O Representante
Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas saudou hoje a etapa vencida dos
35 por cento no recenseamento para as eleições de 16 de Março, numa reunião com
o Governo e parceiros de apoio realizada no GTAPE.
José Ramos-Horta
participou no encontro juntamente com o Primeiro-Ministro, Rui Barros, o
Ministro da Administração Territorial e Poder Local, Batista Té, e
representações dos parceiros nigerianos e da Missão (de Timor-Leste) de Apoio
ao Processo de Recenseamento Eleitoral na Guiné-Bissau.
Este encontro,
realizado no Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAPE), visou
fazer o ponto ao recenseamento em curso desde o início de Dezembro de 2013, que
agora atinge cerca de 300.000 cidadãos já na posse do cartão de eleitor,
levando o Ministro Batista Té a declarar: “A previsão dos 800.000 é política,
sem qualquer censo prévio que a sustente”.
À saída, o Nobel da Paz
e chefe do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na
Guiné-Bissau felicitou as autoridades guineenses, particularmente o GTAPE e a
pessoa do ministro da tutela:
Vi com os meus próprios
olhos, em tabancas (freguesias) remotas, o que se está a fazer, num processo
iniciado graças ao apoio de Timor-Leste. Os que nada ou pouco fazem, sempre
encontrarão razões para criticar. Mas a verdade é que as autoridades de
transição contaram com muito poucos meios financeiros e materiais. Creio que se
não tivesse havido a rápida intervenção de Timor-Leste, ainda hoje – primeira
semana de Janeiro – não teria começado o recenseamento.
Serão necessários,
porém, mais kits. O Governo guineense solicitou apoio à Nigéria, que já disponibilizou
256, adicionais aos 150 de Timor-Leste. Falta agora um ajustamento legal e
técnico [na aquisição dos direitos autorais do software e compatibilização das
bases dos dados recolhidos].
Do lado de Timor-Leste
– e depois de tratar o assunto com o Primeiro-Ministro Xanana Gusmão e com o
Secretário de Estado da Descentralização Administrativa timorense, Tomás Cabral
-, prosseguirá o apoio ao GTAPE e `as autoridades, procurando todos os meios
para compatibilizar o equipamento e sentindo orgulho por poder trabalhar com a
maior potência africana, a Nigéria.
Aliás, a Nigéria é o
país que mais tem aguentado os custos financeiros neste periodo de transição na
Guiné-Bissau, ajudando no Orçamento de Estado, financiando quase na totalidade
as despesas da ECOMIB [Missão da Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental-CEDEAO na Guiné-Bissau].
Mas serão sempre os
irmãos guineenses e o GTAPE a liderar o processo. Timor-Leste está no terreno
apenas com meios financeiros e técnicos, para colaborar com soluções para os
problemas.
Estou satisfeito,
depois de ouvir o Primeiro-Ministro Rui Barros e o Ministro Batista Té, bem
como a liderança do GTAPE, na medida em que, prorrogado o prazo do registo se
atingirá um número máximo razoável de recenseados. O número potencial de
800.000 eleitores não corresponde, de facto, a qualquer aferição rigorosa
porque, desde 2008 [data do último censo], ninguém tem ao certo o número de
votantes na Guiné-Bissau.
Se o número for de
800.000, ótimo, mas admitamos que haverá cidadãos que não estarão preocupados
em sair das suas aldeias, caminhar longas distâncias até às mesas de
recenseamento, esperar muitas horas nas filas…Ora, se não quiserem, ninguém é
obrigado. Se for alcançado o recenseamento de dois terços do número potencial
de eleitores, já será muito bom.
Por seu turno, o
Primeiro-Ministro, Rui Barros, afirmou:
Ainda há algumas
dificuldades no terreno, mas estamos confiantes em que o processo é abraçado
por todos, para culminar nas eleições marcadas para 16 de Março.
O Ministro da
Administração Territorial e Poder Local, Batista Té, concluiu:
A previsão dos 800.000
eleitores é política, mas não há qualquer censo prévio que a sustente.
Portanto, não se pode dizer que esse seja o universo real. É um número que
surgiu na sequência de previsões e ajustamentos feitos aquando das eleições de
2012, após o recenseamento manual de 2008.
Chegámos então a um valor na ordem dos 580.000 eleitores e aí foi
quando, no plano político, se admitiu a possível existência de até 200.000 jovens
que não se tivessem recenseado. A soma equívoca vem daí.
Agora, com os meios à
disposição e livres de maiores constrangimentos, esperamos atingir o número
correto a apresentar no final do periodo. Estamos acima dos 35 por cento do
recenseamento.
As equipas técnicas
assimilaram as novas tecnologias de registo, superararm as dificuldades
iniciais e atendem uma média diária – por kit – de 120 cidadãos.
Apelo finalmente à
compreensão geral para este processo inédito, porque a Guiné-Bissau está a criar
pela primeira vez o seu banco de dados, graças ao apoio de Timor-Leste, que
apareceu para nos salvar, para nos permitir fazer eleições transparentes e
credíveis. E o meu obrigado vai também para a Nigéria e para a CEDEAO. Queremos
sair da presente situação de uma vez por todas.
Sem comentários :
Enviar um comentário
COMENTÁRIOS
Atenção: este é um espaço público e moderado. Não forneça os seus dados pessoais (como telefone ou morada) nem utilize linguagem imprópria.