O ser humano tende a fazer perguntas que
saciem a sua curiosidade e fome de saber. É sinal dos limites da natureza
finita e da aspiração infinita do seu espírito. Faz perguntas desde a mais
tenra idade e sobre os mais diversos assuntos, chegando normalmente a
interrogar-se sobre o sentido da vida, a identidade pessoal, a convivência em
sociedade, o futuro após a morte, Deus, Jesus Cristo, Igreja, família.
Tem tendência a interrogar Deus, a pedir-lhe
explicações dos seus actos, a julgá-lo no “tribunal da razão” pelas suas
ausências e cumplicidades.
A pergunta do ser humano é um eco das
perguntas que Deus lhe faz ao longo da história: Adão, onde estás? Caim, que
fizeste do teu irmão? Povo meu, que te fiz eu? Responde-me – súplica por meio
do profeta. E vós, quem dizeis que eu sou? – indaga Jesus aos seus discípulos.
Este modo de ser manifesta a relação
mais profunda e o diálogo mais salutar que, naturalmente, se estabelece entre
ambos: criatura e criador, ser carenciado e salvador, ser peregrino na história
e senhor do tempo e da eternidade.
Deus dá sempre resposta à interrogação
do ser humano, embora possa não seja a que este espera. Importa estar atento. O
ser humano nem sempre responde às perguntas feitas por Deus à consciência
pessoal e social. Daí, a necessidade de reconsiderar e de reorientar a atitude
assumida, desfazendo o desvio e procurando a sintonia.
Jesus, fiel intérprete de Deus e do
homem, entra na lógica da pergunta e da resposta. E, dirigindo-se aos
discípulos, questiona-os algumas vezes, sobretudo quando pretende verificar o
reconhecimento da sua identidade e da sua missão. Que dizem a meu respeito? E
para vós quem sou eu? Perguntas feitas junto ao mar de Tiberíades e que têm repercussões
universais, interpelação dirigida a um grupo e que se destina a toda a
humanidade, ao longo dos tempos.
Ontem como hoje, as respostas são
várias, denotando uma diversidade de posturas face ao reconhecimento de quem é
Jesus e da missão que realiza. Coincidem todas em identificá-lo com algum dos
grandes profetas.
O resultado desta recolha é excelente. O
estatuto de Jesus havia evoluído de humilde filho de artesão e atingido a
dimensão dos maiores profetas de Israel. Mas, fica manifestamente aquém da
verdade. Por isso, vem a insistência: “E vós, quem dizeis que eu sou?”
Pedro, cheio de entusiasmo espontâneo,
exclama: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”. Acerta em cheio e, por isso,
é declarado feliz. O acerto fica a dever-se a uma revelação recebida do Pai
celeste.
A pergunta de Jesus é dirigida, agora, a
cada um de nós. Que resposta lhe damos? A dos jovens que vibram com a novidade
da mensagem, a beleza das atitudes, a valentia da contestação, a determinação
em ir até ao fim, o amor confiante no Pai, mesmo nas horas mais difíceis? Ou a
dos que o vêem como um guru espiritual, um bom narrador de parábolas à maneira
dos mestres de Israel? Jesus é tudo isto, mas por ser o Messias, o filho de
Deus. Esta é a verdade suprema e bela que convém alcançar. Como as Jornadas
Mundiais têm vindo a proporcionar e a de Madrid intencionalmente quer provocar.
Outras pessoas assumem atitudes
diferenciadoras: Jesus, o libertador das classes oprimidas, o hippy
extravagante num sistema social estratificado…
A resposta de Pedro fica como modelo de
quem reconhece Jesus, verdadeiro Filho de Deus. E, por isso, se converte em
pedra firme pela fé que professa, em edifício humano com o coração aberto pelas
chaves do amor, em árvore enraizada que aguenta todo o vendaval da provação e,
confiante, aguarda o tempo de dar frutos apetecidos e saborosos. Como em Pedro,
o apóstolo; como, assim esperamos, nos jovens participantes nas Jornadas
Mundiais e como o Papa Francisco lhes deseja: “É com alegria que vos anuncio
que a próxima Jornada Mundial da Juventude – depois das duas a nível diocesano
– será em 2019, no Panamá”.
A resposta à pergunta: “Quem é Jesus”
provoca um estilo de vida peculiar como se pode ver em tantos cristãos, gente
simples, mas dedicada; pessoas com nome consagrado como P. Américo, Maria da
Luz, Teresa de Calcutá, Papa Francisco e tantos párocos das nossas aldeias e
cidades, reformados e idosos, pais e mães de família, avós, educadores. Quantos
rostos de misericórdia iluminam o mundo com a luz que encontram em Jesus Cristo
e sentem o seu apelo a serem seus amigos. “A relação pessoal com Ele renova-se
diariamente; a vida não tem melhor sentido que Jesus vivido e transmitido; quem
o conhece, sente-se amado; sentindo-se amado, segue-O em seus critérios e
compromissos” - Vasquez Gundin, Homilética, 2017/4, p. 500. Experimenta! Dá-lhe
a tua resposta sincera e ousada.
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