sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

OPINIÃO: A frustração dos jovens diplomados guineenses regressados aos pais e que estão a ver os seus futuros adiados sem luz verde ao fundo do túnel...


GRADUADO, MAS DESEMPREGADO! O QUE FAZER?
Esta é deveras uma grande inquietação, uma questão que tem afrontado os nossos jovens diplomados. O que fazer depois de uma boa formação? Ser empreendedor sem benefícios fiscais, sem acesso ao financiamento e sem energia eléctrica garantido? Fazer um bom curriculum vitae, uma boa carta de apresentação e esfolar as solas dos pés batendo de porta em porta, sem conseguir sequer uma resposta, mesmo que seja negativa? Participar em conferências, seminários, mesas redondas, debates, workshops e tertúlias sobre o aumento galopante da taxa de desemprego, onde os oradores ao invés de motivar, fazem discursos que deixam os jovens desempregados ainda mais atarantados, desmotivados e desorientados? Onde pessoas que trabalham no aparelho do Estado, imploram aos outros para serem empreendedores, inovadores e para não terem qualquer aversão ao risco. Mas por que estas criaturas que falam tanto de empreendedorismo escolheram trabalhar logo na Administração Pública, quando podiam ter tido uma ideia inovadora, criar um projecto, fazer um estudo de viabilidade económica, assumir todos os riscos, solicitar um financiamento e criar o seu próprio emprego? Será que não são capazes? Será que estão a fazer uma grande confusão entre empreendedorismo e nepotismo? Dizem que os jovens de hoje, não sabem escrever e falar o português de forma correcta, que andam por aí a pontapear a gramática, e sendo assim, como podem conseguir um bom emprego? Mas se, insistentemente andamos por aqui a tentar oficializar o nosso crioulo, porque eles têm de saber falar e escrever bem a língua de Camões, quando podem ser competentes falando a língua de Cabral, Chinês, Russo, Francês, Espanhol, Árabe…? Os jovens perguntam: Onde é que falhamos? Foi na hora de escolhermos a área de formação? Foi por termos nascido em lares, onde os familiares não fazem parte do sistema e não têm qualquer tipo de conhecimentos e influência? Será que escolhemos mal os nossos pais, tios, primos…como se isso fosse possível? Será que não fomos inteligentes o suficiente quando escolhemos os companheiros (as)? Será que devíamos ter posto o amor de lado e apostado no conforto e bem-estar, como as prostitutas intelectuais/de salto alto andam a fazer? Será que a nossa relutância em não vestir a camisola e de carregar aquela bandeira, está a interferir negativamente nas nossas carreiras profissionais? Será? Será? Será? Seremos obrigados a abrir mãos dos nossos valores, dos nossos princípios, das nossas ideologias, da nossa educação caseira, das nossas filosofias de vida, em troca de sustento? Teremos de nos transformarmos em seres corruptos, em lambedores de botas, em engraxadores de sapatos, em vira-casacas, em caçadores de votos pelos vários focos de prostituição, de delinquência e de drogas, para garantirem um emprego? Será que não há uma outra saída, que não seja botar mãos em negócios obscuros, pouco ou nada lícitos, para sermos considerados empreendedores?
É mergulhado numa profunda tristeza e com uma grande preocupação que faço todas estas questões. É carregado de inconformismo que assisto o desprezar de diplomas de jovens que passaram uma vida inteira queimando as pestanas nos livros. É mais do que humilhante saber que a formação há muito deixou de ser a ferramenta essencial e passou a ser um simples acessório, para um jovem conseguir entrar no mercado de trabalho. Mas, ainda mais triste é a hipocrisia e falta de seriedade como este problema tem sido tratado. É desesperador, estar desempregado, ir para uma conferência com tantas esperanças, e sair de lá completamente desmotivado com discursos de jovens com vários cargos e empregos!
Que pais e' nosso? Querendo quadros formados nas instituições públicas, ou ter a coleção dos desempregados na praça pública que vão acabando as formações e acreditando num regresso para darem os seus contributos para o desenvolvimento do nosso país.
Por: Luís Victor Intchama



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