaca-se pela
melodia, incluindo canções de amor, mas também de intervenção política e
militar e hinos à Guiné-Bissau. Numa altura em que o país está a braços com a
instabilidade, o músico exorta a classe política dirigente a respeitar os
ideais da independência e a trabalhar para a construção de uma nova
Guiné-Bissau.
Nascido em 1977, quatro anos depois da
independência, Binhan critica os políticos guineenses por não saberem lidar com
as crises que têm contribuído, ao longo de vários anos, para o estado de
instabilidade permanente e consequente atraso no desenvolvimento económico e
social do país.
Futuro
adiado
"Desde a independência, em 1973,
até à data presente, nós, guineenses, não conhecemos aquela paz que um ser
humano, um povo, precisa de ter", lamenta o músico. "Sempre acontece
alguma coisa e isso acaba por criar tensão e adiar a esperança do povo".
Mais de 40 anos após a independência, a
instabilidade continua a ter efeitos negativos na vida dos guineenses, lembra
Binhan. "Quem sai a perder em tudo isto são os jovens. O futuro dos jovens
sempre foi adiado, a esperança morre a cada dia que nasce o sol",
sublinha. Por isso, o músico apoia a reivindicação: "Os jovens agora
decidiram resolver os seus problemas sem esperar pelos políticos. Os guineenses
perderam a esperança nos políticos".
Com a democracia, acrescenta, o país deveria
conhecer um novo rumo. Esta mensagem também faz parte do seu primeiro disco a
solo: um apelo à paz real na Guiné-Bissau. "Mais vale tarde que nunca. É
hora dos guineenses, dos nossos políticos e líderes começarem a pensar na paz,
que é indispensável para desenvolver o país".
A
riqueza do crioulo
O álbum "Lifante Pupa"
(lançado em 2015 na Guiné-Bissau) inclui canções de intervenção política, mas
também faixas que retratam o quotidiano social e a beleza do país. Para Binhan,
a maior riqueza é a língua crioula, que considera ser um fator de unidade nacional
e não um instrumento usado por alguns para dividir os guineenses por etnias.
"Nós somos guineenses, nada nos pode separar. Nem a fome, nem a guerra,
nem os políticos", garante.
Os políticos, diz Binhan, "ouvem e
dançam" a música guineense, mas nem sempre acatam as mensagens em prol de
uma nova Guiné-Bissau. "Não fazem nada para melhorar a situação".
Depois do lançamento internacional do
álbum, Binhan regressa a Bissau para se preparar para concertos em várias
partes do mundo. Alemanha, França, Inglaterra e Cabo Verde fazem parte do
roteiro.
O disco foi gravado entre Bissau e
Abidjan e conta com a participação especial de Queen Etmen (Camarões), Tshaga,
filho de Aicha Koné (Costa do Marfim), e a cantora Monique Seka (Costa do
Marfim).
Intelectuais
Balantas Na Diáspora com o DW África
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