quinta-feira, 15 de junho de 2017

Guiné-Bissau: A 1ª Conferência Internacional sobre a Corrupção, elucida o perigo e risco da corrupção nas instituições

De 15 a 16 de junho decorre em Bissau a primeira conferência internacional sobre a corrupção, no hotel Azalai, organizado pela Associação Sindical dos Magistrados Judiciais Guineenses (ASMAGUI) com o objectivo de chamar à atenção aos magistrados e à sociedade, em geral, do perigo e risco da corrupção nas instituições.

Paulo Sanha fez a declaração durante a abertura do seminário de dois dias sobre corrupção e estado de direito organizado pelo Sindicato dos Magistrados judiciais.

«Corrupção e fragilidades das instituições políticas e judiciais é o tema. Corrupção de todos falam mesmo que inadvertidamente nelas estão mergulhadas ate mesmo as mais altas profundidades do lado activo ou passivo. Mas é o poder judicial que se apontam as responsabilidades quando efectivamente a corrupção é um fenómeno transversal na nossa sociedade regada por sucessivas crises político-institucional, por isso o seu combate deve ser também transversal não por via de criação de bodes expiatórias fora de campos da sua autoria», salienta.

Por seu lado o representante do ministro da justiça na cerimónia Degol Mendes sublinhou que segundo os dados da transparência internacional de 2013, a Guiné-Bissau é indiciada como 12º país mais corruptos atingindo cifras significativas, na generalidade das instituições politicas e publicas alargando-se para instituições encarregues de prevenir e combater a criminalidade.

 «A cumplicidade de instituições politica e judiciarias face a essas ocorrências sociais, contribuiu para o afastamento da confiança do cidadão comum na justiça estatal dando origem a impunidade enquanto problema geral e transversal a todos os tipos de ilícitos com reflexos imediatos em relação ao futuro», sublinha Degol Mendes.
  
A cerimónia serviu igualmente para comemorar os 25 anos da criação da Associação dos magistrados Judiciais Guineense.

“O tribunal que pratica a corrupção não pode zelar pelos interesses dos cidadãos e a corrupção impede que a justiça seja realizada. A administração da justiça não pode andar de mãos dadas com a corrupção” disse Noémia Gomes, presidente da ASMAGUI.

Um total de 130 participantes de todos os quadrantes da sociedade guineense, participam na conferência que conta também com participação de convidados estrangeiros e nacionais, provenientes de Portugal, Brasil e Moçambique. O constitucionalista e professor guineense, Emílio Kafft Kosta, abriu a conferência e deixou no ar a pergunta "quem guarda os guardas?".

A conferência está dividida em três painéis para abordar temas como políticas públicas e corrupção, os meios especiais de prova e de obtenção da prova nos casos de corrupção, corrupção e estado de direito: independência judicial e prestação de contas, e o impacto da corrupção nos direitos humanos.

Hoje, no primeiro painel o magistrado brasileiro Márcio Fontes partilhou a experiência do seu país onde há dois anos o sistema judicial esta a investigar casos de corrupção que envolvem a elite política do Brasil. O chamado caso "lava jato". Logo a seguir falou Hermenegildo Pereira, conselheiro para a área da justiça no UNIOGBIS que falou dos desafios do combate a corrupção na Guiné-Bissau: "falta de adequação das leis e falta de vontade politica". "Somos todos cúmplices.", Hermenegildo Pereira.

A realização desta conferência conta com o apoio técnico e financeiro do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD), Escritório das Nações Unias para o Combate ao Tráfico de Droga e Crime Organizado (UNODC), Escritório Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) e Supremo Tribunal de Justiça.

Considerando os graves problemas que a corrupção coloca à estabilidade dos estados e à segurança das sociedades, “minando as instituições e os valores da democracia, valores éticos e pondo em risco o desenvolvimento sustentável e o estado de direito”, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma Convenção Internacional contra a Corrupção que entrou em vigor em 2005. 140 Estados-membros, entre os quais a Guiné-Bissau, já ratificaram a Convenção. Através desta Convenção, os estados comprometem-se a tomar medidas contra a corrupção tais como, investigar e processar judicialmente os responsáveis por corrupção e a tomar medidas tais como congelamento de capitais, e a adoptar medidas legais para a prevenção da corrupção.//ONU na Guiné-Bissau

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