O ministro do Interior
da Guiné-Bissau, Suka N'Tchama, colocou o lugar à disposição do presidente de
transição, na sequência do incidente com o voo da TAP entre Bissau e Lisboa de
10 de dezembro.
"O meu nome foi
envolvido e as minhas gentes também, porque no aeroporto é a minha gente que
está a trabalhar (...), é tudo pessoal do Ministério do Interior", referiu
ao justificar a decisão hoje tomada.
Suka N'Tchama disse
também que deixa o cargo de ministro do Interior nas mãos do presidente de
transição para que a comissão de inquérito ao caso possa "fazer o seu
trabalho" e adiantou que continuar em funções poderia "desestabilizar
ou estrangular inquéritos" que estão a ser realizados.
A tripulação da TAP foi
obrigada pelas autoridades guineenses a transportar 74 passageiros com
passaportes falsos o que levou à suspensão dos voos diretos entre os dois
países.
Questionado sobre o que
é que aconteceu na noite de 10 de dezembro, Suka N'Tchama referiu apenas que
"só a comissão de averiguação criada pelo Governo é que vai dizer a
verdade. Estão a trabalhar e, dentro e em breve, vamos saber o resultado".
O governante disse
esperar que se possa "apurar a verdade, que talvez seja diferente daquilo
que as pessoas veiculam", como seja, relativamente "ao uso de armas
pesadas", entre outros detalhes.
Suka N'Tchama fez
questão de realçar que colocou o cargo à disposição, mas que
"demissão" é outra coisa, neste caso uma decisão que está nas mãos de
Serifo Nhamadjo, presidente de transição.
Nhamadjo ainda não se
pronunciou sobre o incidente, nem anunciou se aceita a demissão do ministro dos
Negócios Estrangeiros guineense, Delfim da Silva, que anunciou a sua saída do
governo na sexta-feira, denunciando "cumplicidades" no aparelho de
Estado.
Na sexta-feira, a alta
representante da União Europeia para a Política Externa e de Segurança,
Catherine Ashton, anunciou que a ordem partiu de "um membro superior das
autoridades de transição da Guiné-Bissau".
O jornal
"Público" adiantou no sábado que Suka N'Tchama, que tutela a área da
segurança interna, terá dado essa ordem.
Na segunda-feira foi a
vez de o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, referir que
cada passageiro pagou "uma determinada quantia a uma organização" com
pessoas "ligadas a membros do governo da Guiné-Bissau".
Toda a situação está a
ser averiguada por uma comissão criada pelo governo de transição que, de acordo
com o despacho do primeiro-ministro guineense, Rui de Barros, deve terminar as
investigações hoje e apresentar as conclusões na quarta-feira.
Ao mesmo tempo, foi
hoje ouvido pelo Ministério Público e continua detido pela Polícia Judiciária
guineense um homem suspeito de ter recrutado os 74 passageiros em Marrocos e de
os ter transportado para Bissau.
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