De 15 a 16 de junho decorre em Bissau a
primeira conferência internacional sobre a corrupção, no hotel Azalai,
organizado pela Associação Sindical dos Magistrados Judiciais Guineenses
(ASMAGUI) com o objectivo de chamar à atenção aos magistrados e à sociedade, em
geral, do perigo e risco da corrupção nas instituições.
Paulo Sanha fez a declaração durante a
abertura do seminário de dois dias sobre corrupção e estado de direito
organizado pelo Sindicato dos Magistrados judiciais.
«Corrupção e fragilidades das instituições políticas e judiciais é o tema. Corrupção de todos falam mesmo que inadvertidamente nelas estão mergulhadas ate mesmo as mais altas profundidades do lado activo ou passivo. Mas é o poder judicial que se apontam as responsabilidades quando efectivamente a corrupção é um fenómeno transversal na nossa sociedade regada por sucessivas crises político-institucional, por isso o seu combate deve ser também transversal não por via de criação de bodes expiatórias fora de campos da sua autoria», salienta.
Por seu lado o representante do ministro
da justiça na cerimónia Degol Mendes sublinhou que segundo os dados da
transparência internacional de 2013, a Guiné-Bissau é indiciada como 12º país
mais corruptos atingindo cifras significativas, na generalidade das
instituições politicas e publicas alargando-se para instituições encarregues de
prevenir e combater a criminalidade.
«A cumplicidade de instituições politica e
judiciarias face a essas ocorrências sociais, contribuiu para o afastamento da
confiança do cidadão comum na justiça estatal dando origem a impunidade
enquanto problema geral e transversal a todos os tipos de ilícitos com reflexos
imediatos em relação ao futuro», sublinha Degol Mendes.
A cerimónia serviu igualmente para
comemorar os 25 anos da criação da Associação dos magistrados Judiciais
Guineense.
“O tribunal que pratica a corrupção não
pode zelar pelos interesses dos cidadãos e a corrupção impede que a justiça
seja realizada. A administração da justiça não pode andar de mãos dadas com a
corrupção” disse Noémia Gomes, presidente da ASMAGUI.
Um total de 130 participantes de todos
os quadrantes da sociedade guineense, participam na conferência que conta também
com participação de convidados estrangeiros e nacionais, provenientes de Portugal,
Brasil e Moçambique. O constitucionalista e professor guineense, Emílio Kafft
Kosta, abriu a conferência e deixou no ar a pergunta "quem guarda os
guardas?".
A conferência está dividida em três
painéis para abordar temas como políticas públicas e corrupção, os meios
especiais de prova e de obtenção da prova nos casos de corrupção, corrupção e
estado de direito: independência judicial e prestação de contas, e o impacto da
corrupção nos direitos humanos.
Hoje, no primeiro painel o magistrado
brasileiro Márcio Fontes partilhou a experiência do seu país onde há dois anos
o sistema judicial esta a investigar casos de corrupção que envolvem a elite
política do Brasil. O chamado caso "lava jato". Logo a seguir falou
Hermenegildo Pereira, conselheiro para a área da justiça no UNIOGBIS que falou
dos desafios do combate a corrupção na Guiné-Bissau: "falta de adequação
das leis e falta de vontade politica". "Somos todos cúmplices.",
Hermenegildo Pereira.
A realização desta conferência conta com
o apoio técnico e financeiro do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas
(PNUD), Escritório das Nações Unias para o Combate ao Tráfico de Droga e Crime
Organizado (UNODC), Escritório Integrado das Nações Unidas para a Consolidação
da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) e Supremo Tribunal de Justiça.
Considerando os graves problemas que a
corrupção coloca à estabilidade dos estados e à segurança das sociedades,
“minando as instituições e os valores da democracia, valores éticos e pondo em
risco o desenvolvimento sustentável e o estado de direito”, a Assembleia Geral
das Nações Unidas aprovou uma Convenção Internacional contra a Corrupção que
entrou em vigor em 2005. 140 Estados-membros, entre os quais a Guiné-Bissau, já
ratificaram a Convenção. Através desta Convenção, os estados comprometem-se a
tomar medidas contra a corrupção tais como, investigar e processar
judicialmente os responsáveis por corrupção e a tomar medidas tais como
congelamento de capitais, e a adoptar medidas legais para a prevenção da
corrupção.//ONU na Guiné-Bissau
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