As autoridades da Guiné-Bissau
anunciaram hoje que capturaram 11 pirogas de pescadores do Senegal que se
encontravam a pescar ilegalmente em águas guineenses, mas quatro conseguiram fugir
depois de terem feito refém um agente guineense.
Mário Fambé, coordenador da Fiscap
(entidade de fiscalização das atividades de pesca) e Sigá Batista, capitão dos
Portos de Bissau, confirmaram a captura das pirogas senegalesas, mas ambos
lamentaram as circunstâncias da operação.
Além de terem entrado de forma ilegal no
território guineense, sem o conhecimento dos serviços de emigração, os
senegaleses estavam a pescar com redes não autorizadas, explicou o coordenador
da Fiscap.
Segundo Fambé, na fuga das quatro
pirogas para o Senegal, os pescadores daquele país levaram um agente da Guarda
Nacional da Guiné-Bissau "que fizeram refém".
O responsável guineense indicou ter já
informações em como o militar se encontra "são e salvo num hotel de
Dacar" depois de ter sido posto em liberdade pelos pescadores.
"Levaram o nosso militar com a
nossa arma e a nossa farda, o que não podemos admitir", disse,
visivelmente irritado, o coordenador da Fiscap.
Mário Fambé espera que as autoridades
políticas guineenses tomem "as medidas necessárias" para fazer ver ao
Senegal que situações do género não podem voltar a acontecer.
Hoje de manhã foram apresentadas aos
jornalistas sete embarcações da pesca artesanal apreendidas, mas o coordenador
da Fiscap acredita que as quatro que fugiram para o Senegal serão repatriadas
pelas autoridades de Dacar "para que paguem a multa" ao Estado
guineense.
Fambé lamentou as condições em que os
elementos da fiscalização se fazem ao mar para o combate à pirataria,
salientando que enquanto nos outros países as operações são feitas com
helicópteros, aviões e barcos na Guiné-Bissau, disse, são realizadas "com
pequenas embarcações".
A Guiné-Bissau e o Senegal têm um acordo
que permite que pescadores artesanais operem nas águas guineenses a bordo de
pirogas equipadas com motores fora de bordo.
Mário Fambé afirma que esse tipo de
pesca "é mais prejudicial" aos recursos haliêuticos em comparação com
a pesca industrial.
O capitão dos Portos de Bissau, Sigá
Batista, considerou que a costa marítima da Guiné-Bissau "é
aliciante" para pescadores de quase todos os países da Africa Ocidental,
"talvez por saberem que não há vigilância apertada", disse.
Para Sigá Batista, é incompreensível que
todos os dispositivos de fiscalização das águas guineenses se encontrem na
terra firme, quando deviam estar na zona insular do país, observou.
"O
nosso mar está aberto e vulnerável à pirataria", notou o capitão dos
Portos de Bissau, referindo que há gente em Bissau a avisar os pescadores
infratores no mar de cada vez que a fiscalização se faz às águas.
Sigá
Batista afirmou que se houvesse meios os fiscalizadores podiam ter trazido
"cem pirogas" em vez de sete. Com a Lusa
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