quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O homem no modelo quadro de reflexão de Amílcar Cabral



A formação do Homem Novo
Uma das pedras angulares do pensamento de Cabral foi a ideia de formação de um «homem novo», cidadão de uma sociedade justa, igualitária.
Este ideal, praticamente presente em todo o pensamento dos homens revolucionários da época, encontrou a sua expressão máxima na obra Os Condenados da Terra de Frantz Fanon: “A humanidade espera alguma coisa de nós que não seja essa imitação caricatural e em geral indecorosa. Se queremos transformar a África numa nova Europa, a América numa nova Europa, confiemos, então, aos europeus os destinos dos nossos países. Saberão fazê-lo melhor que os mais dotados de nós. Mas se queremos que a humanidade avance com audácia, se queremos elevá-la a um nível diferente do que foi imposto pela Europa, então é necessário inventar e descobrir. Se queremos responder à esperança dos nossos povos, não devemos fixar-nos apenas na Europa. Além disso, se queremos à esperança dos europeus, não devemos reflectir uma imagem, mesmo ideal, da sua sociedade e do seu pensamento pelos quais sentem de quando em quando uma imensa náusea. Pela Europa, por nós e pela humanidade camaradas, é necessário mudar de pele, desenvolver um pensamento novo, tratar de formar um homem novo”248 . As alterações sociais provocadas na estrutura social pela acção colonizadora, favoreceu o desenvolvimento de um pequeno grupo constituído pela «pequena burguesia autóctone» e a manutenção de um grande grupo composto pelas «massas populares nativas» na sua maioria camponeses.
O primeiro grupo formado pelo domínio estrangeiro desenraizado, assimilado, económica e culturalmente alienado afastava-se das massas populares nativas, portadora da cultura tradicional do país.
Estes dois grupos constituíram a base do projecto da formação de um «homem novo» negro e africano, integrado no processo histórico mundial.
248 Fanon, Frantz – Os condenados da terra. Lisboa: Editora Ulisseia, 1961, p. 311-312.
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